Vasco Damas, 49 anos, gestor, é candidato à Câmara Municipal de Abrantes pelo ALTERNATIVAcom. O movimento independente apresentou-se esta segunda-feira, 11 de novembro, e acredita ser “uma alternativa credível na qual muitos abrantinos se irão rever”. E deixam a garantia de vir para ficar. Fomos conhecer melhor o ALTERNATIVAcom. O projeto, os nomes, os objetivos... numa entrevista com Vasco Damas.
O que é o ALTERNATIVAcom e porque surge nesta altura, a dois anos das Eleições Autárquicas?
ALTERNATIVAcom é um movimento independente que se pretende constituir, tal como o próprio nome indica, como uma alternativa àquilo que existe neste momento em termos de opções no concelho. Queremos construir esta alternativa de uma forma credível para apresentarmos aos abrantinos um modelo diferente daquele que tem sido gerido nos últimos anos.
Surge a dois anos das eleições para darmos tempo aos abrantinos para nos conhecerem e conhecerem o nosso projeto e para que também nós, com humildade, tenhamos tempo para conhecer as necessidades do concelho, as necessidades dos abrantinos e para fazermos um pouco ao contrário daquilo que normalmente é feito. Uma das coisas que nós queremos é construir este projeto com o contributo dos abrantinos. É que muitas vezes há decisões que são tomadas acreditando que são as melhores decisões para as pessoas e para o concelho, mas essas decisões são tomadas sem ouvir as pessoas.
Aquilo que nós queremos é uma política de proximidade, o desenvolvimento de um projeto de proximidade e a construção desse projeto só é possível ouvindo as pessoas e construindo esse modelo com as reais necessidades das pessoas.
Dizem que em Abrantes nada será como dantes. O que querem mudar no concelho? Quais são os vossos objetivos?
Pretendemos essencialmente dinamizar o processo cívico e democrático porque acreditamos que nos últimos anos, apesar de insistentemente nos dizerem o contrário, tem existido demasiado imobilismo. Acreditamos que seremos algo que vem abanar os pilares da democracia local e que seremos uma alternativa diferente onde, provavelmente, muitos daqueles que não se reveem no modelo autárquico e nos partidos existentes, podem identificar-se com o nosso projeto e com as nossas ideias.
Este é um Movimento para ir até ao fim?
Este é um Movimento para durar o tempo que os abrantinos quiserem e desejarem. Mas uma coisa garantimos: é que, ao contrário de um movimento efémero que aconteceu em 2009, nós viemos para ficar. Este é um Movimento que irá a eleições em 2021, que estará a trabalhar para ir a eleições em 2025 e, portanto, durará pelo menos 10 anos. Mas acreditamos que durará muito mais tempo porque acreditamos nas nossas capacidades, acreditamos na qualidade do nosso projeto e acreditamos que seremos uma alternativa credível na qual muitos abrantinos se irão rever. Essa garantia damos aos abrantinos. Este é um projeto que veio para ficar. Este é um projeto de longo prazo.
E poderá vir a contar com o apoio de outros partidos?
Não queremos replicar políticas nem medidas autistas. É fundamental o processo de comunicação porque, em conjunto, de certeza absoluta, que se houver diálogo, certamente todos teremos mais possibilidade de desenvolvermos o projeto em função das necessidades de desenvolvimento do concelho. E, em primeiro lugar, a nossa candidatura não é contra ninguém. É uma candidatura com toda a gente, com as pessoas, com o objetivo de desenvolver o concelho, portanto, os partidos fazem parte deste processo. Nós queremos ser uma alternativa sempre disponível para dialogar com todos, partidos incluídos.
Quem são as caras do ALTERNATIVAcom? Quem o acompanha neste Movimento?
Temos estado a trabalhar já há alguns meses e temos um núcleo fundador deste projeto que é o grupo que será responsável pela definição inicial do projeto e de uma estratégia. É óbvio que este projeto vai sendo construído ao longo destes dois anos. Neste momento, a equipa que está a trabalhar comigo é o Rui André, a Ana Gomes, o João Pedro Céu e o José Rafael Nascimento. Este é o núcleo fundador, não o “núcleo duro”, porque se há coisa que queremos é ter flexibilidade para dar resposta a todas as necessidades.
Tem nomes que vão desde o espectro da direita até à esquerda. O Movimento é totalmente apartidário?
Somos claramente independentes e não estamos reféns de qualquer tipo de ideologia. Até porque, como tive oportunidade de ir dizendo nos últimos dez anos (desde 2010 que tive uma crónica semanal na Antena Livre e mais recentemente no mediotejo.net e também integrei o painel do Radar), sempre disse que não gostava de política. Mas não gosto da política feita por estes políticos e é precisamente por causa disso que não me identifico com o sistema político nacional. Eu acho que há ideias válidas em todos os partidos e acho que devemos aproveitar o melhor que cada partido tem. Não me revejo na lógica do sistema político vigente onde quem está no poder define as regras e quem está na oposição normalmente vota contra porque a lógica da oposição é destruir aquilo que quem está no poder tenta construir. A minha forma de olhar para a política é totalmente diferente: quem está na oposição tem que ajudar na construção. Aplaudindo e elogiando aquilo que é bem feito para ter legitimidade de criticar aquilo que é mal feito.
Disse que já começaram há alguns meses... já começaram a ouvir as pessoas e a identificar as necessidades mais prementes do concelho?
Estamos a lançar a nossa candidatura mais ou menos a dois anos das eleições. A nossa primeira prioridade foi construir o núcleo fundador. Depois, temos tido a preocupação de falar com algumas pessoas que acreditamos serem mais valias neste projeto. Dentro de uma lógica de gestão de prioridades, temos que fazer o que tem que ser feito primeiro. Agora, vamos começar a ouvir as pessoas. Um dos nossos objetivos é, a partir de 2020, começar a ouvir as pessoas indo ao terreno, indo às freguesias. Promovendo um conjunto de iniciativas onde nos vamos dar a conhecer e onde, essencialmente, vamos ouvir aquilo que as pessoas têm para nos dizer.
Assim sendo, na Eleições Autárquicas, pretendem concorrer a todas as freguesias?
Só assim é que faz sentido. Porque é um movimento que tem que olhar para as freguesias urbanas da mesma forma que olha para as freguesias rurais. Não podemos ser discriminatórios e não podemos querer concorrer à Câmara não estando representados em todas as freguesias. É precisamente por causa disso que somos uma ALTERNATIVAcom: com as pessoas, com as empresas, com as treze freguesias, com todos sem exceção.
Em 2009, um movimento independente conseguiu eleger um vereador para a Câmara de Abrantes. Na situação atual, pensam conseguir fazer melhor?
Vamos trabalhar para conseguir o melhor resultado possível. E qual é o melhor resultado possível? Não vamos deixar de ter o foco na vitória nas eleições. Não podemos ter medo de ser ambiciosos e de trabalhar desta forma. É óbvio que temos plena consciência e conhecimento das dificuldades que se nos deparam. Temos pleno conhecimento da inclinação sociológica do concelho. Sabemos que quem está no poder, sem fazer nada, tem garantidos x mil votos à partida. E nós temos que fazer o trabalho a partir do zero mas estamos a trabalhar com um prazo bastante grande. Agora, e pessoalmente, acredito em mim e nas minhas capacidades, acredito muito mais nas capacidades, na competência, no conhecimento e na interdisciplinaridade da equipa e acho que vamos ter capacidade de construir o tal projeto que é a tal alternativa onde muitos abrantinos se irão rever e acredito, sinceramente, que vamos ter um resultado muito positivo. De outra forma não faria sentido avançarmos para este desafio que é tão difícil, mas precisamente por causa disso, tão desafiante.
Como avalia a situação política e o comportamento da Câmara de Abrantes atualmente?
Há uma coisa que eu quero deixar claro: nós não nos candidatamos contra ninguém.
Eu tenho dito várias vezes que não sou político e que nunca daria um bom político. E é dessa forma que quero estar na política autárquica e local. Podem contar comigo para ser parte da solução. A minha postura vai ser a mesma postura que tive até agora. Uma postura onde tentarei sempre manter elevação e onde tentarei ajudar na construção. É óbvio que se tudo estivesse bem no concelho, ou se a maior parte das coisas estivessem bem no concelho, nós não nos candidataríamos neste momento. Acreditamos que temos um projeto alternativo que, com os mesmos recursos, podemos obter melhores resultados. Não viemos para estar a olhar de uma forma crítica para o concelho. Viemos para ajudar a construir e não vamos fazer aquela política rasteira com a qual eu não me identifico. Acredito que vamos ter capacidade de construir um projeto e de mostrar alternativas credíveis mas sempre numa vertente e postura positivas.