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Music Box: Como um ex-futuro engenheiro civil se transformou num blogger premiado

29/04/2019 às 00:00

Carlos Bernardo é natural de Rossio ao Sul do Tejo. Foi por Abrantes que fez o seu ensino primário, preparatório e secundário, ou o primeiro, segundo e terceiro ciclo. Depois, bom depois seguiu o rumo de Coimbra onde deambulou pela cidade académica para ser um engenheiro civil. Poderia ter sido um engenheiro, mas a sua mente irrequieta e a vontade de “viajar” por aí levou-o a abdicar de ter um curso numa área técnica

“O meu escritório é lá fora” não é um blogue de viagens ou de roteiros ou até de dicas. Trata-se, antes, de “um blogue de estórias e histórias” de locais, pessoas ou até países. Carlos Bernardo tem uma linguagem muito descritiva e cheia de adjetivos para contar as suas experiências de viagens cá dentro ou á fora. E desengane-se aquele que pensa que o Carlitos parte de mochila às costas sem rumo conhecido. Nada disso. As suas viagens são cuidadosamente planeadas. Até porque o blogue é uma fonte de receita pois, como ele próprio diz, as suas crónicas, viagens ou descrições são pagas. Mesmo as fotografias pretendem ser documentais e não apenas fotografias “de férias”.

Muito antes de começar com “o escritório” sempre gostou de contar histórias muito por culpa de uma “bagagem” literária que foi conquistando pela literatura de fantasia. Ao andar uns anos até ao secundário recorda que não era muito adepto da escrita. E mesmo quando lê as primeiras crónicas do “Escritório” notou que teve uma evolução literária notável. “Nunca escrevi muito, contava estórias sim, mas não escritas. Nem um diário tinha”.

A escolha de Coimbra, para a universidade, foi pela cidade e não pela faculdade. Coimbra é uma cidade muito cultural e “andei perdido por lá”. Talvez tenha sido dali, recordou, que começou esta vontade de escrever e de “criar” histórias.

Andou por Coimbra. Fez cadeiras e completou anos, mas o curso ficou na gaveta. “Os maiores génios são os maiores loucos e os maiores loucos nem sequer acabaram a licenciatura”, contou o blogger justificando a desistência do curso quase no final com o seu “pavor de ser infeliz”. Portanto nem chega a ser um quase engenheiro porque não tem um dia sequer nesta atividade: “Eu ia ser o prior engenheiro civil de sempre”.

“O turismo, para mim, mede-se me três fases. A experiência, as memórias e as estórias. E as minhas estórias pretendem inspirar outras pessoas a irem a esses locais onde já estive. Abro portas e faço as pessoas viajar comigo. E na nossa própria cidade podemos encontrar muitas coisas desconhecidas ou novas”, explicou recordando que no início nunca lhe passou pela cabeça que sete anos depois estaria numa rádio a falar como blogger profissional e detentor de vários prémios.

O início foi uma saída de casa de mochila às costas, de bicicleta, e acabou em Vila Real de Santo António. “Percebi que havia muitas estórias por contar, pessoas para contar estórias e pessoas ávidas de conhecer essas estórias”, e acrescentou que esse primeiro site na internet em que alojou essas “escritas” durou cerca de um ano e só depois nasceu o blogue que dá corpo ao seu negócio.

Sobre as suas escolhas, contou no Music Box que, sendo filho único, a justificação da escolha aos pais foi difícil que lhe chegaram a perguntar se queria tirar outro curso. “Agora já nem se lembram que estive quase a ser um engenheiro civil”, disse com um sorriso quando, depois, partilhou o sentimento da sua namorada, na altura. A cumplicidade da Liliana (a sua mulher) foi fundamental e é a “minha balança que me puxa quando já estou a divagar em direção à lua”.

“O Meu Escritório é Lá Fora” vai continuar a ter as suas histórias, as suas viagens, mas o Carlos Bernardo tem mais projetos. Vão nascer sub-marcas dentro deste blogue. “Tenho um site em inglês que não é a tradução do blogue. Arte, cultura e criatividade vão ser as áreas daquilo que serão os novos projetos”, anunciou o autor do blogue, dando a novidade de que vem aí o papel: “Vão ser editados livros do Meu Escritório. A ideia é ser vanguardista, na altura do papel entrei no digital e agora em plena era do digital vou ao papel”.

Jerónimo Belo Jorge

 

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