“Acreditar no valor que as minhas palavras têm, e no quanto elas podem tocar quem as ouve”
É natural de Monsanto (Alcanena), mas também se considera já abrantina, pois reside há vários anos em São Miguel do Rio torto. Tem corrido o país a cantar o seu primeiro disco “Fado no Sorriso”. 3 de Novembro marcou o lançamento do segundo trabalho que promete levar Joana Cota noutros voos.
Depois de “Fado no Sorriso” chega agora “Influências”, um disco novo, mas completamente diferente do primeiro. De qualquer modo, o Fado…está lá todo…Como é que chegaste a este processo de mudança?
"Temos de nos tornar na mudança que queremos ver" (Mahatma Ganhdi)
Começou por ser uma mudança física e psicológica, na qual me obriguei a apagar alguns "fantasmas" que me atormentavam e não me permitiam acreditar em mim mesma. Depois, uma mudança profissional, recorrendo a formação musical e de canto, de forma a superar algumas barreiras que colocavam limites não desejados à minha voz. Finalmente uma mudança musical, impulcionada de forma positiva pelo meu produtor Rui Duarte, que como também faz o "favor" de ser meu marido, foi partilhando comigo muitas das influências culturais, sociais e musicais que procuro transmitir neste trabalho.
“Influências” porquê?
A cultura musical e social, é um pouco como o vinho. Existe o bom, o razoável, o péssimo, o que todos bebem, o que todos gostam, os que poucos gostam, os que poucos conhecem... e cada um, bebe o que entende... eu bebo daquilo que me faz bem, que me toca na alma e me faz arrepiar. Não consta apenas Fado na minha "endoteca"... não para quem gosta de desfrutar os prazeres da vida e de se deliciar com os néctares do mundo.
Foi uma mudança desejada, ou foi também a piscar o olho ao mercado?
Desejada e necessária, que teve como resultado, na minha perspectiva, a superação. O mercado acaba por ser uma influência, já que há necessidade de obter retorno do (muito) investimento financeiro associado a uma edição deste tipo, mas não foi esse o motivo do resultado final. Este trabalho está vocacionado principalmente para apreciadores, e não vejo o conteúdo como comercial, para venda rápida por exemplo.
E quem te acompanha neste trabalho?
No nascimento prematuro do Influências em 2016, no qual apresentamos os singles "Fado Perdição" e "Quem Sou", tive o acompanhamento musical do Ricardo Silva na guitarra portuguesa, Rui Miquélis na viola de fado e Rodrigo Serrão no contra-baixo e no Chapmastick (tendo assim o privilégio de ser o primeiro fado a contar com a presença deste instrumento). Na continuidade do cd, tive o acompanhamento musical do Nuno Cirílo na guitarra portuguesa, Miguel Monteiro na viola de fado, Rodrigo Serrão no baixo acústico e Paulo Vieira na bateria. Tive ainda a honr de contar com as participações especiais do Inácio Judepina na guitarra clássica, Patrício Fidel na guitarra eléctrica e o Rui Duarte (vocalista dos Ramp) num dueto brutal. Tods este trabalho, não podia deixar de ser uma produção de excelência pelas mãos do Rui Duarte, que mais uma vez nos apresenta um conceito único.
Agora, as pessoas vão conhecer uma Joana Cota musicalmente diferente. Estás curiosa com as reações?
Sim, claro. Por dois motivos... primeiro porque o ao ouvirem o Influências vão ouvir Fado, mas ao mesmo tempo não... Viajo pelo nosso país, onde vou buscar sonoridades das Beiras, de Coimbra, do Romântico, do Popular e do Tradicional e quando viajo pelo mundo, trago Mornas, Choros, Rock, Samba, Clássico... Mas todos falam de saudade, ciúme, raiva, dor, esperança, alegria, amor...todos eles são interpretados com o devido sentimento e alma... todos eles, para mim, são Fado!Segundo, porque constam neste trabalho seis poemas orginais de minha autoria, dois dos quais com música composta por mim. E foi talvez esta a maior superação, o acreditar no valor que as minhas palavras têm, e no quanto elas podem tocar quem as ouve.
A apresentação do novo disco já aconteceu, na tua terra natal (Alcanena), e antes, deste um “cheirinho” do mesmo na Igreja de Nossa Senhora do Castelo em Abrantes, e portanto as primeiras reações já aconteceram, e fizeram de ti uma pessoa muito mais feliz não foi?
Claro que sim! Aplausos de pé, sorrisos, lágrimas, emoções e as reacções do final de concerto do género: "aquele tema, "Sala Vazia", é lindíssimo, tocou-me mesmo no coração". O Obrigado, tal como o desabafo, para mim, sempre foram mais fáceis de transmitir pela escrita e são estas reacções que me convencem que é a melhor forma de o continuar a fazer!
O teu primeiro single do novo disco “Sala Vazia”, teve estreia nacional na Antena Livre, onde se ouve todos os dias. Marca também a tua estreia como autora e compositora, certo? É um tema especial?
Sim. O "Fado no Sorriso", teve como abertura um poema de minha autoria, que já por si, teve reacções muito positivas. Mas a união da autoria à composição, vem mesmo através do "Sala Vazia" e do "Influências" (tema que apresenta o conteúdo do trabalho discográfico). Contudo, o "Sala Vazia" é especial como dizes, sim! Talvez possa mesmo dizer que seja a jóia deste trabalho, pois foi feito no início da fase de mudança, foi a ele que me agarrei para sonhar e contruir este "Influências", com o apoio incondicional do Rui Duarte (aliás, eu pedi-lhe inclusivê que me acompanhasse à viola neste tema, tarefa que ele incumbiu ao seu professor Nuno Cirilo. Mas ainda assim, deu-me a honra de contar com o seu tocar na introdução do tema, em modo "acústico"para dar a conhecer como de facto tudo começou).
Até onde gostavas que chegasse este “Influências”?
"Que neste meu canto, ouçam o Mundo..." é a frase com que me apresento neste trabalho. Porque não ouvir o Mundo, este meu canto?
Quem é a mulher Fadista Joana Cota?
Pelo ponto de vista do produtor "muito mais que fadista, uma Trovadora dos tempos modernos". Eu, continuo a olhar para mim, da mesma forma como me descrevo no poema "Quem Sou"... "Sou uma louca", que ama, vive, acredita, sonha, luta, que vive emoções, e que mesmo com os olhos em água, tem um sorriso para oferecer.
De Alcanena, para Abrantes (São Miguel do Rio Torto). Já te consideras um bocadinho de cá também?
Claro que sim. Vivo em Abrantes à sete anos e é aqui que tenho construído o meu trabalho e a minha vida. Quando me apresentam, é o nome da cidade que está associado a mim, e sinto-me orgulhosa por isso. É claro que não me esqueço das minhas origens, mas nós somos de onde somos felizes!
O que mais gostas por cá?
Da calma, da natureza, da gastronomia, das pessoas, dos amigos, de vários lugares, como por exemplo o castelo e o seu jardim, o centro e as lojas, a zona do Aquapolis.
O público de Abrantes tem sido simpático para ti e para a tua música?
Sim, sem dúvida alguma. Neste momento a zona centro é o foco maior do meu público, sobretudo a zona de Abrantes e Sardoal. Sou reconhecida no dia a dia, e já tenho um grande público local que acompanha vários espectáculos.
Mas além de Abrantes, tens cantado um pouco por todo o país! Há muita gente que conhece e gosta da Joana Cota. Este “Influências” também tem como objectivo levar-te a outro patamar?
Sim. Por exemplo, a nível de distribuição contamos com o apoio da Fnac e de outras entidades que permitam uma aproximação mais fácil ao público alvo,bem como acompanhamos a modernização através das diversas plataformas Spotify, Google Play, Youtube, Soundcloud. Além do mais, a Tour 2019 que já está a ser trabalhada e divulgada às entidades interessadas, conta com a participação de uma equipa de produção, musical e staff de excelência, que me deixa muito orgulhosa e que elevará aquilo que têm sido os meus concertos a um nível superior, sem dúvida alguma.
Queres deixar uma mensagem aos teus fãs?
Convido todos os meus fãs a acompanhar as novidades que vão surgindo, através do Facebook(@joanacotafadista) e Instagram (@joanacota.oficial), bem como a ouvirem este trabalho, que considero uma verdadeira delícia e vos dará a conhecer um pouco mais de mim. Espero encontrá-los num dos próximos concertos e que assim "Neste meu canto, ouçam o Mundo!"