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Daniel Marques: “Abrantes é uma cidade onde as pessoas se podem sentir seguras”

4/06/2019 às 00:00

Daniel Marques, comissário da Polícia de Segurança Pública, foi comandante da esquadra de Abrantes nos últimos sete anos. Aos 32 anos, deixa a cidade para assumir o comando da esquadra de Torres Novas.

Desde jovem com interesse na área da segurança, chegou à cidade florida vindo da Amadora, em 2012, numa altura em que a criminalidade e o sentimento de insegurança predominavam.

Em sete anos, acredita que muito mudou e considera que hoje Abrantes é um concelho onde as pessoas “se podem sentir seguras e contar com a polícia”.

QUE CIDADE É QUE ENCONTROU QUANDO CHEGOU A ABRANTES?

“Cheguei a Abrantes em agosto de 2012, vindo da Amadora, e nessa altura a cidade vivia, ao nível criminal, alguma instabilidade. Desde o primeiro momento que a nossa preocupação foi obviamente resolver os problemas criminais que existiam na altura e poder, ao fim ao cabo, devolver à população o sentimento de segurança que, na altura, não era o ideal. O sentimento de insegurança estava potenciado e havia a necessidade urgente de resolver alguns problemas criminais e poder devolver à população o sentimento de tranquilidade e de segurança que não era o ideal, e foi isso que fizemos. Foi dar principalmente enfoque às ocorrências criminais de maior relevo que existiam para tentar resolver este tipo de problemas. Os focos de criminalidade que existiam, entre 2013 e 2016, foi a nossa principal preocupação”.

QUAIS FORAM AS PRINCIPAIS DIFICULDADES QUE ENCONTROU NA ESQUADRA DE ABRANTES?

“As principais dificuldades prendem-se, sobretudo, ao nível da gestão dos meios, que em todas as organizações são finitos. Para quem tem que gerir, os meios são sempre insuficientes. Contudo, nós não trabalhamos sozinhos, trabalhamos em rede: a Polícia de Segurança Pública tem uma estrutura dinâmica e podemos contar com o apoio da divisão onde que estamos inseridos. Nós dependemos da divisão de Tomar e, por sua vez, do Comando Distrital de Santarém, e sempre que houve necessidade de nos reforçarmos tivemos sempre os meios que precisámos para trabalhar. Muitas das vezes dizia-se que a polícia poderia não ter meios. Nós tínhamos os meios que foram necessários para resolver os problemas porque sempre que foi necessário recorremos à divisão policial de Tomar que, pontualmente, nos ia reforçando, e também ao Comando Distrital de Santarém e trabalhando desta forma em rede nós temos os meios necessários para fazer face aos problemas. Os meios da esquadra de Abrantes são meios que não são limitados, ou seja, nós temos um efetivo fixo e estável. No entanto, se for necessário outro tipo de meios que nós não dispomos, facilmente recorremos à divisão policial de Tomar e ao Comando Distrital de Santarém que, ao fim ao cabo, depois nos vem colmatar essas necessidades e que aconteceu nalgumas das vezes. Recordo-me, por exemplo, dos policiamentos às festas da cidade, em algumas situações de investigação criminal, em que é necessário um reforço de meios e isso acontece sempre. Exemplo disso foram várias operações policiais que foram até noticiadas e públicas onde, inclusive, a Unidade Especial de Polícia estava presente. Portanto, a polícia atua como um todo e não localmente. Os meios que nós dispomos localmente são sempre aumentados sempre que for necessário”.

COMO FOI O CONTACTO COM A POPULAÇÃO E COM AS RESTANTES ENTIDADES MUNICIPAIS AO LONGO DESTES ANOS?

“Ao longo destes anos, nós fizemos um trabalho muito afincado e incisivo no policiamento de proximidade. Aproximarmo-nos das pessoas e tornar a polícia num parceiro presente na vida das pessoas. A população é o primeiro ator no desenvolvimento da segurança pública porque são muitas vezes os nossos olhos e os nossos ouvidos e quanto mais nós nos conseguirmos aproximar e quanto mais estreita for a relação, beneficiamos muito com isso. É sempre uma preocupação nossa cultivá-la de forma a que as pessoas possam diariamente estar em contacto connosco e trazer-nos informação e isso sempre foi trabalhado. Quanto às instituições, tivemos sempre como parceiros privilegiados a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia que, dentro das nossas ações que fomos fazendo, nos foram sempre auxiliando e correspondendo às nossas necessidades. E nós também às deles, porque também localmente o trabalho é feito em rede e as instituições necessitam sempre uma das outras e esse trabalho também foi feito”.

A SEU VER, COMO É QUE ESTÁ O PANORAMA ATUAL DA CIDADE ATUALMENTE?

“Já passaram sete anos e fomos resolvendo as questões prementes ao nível da criminalidade. Hoje em dia, Abrantes consta no mapa da segurança e isso em muito se deve aos agentes que compõem a esquadra, que são pessoas, nalguns casos, em que a idade já pesa mas, ainda assim, nunca perderam o brio profissional, a vontade de bem servir, tecnicamente são agentes muito bons e com os quais eu tive o privilégio de poder contar para me ajudarem a tentar resolver os problemas de insegurança e que são os principais responsáveis pelo estado da segurança na cidade que temos hoje. Na altura, talvez fossemos dos municípios do Médio Tejo com pior índice de criminalidade por mil habitantes e hoje somos dos melhores, é um dado estatístico, e isso deve-se, sem dúvida, ao trabalho das forças de segurança, e, neste caso, à Polícia de Segurança Pública”.

EM SETE ANOS, QUAL FOI O MELHOR MOMENTO PARA SI?

“Em sete anos, talvez não seja fácil definir um melhor momento, mas em sete anos os melhores momentos que tivemos foi, sem dúvida, situações de serviço, nomeadamente ao nível de processos criminais, que muito trabalho e muito esforço e com prejuízo até para a vida pessoal de muitos agentes, processos esses que foram desenvolvidos e executados e que acabaram dando resultados e dando frutos e o reconhecimento de todo esse trabalho feito foi aquilo que, ao longo de todo este tempo, mais me orgulhou e mais me motivou a mim e a todos os elementos para que todos os dias pudéssemos e tentássemos fazer mais e melhor. Foi os sucessos de cada ação, de cada processo que fomos desenvolvendo que nos permitiram auto motivar-nos para fazer mais. E são esses os momentos que ficam e que levo daqui: o relacionamento com os elementos e os sucessos profissionais que o grupo conseguiu”.

E QUAL FOI O PIOR MOMENTO?

“O pior momento foi, sem dúvida, o suicídio de um elemento policial com arma de serviço. Um elemento nosso que, numa hora triste, decidiu pôr fim à vida. Foi o pior momento que tivemos cá”.

QUE CIDADE DE ABRANTES É QUE DEIXOU?

“Em termos gerais, creio que Abrantes, neste momento, é uma cidade recomendável, onde as pessoas se podem sentir seguras e onde podem efetivamente contar com a polícia, que irá continuar a desenvolver um serviço em prol do cidadão e com acompanhamento diário e presente. O trabalho que foi feito até agora irá continuar a ser desenvolvido”.

O QUE É QUE ABRANTES SIGNIFICA PARA SI?

“Terei sempre um carinho muito especial por Abrantes, uma vez que passei cá uma parte da minha vida profissional. É uma cidade muito especial (…) que irei sempre guardar (…) e a quem reservo um enorme carinho”.

 

Entrevista: Ana Rita Cristóvão

Imagem: Carolina Ferreira

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