A Vidrorei – Sociedade Transformadora de Vidros e Espelhos está instalada na Zona Industrial de Vila de Rei. “Começou com cinco sócios. Trabalhávamos todos na mesma empresa [já no ramo do vidro] e, em 1995, decidimos todos sair”, começa por contar Carlos Pereira, o administrador da VidroRei. “Neste momento, estou sozinho. Uns reformaram-se, outros quiseram vender e agora sou só eu, como era o mais novo…”
Carlos Pereira tem 55 anos e é natural de Tomar. “A ideia de virmos para Vila de Rei foi fugir a uma zona onde havia algumas vidreiras e estarmos num sítio central. Foi a localização que nos trouxe até Vila de Rei pois estamos perto de Abrantes, estamos perto da Sertã, estamos no centro”.
A VidroRei foi criada em 1995 “mas eu comecei no ramo do vidro em 1982”. A empresa trabalha em tudo o que seja vidro, “só vidro. Não trabalhamos em caixilharias nem nada disso, só fornecemos os caixilheiros de alumínio. Fazemos montagens de divisórias, espelhos, decoração… e depois temos o fabrico de vidro duplo, com o produto certificado, que é sempre uma mais-valia e é o grosso do nosso trabalho”.
Para além da fábrica, “também temos uma loja na Sertã, com venda direta ao público”.
“Os nossos principais clientes são os serralheiros de alumínio, que são quem consome a maior parte do vidro. Depois fazemos o processo todo até ao cliente final, desde a pessoa que quer um resguardo de banheiro ou um espelho…” Carlos Pereira explica que o produto que fabrica fica quase todo no mercado nacional. Contudo, “sei que vendemos alguma coisa para fora. Muitas vezes para os serralheiros, que eles é mandam os vidros já encaixilhados. Isto no que se refere ao vidro duplo. Sem ser o vidro duplo, sim, fornecemos algumas coisas. Andámos recentemente numa obra na Alemanha”. Para além da Alemanha, também fornecem algum produto para França.
Quanto ao vidro que utilizam, esse também tem que vir de fora porque “infelizmente, não há vidro nacional”, revela. O vidro vem “de Espanha, da França, da Bélgica, da Holanda… menos de Portugal. Todo o vidro que está em Portugal não se fabrica cá”, lamenta Carlos Pereira que conta que, “apesar de não ter a certeza do que vou dizer, já me garantiram que os produtos de maior qualidade, o vidro melhor, vem buscar a matéria-prima aqui à Marinha Grande. Portanto, nós temos a matéria-prima mas não fabricamos. Cá, só se transforma”.
A Vidro Rei conta com 19 trabalhadores, tem um volume de faturação anual “à volta de 1 ME” e tem por onde crescer. Pelo menos, é essa a intenção de Carlos Pereira. “Quero crescer mais um bocadinho. Vamos ampliar as instalações porque o espaço já é pequeno e está todo ocupado. Para além de ganharmos melhores condições, também tenho aí outras perspetivas”. Carlos Pereira adquiriu o pavilhão ao lado da VidroRei e é para lá que vai expandir.
A aposta na qualificação também é fator importante na empresa. “Os funcionários que trabalham aqui, são todos formados aqui” pois, como explica, “quando começámos, os cinco sócios, já todos tínhamos experiência. Então, nunca colocámos ninguém que já estivesse relacionado com o ramo. As pessoas vêm para cá, aprendem aqui e vão ficando”. Todos os funcionários são do concelho de Vila de Rei, sendo esta uma das empresas com um maior número de colaboradores.
Quanto à mão-de-obra, Carlos Pereira conta que “depende das alturas. Há vezes em que é difícil e outras em que temos pessoas a virem cá oferecerem-se mas sempre se vai arranjando. Mão-de-obra qualificada é que não há. Somos nós que os formamos”.
Segundo o site da empresa, a VidroRei possui um conjunto de profissionais com larga e reconhecida experiência no sector do vidro.
Com a aposta na ampliação, vai surgir a oportunidade de criar “mais dois ou três postos de trabalho”, é a pretensão de Carlos Pereira.
O fator interioridade, apesar de ter sido essa a aposta inicial, “tem um senão”. Carlos Pereira revela que “fazemos muitos quilómetros. Por mês, gastamos na ordem dos 900 a 1000 litros de gasóleo porque somos nós que fazemos as entregas visto ser um produto que não podemos mandar por uma transportadora. Temos sempre que nos deslocarmos para trabalhar até porque é tudo para fora. Aqui, em Vila de Rei, nem sei se chega a 1% do nosso negócio”. A VidroRei atua numa área de cerca de 200 quilómetros a partir de Vila de Rei. “Chegamos a Lisboa, Coimbra, Castelo Branco, Portalegre... basicamente os distritos à nossa volta”.
As novas tecnologias também são alvo de atenção pois a VidroRei “investe e continua a investir em novas tecnologias. Atualmente possui uma estrutura caracterizada pela capacidade de produção e competências”, pode ler-se na página da empresa na internet.
“Vão sempre surgindo novas formas de transformar, o nosso corte é, basicamente, todo automático”, explica Carlos Pereira.
A empresa e o ramo de negócio tem, ao que tudo indica, o futuro assegurado. “Já tenho os meus dois filhos a trabalhar aqui para ver se tomam o rumo disto, se quiserem, claro”, conclui Carlos Pereira.
Patrícia Seixas