A EPDRA – Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes está a comemorar 30 anos de existência.
Em 1989 foi criada a Escola Profissional de Agricultura de Abrantes e foi a primeira escola profissional agrícola de natureza pública a ser criada em Portugal. A Escola iniciou a sua atividade no ano letivo 1989/1990 com uma turma de 20 alunos do ensino profissional do curso Técnico de Gestão Agrícola que “chegaram à Herdade num autocarro da Câmara e perguntaram onde era escola. A escola é aqui!”, recordou João Quinas, o diretor da EPDRA.
Mas foi a 21 de março de 1990 que dois ministros fizeram a inauguração oficial da escola. Na altura, Roberto Carneiro, ministro da Educação, e Arlindo Cunha, ministro da Agricultura.
“Estamos atentos” - Manuel Jorge Valamatos
Passados 30 anos, é hora de olhar para o futuro, nas palavras do presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos.
“O que é verdade é que as coisas foram andando ao longo destes 30 anos, com momentos melhores e outros mais difíceis, mas quem está por dentro percebe o trabalho que aqui foi feito. Aliás, todo este património, toda esta gestão e organização do próprio espaço, não era possível sem muita dedicação e sem muito trabalho”, disse o autarca.
No entanto, o presidente afirmou que “há esta história toda mas há um futuro à nossa frente e hoje, mais do que nunca, é nisso que temos que estar focados. Com respeito pelo passado e valorizando o que foi feito”. E quanto ao futuro, Manuel Jorge Valamatos adiantou ser “evidente que esta escola tem que sofrer algumas novas dinâmicas estruturais, fundamentalmente, para que consigamos ser mais competitivos num conceito regional e até mesmo no âmbito nacional”. Disse ainda que a captação de alunos é muito importante pois é com “a presença de alunos que fortalecemos” a escola.
Quanto ao que há a fazer, o presidente da Câmara afirmou que “este tipo de organização merece um olhar mais cirúrgico. É ir fazendo as coisas porque a dimensão de um espaço destes enquanto escola, tem que ser pensado de forma mais paulatina”, referindo-se essencialmente ao antigo Colégio de Mouriscas onde funcionam atualmente os dormitórios masculinos dos alunos.
“O Internato já melhorou a cobertura, os balneários estão arranjados, houve aqui compromissos e isso foi feito”, adiantou o autarca, lembrando que o edifício é pertença do Ministério da Educação, “domínio que muitas vezes se sobrepõe ao domínio da gestão autárquica”.
Mas recentemente a Autarquia concretizou a compra de um conjunto de terrenos “que ligam toda a propriedade e a deixa mais ordenada e organizada”, sendo que a Herdade da Murteira é pertença municipal.
“Estamos atentos. Traremos todos aqueles que têm responsabilidades na área da educação para fazermos uma escola mais forte, não apenas para 30 anos mas para muito mais”, garantiu Manuel Jorge Valamatos.
“Os jovens não se sentem muito atraídos pelo mundo rural” - João Quinas
Perceber o percurso destes 30 anos, “como se construiu” para poder projetar os próximos 30 é “o momento de olharmos um conjunto de contextos e realidades”, disse João Quinas, o diretor da EPDRA.
“A nossa escola, a nível estratégico, está bem localizada. Estamos numa região de charneira que consegue reunir influências do Ribatejo, Alentejo e Beira Baixa e isso dá-nos possibilidade de fazer algo de forma larga e abrangente. Ou seja, continuarmos a dar formação de banda larga, capaz de ir ao encontro das necessidades do mundo rural porque o mundo rural não é só agricultura nem animais nem só cavalos. Há muita coisa que o mundo rural tem e onde devemos fazer algum investimento, nomeadamente em áreas como a floresta e os recursos associados a ela”, explicou o diretor que destacou ainda a importância da água neste setor e adiantou que o mundo está a mudar e a agricultura está a mudar com ele.
Mas a EPDRA é uma escola e, como qualquer estabelecimento de ensino em Portugal, enfrenta dificuldades. E o número cada vez menor de alunos é o principal como disse João Quinas.
“A escola não se faz se não tiver alunos. Neste momento temos 187 alunos e uma escola profissional não é para ter muitos alunos. É uma escola com características muito específicas pois fazer formação numa escola profissional é em autenticidade. Aprender as coisas de uma forma continuada e para aprender fazendo, só com um número reduzido de alunos”, explicou João Quinas.
No entanto, “o problema maior da escola é a falta de atratividade para os jovens. Os jovens não se sentem muito atraídos pelo mundo rural”.
Ao longo dos anos a EPDRA tem feito parceria com muitas entidades e, segundo o diretor da escola, só assim se consegue fazer um bom trabalho. Também é com esses parceiros que as comemorações estão a ser preparadas.
Mas o que está a ser preparado para a comemoração dos 30 anos, no dia 21 de março, revelou-nos João Quinas.
Mas a conversa com João Quinas não terminou sem uma novidade. É que na passada semana, o vinho tinto EPDRA 2017, foi distinguido numa revista da especialidade.
Vinho tinto EPDRA 2017 distinguido na revista Grandes Escolhas no ano em que a escola prepara as comemorações dos 30 anos de existência com um mega piquenique na Herdade da Murteira no dia 21 de março.