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Sérgio Oliveira: “É um fim-de-semana que nos orgulha a todos”

18/04/2025 às 10:00

Estão aí as Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem / Festas do Concelho de Constância. Vive-se o fim de semana da Páscoa e a Câmara Municipal tem tudo pronto para que a época seja mais um momento de reencontro e de afirmação do concelho. Falámos sobre as festividades com o presidente da Câmara Municipal de Constância, Sérgio Oliveira.

Entrevista por Patrícia Seixas

 

O que destaca do programa das Festas de Nossa Senhora da Boa Viagem este ano?

As Festas têm sempre duas vertentes. A parte religiosa, que é a base da Festa, e desse ponto de vista temos a Procissão em Honra de Nossa Senhora da Boa Viagem, a bênção das embarcações e das viaturas na Praça. Temos depois a parte mais comercial, com um conjunto de concertos em que o critério que adotámos para a escolha dos artistas, foi de que tentasse ter uma abrangência, para chegar ao maior número de pessoas. Sabemos que uns anos se agrada mais a uns e outros anos agrada-se mais a outros, mas isso faz parte das escolhas. Em complemento a tudo isto, temos as tasquinhas, as ruas floridas, o Grande Prémio da Páscoa em Atletismo, a tarde de folclore dinamizada pelo Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Malpique. É, portanto, um conjunto de iniciativas e animação que vão tornar Constância nesses quatro dias ainda mais dinâmica.

 

Não está prevista qualquer alteração ao modelo? É para manter tal como está, agora com início na Sexta-Feira Santa?

Sim, é para manter e com início na Sexta-Feira Santa, à semelhança do que tem acontecido nos últimos anos. Tem corrido bem, com uma articulação entre a Câmara e a Paróquia, porque é um dia de muita importância para a Igreja Católica, mas o senhor padre Nuno tem feito algumas sugestões e isto é sempre colocado na rua após essa articulação. Não há grandes concertos, não há som de rua na zona alta da vila, perto da igreja... e a abertura oficial da Festas será às 18 horas, precisamente para não coincidir com algumas cerimónias que decorram durante a tarde. Tem sido possível haver essa articulação porque, na verdade, são as Festas do Concelho e toda a comunidade está envolvida na festa, incluindo a Paróquia

 

Sabendo das dificuldades de anos anteriores, como vai ser este ano no que respeita a ruas floridas?

As ruas floridas têm sido um problema nos últimos anos. Um problema porque a parte baixa da vila, apesar de nos últimos anos conhecer uma reabilitação de imóveis, são imóveis virados ou para segunda habitação ou para Alojamento Local. Há uns anos atrás, eram muitos os moradores da zona baixa da vila que ornamentavam as ruas e usavam papel ou, nos últimos anos, plástico, para as decorar. A verdade é que nos últimos tempos têm sido as associações, o Agrupamento de Escolas e as IPSS a assumir esse papel. Contudo, nós também compreendemos que as associações, à semelhança do que acontece com outras instituições, cada vez têm menos pessoas disponíveis para trabalhar e colaborar. Para além desta dificuldade, algumas associações ainda têm uma tasquinha ou um quiosque de venda de bebidas nas Festas. Mas, obviamente, a vila vai ter ruas floridas na mesma, só que grande parte é embelezada por associações e coletividades do concelho. E é preciso que todos tenhamos esta consciência.

 

A Câmara continua a comparticipar com a compra de materiais?

Sim, a Câmara compra o papel, o arame, as colas... tudo o que é necessário e depois disponibiliza às associações e a quem queira embelezar as ruas.

 

A Mostra Nacional de Artesanato e Doçaria vai contar com muitas participações? Mais do concelho ou também de fora?

Há algumas pessoas do concelho, mas a maioria vem de fora e há alguns que já vêm há alguns anos. O critério de seleção dos artesãos foi no sentido de ter uma Mostra diversificada, ou seja, não ter muitas coisas repetidas e ser o mais abrangente possível. A procura foi semelhante aos anos anteriores e, como é óbvio, não conseguimos acomodar todas as pessoas que nos procuraram.

 

Há mais procura do que oferta?

Sim, há, mas o espaço que temos para stands é aquele e não dá para inovar muito mais. Referir também que é o segundo ano consecutivo que os artesãos do concelho não pagam o stand, pois a Câmara disponibiliza o stand de forma gratuita aos que querem participar.

 

E a 17.ª Mostra de Saberes e Sabores do Concelho? Que tasquinhas vão estar por aí?

Há várias tasquinhas e os stands da doçaria tradicional da região, também em complemento daquilo que são as nossa Festas. Este ano temos menos uma tasquinha pois há uma associação que costumava ser responsável por uma e este ano não participa. Já o ano passado não o fez, mas foi substituída por outra. Este ano não há substituição e teremos três tasquinhas coordenadas por associações na tenda e uma outra no Espaço Zêzere.

 

É o movimento associativo do concelho a dar mostras de vivacidade para colaborar com o Município nesta tarefa gigante?

Se não fossem as associações, em conjunto com a Câmara e as Juntas de Freguesia, a Santa Casa da Misericórdia, os Bombeiros, o Agrupamento de Escolas e a população a nível individual, seria muito difícil colocar de pé estas Festas. A Câmara é, por assim dizer, o cabeça de cartaz, faz a contratação das bandas e da parte logística, mas tudo o resto é dinamizado pelas associações e pelas coletividades do concelho. A Câmara Municipal está reconhecida às associações e coletividades pelo trabalho que fazem, não só nas Festas mas ao longo do ano, apesar de todas as dificuldades.

 

Falamos de que valores para organizar as Festas?

Nessa questão, às vezes há muita injustiça nas análises que as pessoas fazem. É que o valor mais pequeno que gastamos na Festa é com a contratação dos artistas. Só a parte logística é mais de metade do orçamento total da Festa. Entre o aluguer dos stands, da tenda, dos palcos, o som, o apoio logístico... representa mais de metade do orçamento. O custo total da Festa rondará os 200 mil euros e em artistas gastámos pouco mais de 50 mil euros. Todo o resto é para a logística.

 

O fim de semana da Páscoa, em Constância, ainda é um ponto de encontro para os constancienses?

Eu acho que sim. Há pessoas que ao longo do ano é raro vê-las, porque não moram cá e estão mais afastadas, e que as reencontro sempre nas Festas. Quem é do concelho de Constância e quem se habituou às Festas, é difícil não voltar cá nesse fim-de-semana da Páscoa e não participar nas Festas, pelo menos na sexta e no sábado, pois sabemos que no domingo ainda estão por cá mas na segunda-feira é dia de trabalho.

 

E não é também um ponto de encontro com os próprios, com as suas raízes?

Creio que sim. Por um lado, deve fazer-nos a todos refletir. Isto, claro, para quem sente e gosta da terra. Porque também há pessoas que não sentem isto e que lhes é indiferente. Agora, para quem gosta do concelho onde nasceu, onde cresceu, onde vive, é um fim-de-semana que nos orgulha a todos, porque somos um concelho pequenino. E o facto de sermos pequeninos, não quer dizer que não façamos coisas grandes e com qualidade, como o temos demonstrado ao longo dos anos. Tenho colegas autarcas que se admiram de, com os fracos recursos financeiros que temos, como fazemos tanta coisa. Acima de tudo, é reafirmar a ligação ao concelho. Mas há uma coisa que eu gosto de frisar: a Festa é marcada por duas partes, a pagã e a religiosa. Nesta que é a Festa do Concelho como um todo, está representada aquilo que era a vivência da vila, ligada aos rios e à atividade marítima, mas também não deixa de estar representada na festa que é de todos, aquilo que foram as vivências da freguesia de Montalvo e da de Santa Margarida, mais rurais, mais ligadas à área agrícola. Estão representadas na tarde de folclore, dinamizada pelo Rancho Folclórico “Os Camponeses” de Malpique, que recriam e mantêm viva essa ligação e essa identidade das outras freguesias do concelho. Quem é daqui, sente isso.

 

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