A equipa: Hélder Branco, Paula Henriques, Daniela Rebeca, Vânia Alegre e Mónica Macide
Daniela Rebeca (DR), animadora sociocultural, é, desde o início de janeiro, a Coordenadora do CLDS 3G (Contrato Local de Desenvolvimento Social, 3ª Geração) de Abrantes. Para a conversa com o JÁ trouxe Vânia Alegre (VA), assistente social. Ambas integram o projeto desde o seu início, em novembro de 2015.
O que é o CLDS?
DR É um programa que tem como finalidade promover a inclusão social dos cidadãos, através de ações a executar em parceria, de forma a combater a pobreza persistente e a exclusão social. O projeto decorre durante 35 meses, que terminam em agosto próximo, mas pode ser prolongado até dezembro. Desenvolve-se em três eixos [ver destaque] e pretende responder a necessidades detetadas pela Rede Social de Abrantes que desenhou o projeto e convidou o CRIA a colocá-lo no terreno. Portanto, quando chegámos, o projeto estava desenhado, coube-nos executá-lo.
E da 3ª geração…
VA Quer dizer que houve duas antes, a nível do país, mas esta é a primeira vez que Abrantes tem acesso. Por isso talvez a nossa ação seja pouco conhecida das pessoas e das organizações. Se continuasse, talvez fôssemos mais conhecidas e fosse mais produtivo.
Em pouco mais de dois anos, é a terceira coordenadora…
DR A primeira teve de ser substituída por razões de saúde e a segunda porque encontrou uma oportunidade de trabalho na área dela e mais perto de casa. Eu fui nomeada pela Direcção do CRIA e comecei estas funções a 8 de janeiro deste ano.
Estamos a seis meses do possível fim do projeto. Qual é o balanço?
DR Positivo, sem dúvida. Contudo, queríamos que as coisas fossem continuadas depois do que nós fazemos e isso normalmente não acontece. Nós vamos lá, há recetividade, fazemos, e termina ali. Mas, de forma geral, está a correr bem. As pessoas aderem, embora nalgumas atividades não tanto como gostaríamos. Há ainda o receio de se envolverem.
Para colmatar esta dificuldade de acesso às pessoas, procuramos trabalhar em parceria com as juntas de freguesia e com as associações, que estão mais perto das pessoas.
Que tipo de ações fazem?
DR São muito diversificadas, de acordo com os três eixos [ver destaque]. Por exemplo intervimos no campo do emprego, da intervenção familiar e da pobreza infantil, da motivação para a inserção profissional, do empreendedorismo, da empregabilidade…
VA … das associações.
DR Por exemplo na valorização do artesanato da região, tivemos workshops de confeção de velas com cera de abelha. Para famílias carenciadas temos workshops de culinária à medida, para que tenham uma alimentação económica e saudável. Temos atividades de educação parental. O incentivo às práticas agrícolas, para poderem cultivar e assim pouparem de outro modo. Para idosos, ações de prevenção de quedas e de burlas. Ações sobre igualdade de género.
VA Pretende-se que haja mudanças nos hábitos da população.
Daniela Rebeca e Vânia Alegre
O projeto já está numa fase muito adiantada. Quais são os principais resultados?
DR Foram no Gabinete de Empregabilidade, onde conseguimos chegar a 351 pessoas inscritas, num trabalho individualizado; atendimento e acompanhamento, ajuda a fazer o currículo ou uma carta de apresentação ou na preparação para uma entrevista… Procuramos ajudar a enquadrar-se no mundo do trabalho. Já conseguimos mais de uma dezena de integrações no mercado de trabalho, embora em contratos de emprego-inserção, o que nos diz que o nosso trabalho está a ter efeitos.
Quais são as maiores dificuldades para as pessoas se integrarem no mercado de trabalho?
DR A baixa escolaridade, pessoas com alguma idade…
VA e a falta de motivação, porque grande parte das pessoas são beneficiárias do RSI e acabam por se agarrar a esse rendimento.
DR Trabalhamos bastante com pessoas do RSI, em que procuramos complementar o trabalho da Segurança Social, do Centro de Emprego e das técnicas do RSI. Fazemos um trabalho mais individual e mais focado na pessoa, nos seus problemas e nas suas capacidades.
Há outras entidades a trabalhar com este tipo de pessoas…
DR Exatamente. Trabalhamos sempre em parceria. Há reuniões com o Centro de Emprego, a Segurança Social, o GIP (Gabinete de Inserção Profissional) do Tagus Valley, com a equipa do RSI, para não haver sobreposições.
VA Tentamos fazer um trabalho em rede.
Iam a continuar…
VA No eixo 2, intervenção familiar e parental, os resultados também têm sido muito positivos, através de ações nas escolas: agir desde cedo no sentido a prevenção. Falamos de igualdade de género, diversidade cultural, direitos humanos e uma atividade de sensibilização para a gestão orçamental, sobre hábitos de poupança. E eles gostam, pois é numa dinâmica lúdica. Outra atividade que correu muito bem foi com pessoas idosas, de prevenção contra quedas e burlas, em parceria com a PSP, a GNR e a Cruz Vermelha.
DR No eixo 3, entre outras atividades, criámos no CRIA um serviço de engomadoria, que tem já uma carteira de clientes. E fizemos formação em novas tecnologias.
Trabalham a pedido da Rede Social. Tem havido articulação?
DR Sim, tem sido muito boa. Vamos às reuniões da Rede Social e apresentamos o nosso trabalho, fazemos relatórios semestrais e eles vão-nos dando sugestões.
Alves Jana
CLDS 3G Abrantes
Duração
De novembro 2015
a agosto de 2018
Objetivos
Promover a produção, divulgação e comercialização de produtos locais / regionais
Reduzir o isolamento e a exclusão social
Promover o aumento da empregabilidade
Combater situações críticas de pobreza, particularmente infantil
Promover a inclusão ativa das pessoas com deficiência e incapacidade, bem como a capacitação das instituições
Eixos de ação
Eixo 1 – Emprego, formação e qualificação
Eixo 2 – Intervenção familiar e parental, preventiva da pobreza
Eixo 3 – Capacitação da comunidade e das instituições
Destinatários
Empresários
População desempregada
Beneficiários do RSI
Pais / Famílias
População portadora de deficiência e/ou incapacidade
População idosa mais isolada
Dirigentes e quadros associativos voluntários
Instituições / Associações locais
Técnicos
1 coordenadora
1 socióloga
2 assistentes sociais
1 psicólogo clínico
Contacto
CRIA 241 379 750
cria-clds@cria.com.pt