Sardoal cobre-se de roxo para viver mais uma Semana Santa. Época de introspeção para os que acreditam e a vivem com fé, altura de um regresso às origens para outros, palco de visita para muitos. Seja qual for a razão, Sardoal mostra-se engalanado e recebe todos de braços abertos. Até à Ressurreição!
- Como estão a correr os preparativos para um dos grandes momentos de Sardoal, a Semana Santa?
A preparação passa por reunirmos com os nossos parceiros, com quem, em conjunto, fazemos com que este período no Sardoal seja diferente. Não só para todos aqueles que são crentes, e estou a falar no âmbito da fé e da religiosidade, mas também para aqueles que se revêm num momento alto da nossa cultura e do nosso património material e imaterial. Por isso, todos os envolvidos, que são normalmente aqueles que há muitos anos se preparam para este momento, como a Igreja, a Santa Casa da Misericórdia, as diferentes Irmandades, as Associações, a Câmara Municipal e a população em geral, todos começamos a entrar neste espírito da Páscoa. Desde o pensar no tapete de flores, às preparações para as diferentes cerimónias religiosas e à divulgação e promoção por parte da Câmara Municipal deste período que queremos que seja de desenvolvimento para a nossa pequena economia local.
- Falou dos tapetes de flores. Quem é que está envolvido nessa tarefa?
São, normalmente, associações ou entidades, como o caso da Santa Casa da Misericórdia ou do GETAS e também dos moradores. Há ainda a Escola, com o concurso do tapete de flores como forma de sensibilizar os alunos para este importante momento e para a importância do tapete de flores no património do Sardoal e dos sardoalenses. Mas toda a comunidade do concelho de Sardoal está envolvida até porque, desde há quatro anos, lançámos o desafio para fora da vila. As igrejas e capelas das freguesias rurais têm estado também enfeitadas e tem sido muito bonito, não só o envolvimento mas também o resultado final.
- E a Câmara proporciona visitas às outras freguesias do concelho?
Sim. Haverá visitas com o nosso autocarro que fará um circuito na Sexta-feira Santa e que percorrerá todo o concelho para que as pessoas possam apreciar todas as igrejas e capelas enfeitadas com tapetes de flores.
- Como é que os habitantes das freguesias rurais se envolveram nesta atividade, que não era tradição?
Com muita vontade, muita alegria e com muito gosto. O resultado final do tapete tem sido extraordinário. Não só pela beleza artística, mas pelo simbolismo que tem. Isso revela que houve um grande envolvimento de todos os sardoalenses e não só na vila.
- Sendo um período em que toda a população se envolve, de que forma é que a Câmara Municipal dá o seu apoio?
A Câmara apoia naquilo que a comunidade necessita. Não só nos tapetes de flores, mas também em todo o embelezamento da vila. Fazemos reuniões em articulação com a Santa Casa e com a Igreja para podermos preparar todo este evento que, como disse, é principalmente um momento de fé e religiosidade. É essa a essência deste momento que é o período mais importante da Igreja Católica. Igreja que está profundamente enraizada na nossa comunidade e tem aqui a expressão do povo e da nossa tradição. Faz parte da nossa cultura e, por isso, nós temos a obrigação de ajudar a preservar, a cuidar e a zelar por esta tradição.
- Mas, em Sardoal, a Semana Santa já vai muito para além da fé e da religiosidade…
Sim… mas é importante que saibamos não misturar as coisas. A essência deste momento é, sem dúvida, a fé e a religiosidade. E isso tem que ser preservado. Depois, tudo aquilo que cresça em volta disso, tem que ter um profundo respeito, um enorme cuidado e muito rigor para que as coisas se mantenham como há muitos séculos e com este legado que nos foi deixado pelos nossos antepassados. Sempre com este espírito de introspeção e de reflexão e não só para aqueles que são católicos, mas também para aqueles que se envolvem e que não ficam indiferentes a este momento. E por diversas razões, nem que seja porque é um período em que os sardoalenses se reencontram. Os que estão foram vêm à terra e é também um momento de partilha, amizade, de família.
- Quais os momentos que destaca na Semana Santa em Sardoal?
Um dos momentos que distingue a nossa Semana Santa de muitas outras é, sem dúvida, a Procissão dos Fogaréus, ou do Senhor da Misericórdia, na Quinta-feira Santa. É o momento mais forte. Uma altura em que as luzes da vila se apagam e o silêncio é quebrada pelas varas dos Irmãos da Misericórdia e pelo som da Filarmónica União Sardoalense, que é um elemento fundamental em todo este momento.
No Centro Cultural também vamos ter uma exposição de escultura de Pietà’s. Uma exposição de uma grande beleza e grande riqueza. Estará também patente, no Espaço Cá da Terra, a exposição dos desenhos dos tapetes de flores, trabalhos dos alunos da Escola.
Não terminando com o Domingo de Páscoa, temos depois, no fim-de-semana seguinte, a Procissão da Pascoela e o concerto da Filarmónica, que também já é tradição.
- Como está o Centro de Interpretação da Semana Santa?
O Centro de Interpretação da Semana Santa e do Património Religioso vai entrar em fase de obra muito em breve. Falo da componente física da recuperação da Capela de Nossa Senhora do Carmo. Para a produção dos conteúdos, estamos à espera de um outro projeto comunitário, no âmbito do turismo, para obtermos o financiamento.
- Sardoal também tem em curso um Plano Estratégico do Turismo…
Sim, está concluído. E temos dois Planos Estratégicos: um Plano de Desenvolvimento Estratégico para o Concelho de Sardoal e outro Plano de Desenvolvimento no âmbito do Turismo. São dois documentos que temos vindo a produzir e cuja 1ª fase ficou concluída no final do ano de 2017. Agora já estamos só nos pormenores.
Patrícia Seixas