Um bolo é um bolo. É doce e pode ser maior ou mais pequeno, ser mais doce ou menos doce, mas na sua génese acaba por ser um bolo. Depois pode ter tradicional ou moderno e pode ter muitos formatos.
Mas um bolo de autor pode ser uma obra de arte e ser uma peça única para um momento especial. Um evento, um aniversário ou, principalmente, um casamento. E é isso mesmo que a chef Gabriela Pinto pretende com a Patisserie Mon Sucré que abriu portas em Abrantes.
O espaço não é de uma cozinha enorme ou industrial, mas tem tudo o que Gabriela precisa para criar. E depois tem uma coisa que sempre quis: vidro. Ou seja, quem passar na Rua da Indústria, no espaço do Meu Escritório, pode agora ver também a Mon Sucré e, se passar perto dos vidros, pode ver no interior a chef Gabriela Pinto a criar as suas obras de arte, comestíveis.
Gabriela Pinto licenciou-se em Comunicação Social, mas a paixão pela pastelaria levou-a enveredar por essa via primeiro na Escola de Confeitaria Diego Lozano, no Brasil, e depois na Chocolat Academy Callebaut. Acabou por fazer a especialização em Cake Design e Confeitaria Francesa na École Lenôtre, em França.
Teve uma confeitaria em São Paulo, mas acabou por aterrar em Abrantes e numa parceria com Paulo Mendes, criou a sua cozinha no espaço Mercado do Escritório, na Rua da Indústria, em Alferrarede.
Gabriela Pinto começou por explicar a sua formação nas artes da doçaria, nomeadamente em confeitaria francesa com o foco na criação. “Gosto muito de ir buscar coisas novas, de testar materiais novos. Na exposição há materiais que estão nos bolos que a maioria das pessoas acredita que não são comestíveis, mas são. Tudo nos bolos é comestível.”
A chef explicou ainda que a formação de base que teve em gastronomia apontou a cozinha molecular e isso deu-lhe as condições para poder apostar nesta linha de criatividade na confeitaria.
A Mon Sucré aponta como foco a criação e produção de bolos, mas para eventos. E o casamento é sempre um dos principais eventos de uma vida. “Este foco é eu conseguir parte de um momento especial na vida de alguém, de conseguir trazer lembranças para que a pessoa se lembre sempre de nós”, revelou a Chef.
O processo de encomenda de um bolo é simples, mas complexo. Quando chega, por exemplo, um casal de noivos na maioria das vezes já sabe o que quer. “Eu não copio referência nenhuma porque não abro mão da parte criativa do meu trabalho”, vinca Gabriela Pinto ao mesmo tempo que explica que na conversa faz muitas perguntas “porque a ideia é criar um bolo exclusivo que ninguém mais vai ter igual.”
Na conversa os noivos passam todas as referências e gostos e “eu pergunto tudo, mesmo algumas coisas que eles até questionam que há perguntas que não têm a ver com o bolo. Pode não parecer, mas no final, tudo tem a ver com o bolo.”
Gabriela Pinto explica que a seguir avança o processo criativo, onde desenha os bolos e envia o esboço para os clientes aprovarem. E quando se olha para a exposição vê-se o bolo e o desenho ao lado. E a pergunta tinha de ser feita. Para lá de Chef, Gabriela Pinto também sabe desenhar. Com alguns risos, a chef brasileira responde que sim, que enquanto jovem desenhou muito a carvão e revela que nessa altura nunca pensou que essa veia de artista viria a ajudá-la na vida de confeitaria.
Quando são bolos mais complexos passam sempre por um protótipo porque “nem sempre as coisas saem como as idealizo.”
Quanto ao tempo que demora uma encomenda, Gabriela Pinto diz que, depois da primeira reunião, há um período de 15 a 20 dias até ao protótipo que leva cerca de uma semana e, no final, o bolo pode demorar 12 a 15 horas a ser elaborado. E muito importante saber para quantas pessoas de destina o bolo.
Já as expetativas da Chef são grandes porque “sinto que as pessoas aqui estão muito abertas a coisas novas e o facto de ser algo diferente tem mercado. Acho que há mercado para todos”, concluiu a chef que se especializou em cake design.
Chef Gabriela Pinto
A “Quintessência” foi uma “ideia que tivemos para a inauguração da Mon Sucré. É uma exposição para inaugurar a Mon Sucré. O espaço já existia, mas era fechado e surgiu a ideia de fazer uma exposição para mostrar o meu trabalho”, explicou Gabriela Pinto. Quanto ao nome “Quintessência”, tem muito a ver daquilo que são os elementos de tudo, “então seria um quinto elemento que representasse a perfeição da natureza.”
Na abertura da Mon Sucré e da exposição foram servidos uns macarons, feitos pela chef, acompanhados por um vinho branco Casal da Coelheira, com quem a confeitaria tem já uma parceria. Nuno Falcão Rodrigues, da Casal da Coelheira, disse ser também um desafio para a empresa. Uma parceira doces com vinhos.
No espaço Mercado do Escritório a Patisserie Mon Sucré, da chef Gabriela Pinto, tem patente uma exposição “Quintessência”. São os desenhos que Gabriela Pinto faz, antes de meter as mãos na massa e fazer o bolo. E ali pode ver desenho e bolo.
Cada bolo é uma peça única, feita à medida de cada cliente. Antes do bolo há um desenho e antes do desenho existe uma reunião, ou mais, com o cliente. Afinal há muitas perguntas a fazer para a chef perceber qual a ideia, qual o motivo para o bolo do evento.
Galeria de Imagens