Os trabalhadores da empresa Silicalia Portugal - Indústria e Comércio de Aglomerados de Pedra, S.A., localizada na zona industrial do Pego, concelho de Abrantes, vão entrar em greve.
Segundo António Costa, do STCCMCS/CGTP-IN - Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Cerâmica, Cimentos e Similares, Construção, Madeiras, Mármores e Cortiças do Sul e RA, trata-se de uma greve de 24 horas que vai ter início às 22 horas desta quarta-feira, 8 de fevereiro, e termina às 22 horas de dia 9 de fevereiro.
“Esta greve vem na sequência do caderno reivindicativo apresentado à empresa” que em nada atendeu, segundo o Sindicato. No caderno das reivindicações, consta “o aumento de um mínimo de 150 euros nos salários de todos os trabalhadores que não foi atendido. Foi pedido à empresa um seguro de saúde para todos os trabalhadores, que também não foi atendido porque disseram não ter condições. O aumento do subsídio de alimentação também... Tudo o que foi pedido pelos trabalhadores, a tudo foi dado nega”, disse António Costa.
Estas reivindicações dos trabalhadores “já vêm a acontecer nos últimos três/ quatro anos e desta vez os trabalhadores decidiram que já chega”.
Ao nível dos salários, os trabalhadores da Silicalia “foram praticamente todos apanhados pelo salário mínimo... pessoas que estão há 20 anos na empresa”. António Costa denuncia ainda que “foram retirados subsídios de turno a trabalhadores que pediram para ter horário flexível, por exemplo, por terem filhos gémeos. A empresa manteve o subsídio de turno e deu o horário flexível mas ao fim de um ano, resolveu retirar o subsídio de turno sem qualquer comunicação prévia”.
Em 2016, uma denúncia dava conta de problemas a que um número elevado de trabalhadores estava exposto, devido ao elevado risco de problemas respiratórios e pulmonares e a associação ambientalista Quercus apresentava junto do Ministério do Ambiente uma denúncia contra a fábrica Silicalia por alegadas descargas ilegais contínuas de resíduos no solo e numa ribeira. Questionado sobre as condições de trabalho na empresa, António Costa confirmou que “apesar de ainda existir muito por onde melhorar, as condições estão melhores”.
A horas do início da greve, o STCCMCS/CGTP-IN tem indicação de que um número aproximado de 80% dos trabalhadores irão aderir à paralisação, num total de 175 trabalhadores da empresa.
Para já, apenas está programada esta forma de luta mas o Sindicato “vai ficar à espera de qual será a resposta da empresa” que, “mesmo com o pré-aviso de greve não se manifestou nem pediu qualquer esclarecimento junto do Sindicato”. Contudo, adianta António Costa, a empresa “dirigiu-se aos trabalhadores dizendo que estavam com falta de encomendas e que os prejuízos iriam ser avultados, mas o conhecimento que nós temos é que a empresa teve lucros, no último ano, a rondar o 1 milhão e 425 mil euros”.