A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Centro organizou em Abrantes, numa das naves que vai ser uma aceleradora de empresas, no TagusValley, uma sessão de divulgação do próximo aviso do Fundo para uma Transição Justa (FTJ).
Esta iniciativa teve como principal objetivo apresentar um aviso de concurso destinado a grandes empresas. Normalmente estes programas são destinados a Pequenas e Médias Empresas (PME), mas neste caso este novo aviso será destinado a grandes empresas e é lançado no âmbito da execução do Fundo para uma Transição Justa e do Programa Regional Centro 2030, disponível para o território do Médio Tejo, na sequência do encerramento da Central termoelétrica a carvão do Pego.
De notar que houve já um primeiro aviso que está numa fase de análise e avaliação das empresas que se apresentaram a concurso em todo o Médio Tejo. É um processo que deverá está concluído em breve.
Com esta sessão a CCDR pretendeu ainda promover dinâmicas de colaboração e de exploração de novas oportunidades de investimento com base em processos de inovação sustentável no Médio Tejo, juntando representantes de empresas, entidades de interface, municípios e outros agentes relevantes que possam contribuir para a discussão sobre o desenvolvimento futuro desta sub-região.
Ou seja, esta entidade que gere o FTJ veio apresentar o programa e, ao mesmo tempo, perceber eventuais intenções de operadores poderem vir a investir nesta região. E os investimentos não terão de ser, obrigatoriamente, em áreas ligadas à energia ou energias renováveis. Ao que tudo indica e segundo Miguel Pombeiro, secretário executivo da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, há todas as condições para esta região poder operar um cluster na área do hidrogénio verde, mas há muito mais para além das energias. Este aviso para as grandes empresas aponta à inovação. E pode ser uma oportunidade para o desenvolvimento deste território, uma vez que, modo geral, as grandes empresas costumam estar fora deste tipo de apoios.
Jorge Brandão, membro da Comissão Diretiva do Programa Operacional Regional do Centro, explicou à Antena Livre que o FTJ está aprovado para esta região e tem como objetivo a diversificação da atividade económica no Médio Tejo, para compensar o território pelo encerramento da central a carvão no Pego. “Temos consciência que não basta ter as dotações [financeiras] dispoíveis. É preciso criar dinâmicas nos territórios, juntar as pessoas, empresas, entidades públicas, refletir sobre que apostas é que são relevantes (...) e a partir de aí lançar os avisos.”
Jorge Brandão revelou que está a ser feita uma transição das candidaturas feitas no contexto do Pt2020 para o Pt2030 para permitir que as mesmas sejam executadas e que agora está a ser preparado o aviso apenas para grandes empresas. O próximo aviso é para inovação produtiva, não exclusivamente na energia. De acordo com este responsável pode ser nas áreas tecnológicas, mas que sejam grandes apostas.
Jorge Brandão indicou ainda que está a ser preparado um outro aviso exclusivamente destinado à área das energias renováveis.
Já Miguel Pombeiro disse que a CIMT aproveitou a ocasião para apresentar todas as áreas de negócio do Médio Tejo, à parte daquilo que é o FTJ.
Jorge Brandão, CCDR Centro
Por outro lado, o secretário executivo da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo referiu que espera que este fundo não seja uma mera substituição de outros fundos disponíveis, pois o que se espera é que seja um fundo que venha adicionar diferença de todos os outros que já existem em todos os territórios.
Neste momento “passamos a ter uma vantagem competitiva de termos um incentivo para as empresas não PME” indicou Miguel Pombeiro, destacando ainda que é abrangente e vai estar aberto até ao final do ano.
E outro dos indicadores muito positivos desta reunião que aconteceu no Tagusvalley foi o facto de a própria autoridade de gestão ter admitido, a seu tempo, a possibilidade de reabrir a discussão do próprio plano.
Há também a intenção de que os próximos planos tenham em conta a realidade e as reais necessidades do território.
Miguel Pombeiro indicou ainda que, na área das energias renováveis [onde se inclui o hidrogénio verde] Abrantes é uma zona livre tecnológica e “esperamos que em setembro haja mais novidades nessa área.”
Pode haver, ao abrigo deste dispositivo, investigação e investimento nestas áreas no concelho e “onde podemos associar aqui vários fundos e fazer com que possamos, efetivamente, passar para uma verdadeira transição justa.”
Miguel Pombeiro, CIMT
Manuel Jorge Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes, indicou que esta foi uma jornada de trabalho mais alargada com empresas e outras entidades. Foi um encontro em que se iniciou “uma conversa para captação de interesse para a região do Médio Tejo.” E o autarca revelou que o aviso que vai ser lançado destina-se a projetos que podem ter valores na ordem dos 25 Milhões de Euros em elegibilidade.
O FTJ foi o instrumento financeiro criado para mitigar o encerramento da central a carvão, mas é destinado ao Médio Tejo.
“Ficamos com a ideia de que temos uma região competitiva (...) em que a água, a economia verde e a qualidade de vida são marcas da nossa região”, referiu adiantando que foi uma jornada muito interessante.
Manuel Jorge Valamatos, CM Abrantes
A sessão teve duas partes distintas. De manhã foram apresentadas as prioridades regionais e o aviso de concurso para grandes empresas e a apresentação de oportunidades nos setores industriais mais relevantes do Médio
Tejo. Da parte da tarde foi feita uma reflexão sobre os resultados das sessões da manhã, com discussão sobre os próximos passos para o processo de transição do Médio Tejo, além dos Avisos de Concurso.