“Gestão e Estratégia - Como reposicionar a minha empresa?” foi o tema do primeiro webinar do ciclo de sessões práticas online que a NERSANT realizou sobre o tema "Novos paradigmas nas empresas". Com estas sessões práticas online, a NERSANT debateu as perspetivas futuras (estratégia, segurança, económicas, sociológicas), e promoveu a reflexão relativamente aos novos desafios, os constrangimentos e os reptos para o futuro, que se colocam às empresas.
Sessão online sobre Gestão e Estratégia com Pedro Sousa Santos: “Falta de pensamento estratégico leva as empresas ao desnorte”
O webinar sobre “Gestão e Estratégia”, realizou-se na sexta-feira, 29 de maio, e teve como orador Pedro de Sousa Santos, doutorando em Ciências da Comunicação com especialização em estratégia organizacional na Universidade Católica Portuguesa de Lisboa, Mestre pela Universidade Lusíada de Lisboa em "Marketing das Cidades e dos Municípios", consultor e formador em gestão, estratégia, internacionalização e marketing estratégico.
Neste webinar, Pedro de Sousa Santos propôs uma reflexão sobre a necessidade de reposicionar a empresa perante a situação de crise pandémica que vivemos. Salienta que o ponto de partida é sempre o diagnóstico sobre a realidade da empresa, colocando a nós próprios um conjunto de questões que qualquer empresário deve colocar: Será que conheço realmente a minha empresa? Como devo fazer formalmente o planeamento estratégico? Porque é importante definir objetivos estratégicos? O que nos dizem os indicadores financeiros da empresa? São os indicadores financeiros relevantes para a tomada de decisões? Como é que a estratégia nos ajuda a ser mais eficientes?
Um conjunto de questões cujas respostas, no entender de Pedro Sousa Santos, nos devem deixar insatisfeitos e conduzir a um processo de reposicionamento da empresa.
Pedro Sousa Santos refere que “a falta de pensamento estratégico leva as empresas ao desnorte”.
O orador salienta a importância do trabalho colaborativo para a gestão estratégica. Considera crucial a capacidade de criar uma cultura de trabalho colaborativo que permita otimizar sinergias e alianças pessoais e institucionais. Defende igualmente a importância de criar redes próprias de pensamento estratégico, a exemplo dos think tanks, com o envolvimento de atores regionais, criativos, inovadores…
Como parte da estratégica pós-Covid-19, o orador refere a importância de reunir e divergir, tirando partido das competências internas e externas, públicas e privadas, dos agentes económicos relevantes, otimizar a complementaridade e a promover alianças e parcerias estratégicas em redor de projetos de desenvolvimento concretos e estruturantes, dirigidos à criação de valor.
No final, o orador salientou a importância do apoio de consultores especializados, como os que são disponibilizados às empresas pelo programa MOVE PME que está a ser implementado pela NERSANT. Este apoio de consultoria destina-se a ajudar a empresa a iniciar o processo de planeamento estratégico e depois deixam competências na empresa para que possa continuar o seu planeamento estratégico, processo que hoje em dia obriga a uma constante atualização. Através do programa de consultoria MOVE PME podem beneficiar também de uma série de ferramentas de apoio à gestão.
Sessão online – Internacionalização: como preparar a minha empresa e reforçar a aposta?
O webinar realizou-se esta segunda-feira, dia 1 de junho, e teve como orador Pedro de Sousa Santos, doutorando em Ciências da Comunicação com especialização em estratégia organizacional na Universidade Católica Portuguesa de Lisboa, Mestre pela Universidade Lusíada de Lisboa em "Marketing das Cidades e dos Municípios", consultor e formador em gestão, estratégia, internacionalização e marketing estratégico.
Pedro Sousa Santos afirma que “o isolamento e distanciamento social imposto pela pandemia do novo coronavírus poderão ter um efeito duradouro no mundo, e embora não saibamos ainda o que vai acontecer, sabemos que a espécie humana é muito adaptável”. Perante, estas mudanças em curso, o especialista deu a conhecer o “novo conceito the low touch economy – a economia de baixo toque humano, que poderá impor-se no mundo pós-covid-19”.
“Ultrapassar as dificuldades nesta fase da crise é a chave – as empresas têm de se adaptar e mudar de estratégia, se necessário”, defende Pedro Santos. “Devemos estar muito atentos à situação dos países e procurar alternativas”, afirma o especialista, considerando a grande instabilidade política, social e económica verificada atualmente em mercados como os Estados Unidos e a América do Sul que estão a braços com uma crise crescente.
“Se necessário é preciso fazer uma desinternacionalização, ou seja, voltar atrás. Por vezes, temos de parar um processo de internacionalização num determinado mercado e procurar mercados alternativos na Europa e na Ásia que estão atualmente em situação mais controlada e oferecem alternativas mais atrativas e viáveis”. Para o orador, “as empresas têm de se adaptar e mudar se necessário”.
Pedro Sousa Santos considera que “nesta crise algumas empresas irão prosperar, pois a mudança cria oportunidades; outras terão de se esforçar mais para encontrar os mercados e os clientes certos, e assim criarem uma nova base de sustentabilidade financeira nesta nova economia de baixo toque humano que vamos ter no mundo pós-covid-19”.
O consultor salienta a importância de Portugal reforçar a componente da internacionalização. “Portugal como nação tem provado ao longo dos séculos que consegue ultrapassar os obstáculos, não se resigna”. Neste novo contexto, as empresas devem apostar nos novos conceitos de gestão. O orador considera que a cultura de teletrabalho vai ter uma maior importância no futuro. Pedro Sousa Santos entende que é preciso “redefinir as apostas do desígnio nacional e das empresas, afirmando Portugal como uma nação que inova na fórmula de atrair novos segmentos e mercados, reforçando a nova visão de vivermos o bem estar, o turismo da saúde, a qualidade de vida, nas várias dimensões da alimentação à saúde, como novas prioridades para a humanidade”.
O orador considera essencial o “reforço das sinergias que se podem criar nas parcerias entre as empresas, os municípios e as universidades, e a dinâmica de valor humano para nos tornarmos mais fortes e competitivos no mercado internacional”.
Pedro Sousa Santos defende que quando se inicia um processo de internacionalização é necessário afinar todas as dimensões da gestão na empresa, dedicando especial atenção à comunicação estratégica. “Ter um website ou uma loja online não é suficiente no processo de internacionalização, é necessário dar especial atenção à comunicação que é um instrumento essencial de suporte ao processo de internacionalização”.
Para Pedro Sousa Santos, no processo de internacionalização, a comunicação deve estar centrada nos parceiros do país, na cultura local, e deverá ser focada na persona, no público-alvo a que nos dirigimos”.
Para o especialista, “é fundamental o conhecimento aprofundado do mercado e temos de aprender com os clientes e relacionarmo-nos de uma forma transparente”. Defende que a abordagem do mercado deve apoiar-se num trabalho de parceria e colaborativo com outros parceiros estratégicos, de forma a criar mais condições para o sucesso do que num esforço individual.
De salientar que a NERSANT tem apostado fortemente no apoio às empresas no processo de internacionalização dos negócios. A Associação oferece um conjunto de apoios às empresas, desde o diagnóstico inicial, à identificação de oportunidades concretas, até à elaboração do plano de internacionalização e depois à sua concretização, com assistência técnica para implementação de visitas de prospeção e de captação de novos clientes em mercados externos; visitas de prospeção a feiras internacionais; e convites a importadores para conhecimento da oferta.
Sendo uma das principais prioridades da NERSANT apoiar as empresas nos seus processos de exportação, a Associação Empresarial oferece um conjunto integrado de ações de apoio à internacionalização no decorrer de 2020.
“Gestão da Qualidade - Qual a importância da Qualidade, do Ambiente, da Segurança no Trabalho e da Segurança Alimentar na atualidade?”
Esta questão serviu de ponto de partida para o webinar realizado esta terça-feira, com a participação de duas especialistas que deixaram bem vincada a ideia de que “a certificação da qualidade é um caminho da maior importância para as empresas conquistarem a confiança dos clientes e consumidores neste momento em que a economia está a retomar a atividade”.
Dulce Rita, Engenheira Alimentar, consultora e formadora nas áreas da Qualidade, Segurança Alimentar, Segurança e Saúde no Trabalho e Técnica Superior de Segurança no Trabalho, abriu esta sessão online com a ideia-chave de que no contexto atual pós-covid-19 os clientes e consumidores vão procurar cada vez mais as empresas que inspirem confiança. E a certificação num dos quatro sistemas de Qualidade, de Segurança alimentar, de Segurança e Saúde no Trabalho e de Ambiente é um caminho do maior interesse para as empresas conquistarem a confiança de clientes e consumidores.
“Só sobrevive aquele que se adapta às mudanças”
Recorrendo à teoria da evolução das espécies de Charles Darwin, segundo a qual “sobrevive aquele que melhor se adapta às mudanças”, Dulce Rita considera muito importante que as empresas se preparem para as novas exigências que venham a existir, no contexto pós covid-19.
Entre os diversos sistemas, a consultora centrou a intervenção na norma ISO 9001, o Sistema de Certificação da Qualidade mais conhecido e que desde 1987 já beneficiou de 5 revisões. “Atualmente é um sistema que permite melhorar o desempenho das organizações, com o foco na satisfação do cliente, na redução de custos, na análise de riscos e oportunidades da organização, no acesso a novos mercados, e que pode ser implementado em todos os setores de atividade”, afirma. Após a última revisão, a ISO 9001 passou a ser mais facilmente integrada com outras normas de certificação, com uma forte orientação para o cliente, com foco no resultado e na melhoria contínua. Dulce Rita salienta que esta norma passou a ter uma implementação mais simplificada, com menos documentação.
A consultora abordou igualmente o Sistema de Gestão da Segurança Alimentar ISO 22000 que vem ao encontro das crescentes preocupações e exigências dos consumidores. Esta norma aplica-se a todos os setores da cadeia alimentar, desde o prado até ao prato, incluindo o setor das embalagens, com o foco na segurança alimentar em todas as etapas da cadeia de fornecimento. Sublinhou os benefícios que a implementação da ISO 22000 tem para as empresas ao nível da otimização da gestão de recursos, da eficiência da produção alimentar segura, no aumento da confiança de clientes e consumidores, na abertura de novos negócios e na melhoria da imagem da empresa. Questões que assumem a maior importância neste contexto de pandemia, sendo que “não há qualquer evidência científica de que a covid-19 possa ser transmitida através dos alimentos”.
Ambiente, Saúde e Segurança no Trabalho são áreas com forte impacto da Covid-19
Por seu lado, a segunda oradora da sessão, Susana Monteiro falou dos sistemas de Gestão da Qualidade Ambiental e da Segurança e Saúde no Trabalho. Susana Monteiro é Engenheira Química do Ramo Ambiente e Qualidade, consultora, formadora e auditora nas áreas da Qualidade, Segurança Alimentar, SST, e Ambiente, Técnica Superior Segurança no Trabalho e auditora externa para entidade certificadora. Começou por abordar o Sistema de Gestão do Ambiente NP EN ISO 14001: 2015, que tem como objetivo promover os princípios de gestão ambiental eficiente e pode ser integrado com outros sistemas de gestão da Qualidade.
A oradora salientou que a pandemia da Covid-19 trouxe consequências ambientais positivas, nomeadamente numa redução de 7% das emissões de gases com efeito estufa. Na retoma da atividade, Susana Monteiro defende que as empresas podem investir numa redução do impacto da sua atividade no ambiente. “A implementação do sistema de qualidade de Ambiente não representa um aumento de custos, mas permite o acesso a novos mercados, com a redução de riscos e impactos ambientais e uma melhor imagem pública da empresa”, afirma. Segundo a oradora este sistema de gestão da qualidade do Ambiente coloca o enfase na sustentabilidade, na qualidade dos produtos, com o uso racional e sustentável dos recursos naturais, com redução de consumos e uma gestão de resíduos eficiente. “Ao contrário do que se pensa, a implementação do sistema de gestão da qualidade não reduz a produtividade da empresa, mas até permite uma redução dos custos, através da reutilização, reciclagem e eficiência energética, e traz um retorno com o acesso a novos clientes e mercados onde a consciência ambiental é cada vez mais acentuada”, diz a oradora. Neste processo, salienta a importância da introdução do conceito de economia circular, através do uso de energias renováveis, de matérias primas biodegradáveis, entre outras medidas.
Susana Monteiro falou igualmente da norma 45001:2019 – Sistema de Gestão da segurança e Saúde no Trabalho. Uma área em que a pandemia da Covid-19 tem um impacto muito significativo e que beneficiou de mudanças com a nova legislação e orientações para as organizações e empresas. Este sistema tem como objetivos a criação de condições de trabalho seguras e saudáveis, prevenir lesões e danos na saúde, melhorar o desempenho na segurança e saúde no trabalho. Como principais benefícios, este sistema promove a proteção dos trabalhadores, reduz os riscos no trabalho, reduz os custos com acidentes e baixas e aumenta a produtividade.
Houve ainda tempo para as oradoras responderem a algumas questões. Qualquer empresa está preparada para implementar um sistema de gestão da qualidade? Como deve escolher o normativo da certificação? “A norma 9001 aplica-se a qualquer empresa seja qual for a sua atividade ou dimensão. No entanto, deve estar motivada para um processo que exige o envolvimento de todos na organização”, afirma Dulce Rita. Normalmente, “é na fase inicial de diagnóstico que os consultores avaliam as necessidades da empresa e identificam o sistema de gestão que poderá trazer mais valias à organização”.
A implementação de um sistema de qualidade implica a alteração dos procedimentos da empresa? “Há empresas que efetivamente têm de se adaptar aos requisitos da certificação. Mas também procuramos adaptar a norma de certificação à empresa, respeitando a sua cultura e organização próprias”, afirma Susana Monteiro. Nesse sentido, refere que, por exemplo “a ISO 9001 é como um guia de boas práticas, para melhorar a organização, sendo que o processo de certificação está atualmente mais ficado nas práticas e na melhoria contínua do que na documentação”.