A Endesa anunciou ontem, 24 de novembro, o seu plano estratégico 2024-2026 e aponta a um investimento de 8,9 mil milhões até 2026 para crescer na eletrificação limpa.
De acordo com a elétrica, a empresa enfrenta o contexto de inflação e aumento dos custos financeiros com uma redefinição das suas prioridades: o investimento nas redes está ligado aos novos parâmetros regulatórios e trabalhará com parceiros para desenvolver projetos nas energias renováveis.
De acordo com a empresa o desempenho será orientado por três pilares estratégicos: rentabilidade, flexibilidade e resiliência para definir o destino do investimento; eficiência operacional, com maior controlo de custos e maximização da geração de caixa; e sustentabilidade financeira e ambiental.
Do ponto de vista financeiro a Endesa prevê um resultado líquido ordinário de 2.200-2.300 milhões de euros em 2026, com um ebitda de 5.600-5.900 milhões de euros, e um dividendo de 1,5 euros nesse ano. Prolonga o ratio “pay out” de 70% por mais um ano e oferece um dividendo mínimo garantido de 1 euro para a totalidade do plano.
De acordo com a elétrica espanhola o investimento em energias renováveis mantém-se estável em 4,3 mil milhões de euros, para atingir 13 900 MW de potência renovável no final do plano e, assim, alcançar 93% da produção sem emissões na Península Ibérica. Uma maior aposta na energia eólica, que absorverá 1.600MW (contra 2.000MW do solar), e os projetos de repotenciação eólica e hidroelétrica são as principais novidades em relação ao plano anterior.
Ainda na mesma informação a Endesa revela que os três projetos estratégicos mais importantes neste domínio são os projetos de transição justa de Andorra (Teruel), Pego (Portugal) e Galiza. A Transição Justa em Andorra implica um investimento de 1,7 milhões de euros e estará operacional em 2026/2027. Já no Pego o investimento previsto é agora de 700 milhões de euros e estará operacional em 2026. A empresa tem ainda um terceiro investimento na Galiza num conjunto de parques eólicos com um total de 800MW e um investimento de cerca de 1.000 milhões de euros, que estarão operacionais em 2025. “Trata-se de projetos de transição energética financeiramente sustentáveis, em que procuramos oportunidades de emprego para os trabalhadores afetados pelas atividades que cessam, apoiando-os com formação e desenvolvendo economicamente a zona com novas atividades económicas sustentáveis para o futuro”, explica a empresa em comunicado.
Em 26 de março, a elétrica anunciou que, através da sua filial Endesa Generación Portugal, venceu o concurso de transição justa do Pego com um "projeto que combina a hibridização de fontes renováveis e o seu armazenamento naquela que será a maior bateria da Europa, com iniciativas de desenvolvimento social e económico”.
Na nota então divulgada, a Endesa detalhou que “recebeu um direito de ligação à Rede Elétrica de Serviço Público (RESP) de 224 MVA [MegavoltAmpere] para instalar 365 MWp [megawatts-pico] de energia solar, 264 MW de energia eólica com armazenamento integrado de 168,6 MW e um eletrolisador de 500 kW [quilowatts] para a produção de hidrogénio verde”, na região de Abrantes, em projeto que tem entrada em funcionamento anunciado para 2025.
Este ano a Endesa anunciou a abertura de escritórios em Abrantes assim como a mudança da sede da Endesa Generación Portugal de Oeiras para o concelho de Abrantes.
O Plano Global de Formação, que a Endesa tem vindo a implementar desde março deste ano, dá agora origem à Escola Rural de Energia Sustentável que prevê mais de 5 000 horas de formação durante os próximos três anos, relacionadas com a atividade que será gerada pelas centrais de energias renováveis. Tem um investimento de um milhão de euros, contará com mais de 1 300 beneficiários, e favorecerá os residentes, os desempregados e as mulheres na região, como nos explicou Ana Patrícia Carreto, responsável de Criação de Valor Partilhado e Projetos de Sustentabilidade da Endesa Generación Portugal. Ana Patrícia Carreto adiantou que os cursos já estão disponíveis e abertos a qualquer pessoa.
A central a carvão instalada na freguesia do Pego, em Abrantes, encerrou em 30 de novembro de 2021, tendo o Governo decidido abrir um concurso para a reconversão daquele equipamento e ao qual concorreram seis empresas.