Ricardo Aires, presidente da Câmara Municipal, em entrevista
Ricardo Aires, presidente da Câmara Municipal, em entrevista à Antena Livre, avança que são esperadas cerca de 50 mil pessoas, que passam pelos nove dias na FEQM.
É a 28ª edição da Feira de Enchidos, Queijo e Mel. Qual a importância que este certame assume na economia do Concelho?
É muito importante para o concelho. É a maior Mostra dos produtos endógenos e de comércio que nós temos no nosso concelho. É esta Feira de Enchidos, Queijo e Mel (FEQM) que faz com que os nossos comerciantes, os nossos artesãos, os nossos industriais e outras pessoas que fazem por vezes hobby de certos produtos endógenos, possam dar a conhecer os produtos que são feitos no nosso concelho. Por isso, é uma Mostra que deve continuar. É a maior Mostra que nós temos e posso dizer que este ano ainda temos mais vilarregenses em expositores a fazer a Feira de Enchidos, Queijo e Mel, por isso, é um orgulho.
A que se deve esse aumento de expositores vilarregenses? Aumentou a atividade comercial no Concelho?
Incutimos neste mandato uma aproximação entre empresários e comércio à Câmara Municipal. O GDAE – Gabinete de Dinamização da Atividade Económica, o Gabinete de Apoio ao Munícipe e também o Gabinete de Inserção Profissional (GIP), veio dar mais aproximação entre o Município e as empresas. A nossa funcionária tem feito um trabalho excecional com as empresas locais, dando a conhecer, por exemplo, o regulamento dos nossos estímulos, o apoio aos recursos humanos e também à industria e ao comércio e por isso eu acho que eles se sentem mais acarinhados, mais acompanhados. Não quer dizer que antigamente não se fazia, fazia-se se calhar um bocadinho mais à distância. Foi neste mandato que nos conseguimos o gabinete de inserção profissional que foi um serviço que não existia no concelho de Vila de Rei e ao mesmo tempo o CLDS3G, que também conseguimos neste executivo. Foram dois serviços que vieram dar muito apoio aos nossos empresários e ao nosso comércio local e, sendo assim, foi também por isso que eles vêm. A FEQM é uma verdadeira montra para eles [expositores], porque passam por aqui milhares de pessoas durante estes nove dias.
Este circuito de divulgação que prepararam era uma necessidade do concelho? Os empresários interessaram-se?
Sim, acho que sim. Eles sentem que são mais acompanhados. Tivemos várias divulgações através do Portugal2020, temos várias divulgações sobre alguns temas. O próprio CLDS3G, trouxe vários temas para cima da mesa, sobre várias áreas que eles não estavam habituados a ouvir.
Voltamos à feira. Há novidades na edição deste ano?
A Feira de Enchidos, Queijo e Mel este ano vai ter o projeto da requalificação do Parque de Feiras terminado. Vamos ter uma zona de espetáculos nova que é o palco 2 e é um anfiteatro e vamos também colocar um grupo de stands ao contrário do que era habitual. Pensamos que vai resultar, porque vai ter mais sombra, mas vamos analisar e fazer um inquérito acerca desta modificação.
Estamos a falar da visita de quantas pessoas?
Posso dizer que estamos a falar de 50 mil pessoas, que passam pelos nove dias aqui no concelho, na FEQM.
É altura de regresso às origens por parte dos que estão fora?
Todos os vilarregenses que estão fora do concelho voltam. Já é uma semana que eles marcam no seu mapa anual para virem à terra e às festas do concelho. Fora os turistas e as pessoas que queiram vir ver os nossos produtos endógenos e as nossas riquezas que são as praias fluviais.
Há uma aposta clara no cartaz musical…
É um investimento que o Município faz desde há uns anos, não foi só este ano. A Feira dos Enchidos, Queijo e Mel é a nossa festa do concelho. O dia do Concelho é um pouco mais solene e a festa é a um mês e meio do 19 de setembro. Por isso nós pomos o cartaz principal sempre na Feira de Enchidos, Queijo e Mel, e penso que estamos a fazer o correto, porque no dia 19 de setembro o tempo é um bocadinho instável.
A FEQM integra outras atividades, como a Feira do Livro, exposições, programa desportivo e muita animação...
É uma festa diversificada mas nós já fazemos isto há alguns anos e, por isso, temos um público alvo já quase definido para o desportivo, para o cultural, para a gastronomia, para os mais novos… É um programa de 9 dias que dá para todas as pessoas. Há uns que gostam de uma coisa, outros gostam de outra, mas ao mesmo tempo estamos a fazer a vontade às pessoas, porque é a festa do concelho, as festas em que nós temos que dar o máximo para que os nossos produtores e comerciantes possam ter mais pessoas a ver. Para lhes proporcionar uma alavancagem na nossa economia local.
A gastronomia tradicional também vai ter oportunidade de se mostrar. Quantos stands de restauração é que vai ter a feira?
Vamos ter dois restaurantes e depois temos várias associações, com petiscos. É uma tenda que vai estar na zona das tasquinhas, com cerca de 700 m2. Dá para muitas pessoas e come-se muito bem. É uma aposta grande na gastronomia tradicional, como o maranho, principalmente, o bucho, os enchidos, o queijo e o tradicional frango no churrasco e as febras.
Estamos a falar de um investimento de quanto por parte do Município?
Com os stands, cartaz musical, trabalho extraordinário das pessoas, publicidade, marketing… cerca de 100 mil euros.
As IPSS continuam a ser o maior empregador do Concelho. Têm surgido atividades novas, atividades empresariais?
Aprovámos há pouco tempo duas empresas de metalo-mecânica e outra empresa de sucata. Sei que as duas empresas de metalo-mecânica já entregaram os projetos e uma delas já está a começar as obras na zona industrial do Souto. São três empresas novas este ano. Estamos a ver se conseguimos ainda mais empresas, é o nosso objetivo para o concelho, mas ter estas três empresas num ano já é bom. Ainda por cima, a empregar mais pessoas do sexo masculino, porque há mais desemprego do sexo masculino no concelho de Vila de Rei.
Nota-se uma recuperação na economia do concelho? Já passou o tempo de crise?
Eu penso que sim, já se nota uma recuperação. E não, a crise ainda continua. Tudo bem que o nosso Governo diz que a crise já acabou, mas não, a crise ainda continua. Simplesmente, não é a crise de 2011 ou 2012. Está-se a passar esse momento. A economia já está a crescer mas posso dizer que, as pessoas se calhar não se lembram, mas em 2014 o nosso país já estava a crescer. Já havia indicadores que já estava a crescer. Por isso, o que foi feito no tempo da Troika, eu acho que foi muito bem feito. Pode ter sido um pouco demais, mas os resultados estão aí. Os resultados positivos da economia do país não são só deste Governo, é também do Governo anterior que fez aquela machadada, mas é como a história da cigarra e da formiga. As pessoas também têm que se lembrar que quem juntou verbas, quando nós estávamos na banca rota, fomos todos nós, os portugueses, mas que teve um líder do anterior Governo que foi o dr. Pedro Passos Coelho. Está-se a conseguir que o nosso país esteja a melhorar. Esperemos que continue e que as políticas que este Governo está a fazer sejam as melhores, que é o meu sincero desejo.
Com o hotel já a funcionar, vai fazer a diferença na oferta para esta altura da FEQM?
Sim, faz sempre a diferença. Mas já funcionava nas anteriores edições, embora com outras características. Não posso dizer que eles são melhores ou piores que outros, mas aquilo que espero é que façam uma boa hospedagem às pessoas.
As praias fluviais são uma das montras do concelho de Vila de Rei. O concelho também apostou forte na sua promoção, como por exemplo na TAP. Como é que correu?
Neste momento ainda não temos o retorno real. Pensamos que no inverno é que vamos verificar esse retorno do verão. Mas é uma aposta que fizemos e estamos a continuar a fazer. O próximo Executivo terá a oportunidade de fazer outras apostas. Nós vamos ter a nossa e, se formos nós a ganhar, vamos ter uma aposta forte na internacionalização de Vila de Rei. Já estamos a trabalhar nessa situação.
A internacionalização em que sentido?
A nível de feiras internacionais. Estamos a falar em circuitos de turismo, que neste momento estamos a fazer a tal candidatura, e estamos a ajudar os nossos produtores, pois estes circuitos comerciais são bastante válidos para eles.
O turismo do Concelho vai continuar a girar à volta das praias fluviais?
Sim, mas o próximo Executivo vai ter condições para receber investimento privado em termos de turismo no nosso concelho, porque todas as condições estão criadas. Este projeto da internacionalização de Vila de Rei, de dar a conhecer Vila de Rei lá fora em circuitos gastronómicos, comerciais e de turismo, vai ser uma mais valia para dar a conhecer as nossas paisagens, os sítios onde se podem construir empreendimentos turísticos… Agora é fazer o resto da busca que estamos a fazer numa candidatura.
Falou do investimento privado… como é que está a situação da Herdade Foz da Represa?
No dia 17 de julho eles entregaram os projetos de especialidades. Por isso, está em análise na Câmara. Depois irá para o Turismo de Portugal e, seguidamente, voltará aqui [Câmara].
Metade do processo está feito?
O maior problema está resolvido, que foi a suspensão do Plano de Ordenamento da Albufeira do Castelo de Bode e o PDM, que dizia que aquilo era em REN (Reserva Ecológica Nacional), e que ainda é, mas que a APA (Agência Portuguesa do Ambiente) autorizou em certos pontos que não fosse em REN. A “bola” está neste momento num investidor privado, e louvo a sua paciência em ter esperado tantos anos pela burocracia do nosso Estado.
Um dos grandes problemas com que o nosso país se debate, e Vila de Rei nunca pode fugir ao tema, são os incêndios. Estamos em época de incêndios, de que modo é que a Autarquia se está a precaver?
É uma preocupação que temos todos os dias. Tentamos fazer tudo por tudo, para que as coisas não aconteçam da pior forma. Todas as forças de proteção civil e entidades parceiras estão no terreno a ver se não acontece nada. Em cima desta calamidade que houve em Pedrogão Grande, poderá haver uma janela de oportunidade. Espero que este Governo tenha essa coragem politica, que faça chegar uma legislação própria para que os proprietários tenham que cumprir. Eles são donos dos terrenos, mas tem que haver obrigações, tem que haver ordenamento florestal. Neste mandato, não tendo a legislação que nós queremos que haja, já demos estímulos às pessoas, demos apoio para que possam fazer outras culturas para além do pinheiro e do eucalipto.
O Município tem acompanhado a parte das limpezas dos terrenos?
Neste momento é à GNR que o compete fazer. Antigamente era a Câmara Municipal, mas agora a legislação dita que é a GNR e eu acho muito bem porque é uma autoridade. As pessoas que têm terrenos, em 2003 ficaram desacreditadas com isto tudo. Não houve legislação que ajudasse essas pessoas, que as ensinasse sobre o que é que deviam ou não cultivar. Enquanto não houver isso, vai haver um desordenamento total. E daí o estimulo que fizemos há pouco tempo, em 2016, que é um regulamento de apoio à agricultura. Passa por um apoio a quem queira adquirir árvores como oliveiras, medronhos, castanheiros, carvalhos, árvores de fruto... e também em animais, como cabras e ovelhas ou mesmo as casas de agricultura, os ditos barracões e a cercas. Estamos a estimular as pessoas a modificarem o que têm. Fazemos essa sensibilização para que haja, pelo menos, uma descontinuidade florestal. Porque é que mandámos construir o lagar e a destilaria? Para que as pessoas saibam que podem transformar esse produto ali, que está ali ao pé.
É, portanto, um incentivo à plantação?
Sim, é também um incentivo à plantação. Neste momento não posso falar no futuro, porque há outras ideias para o lagar e para a destilaria, mas devo precisar que as pessoas devem cultivar mais oliveiras e medronheiros, porque é uma aposta forte do concelho de Vila de Rei. Temos que modificar um bocadinho a paisagem de Vila de Rei, que é bonita, mas está desordenada. E nesta questão dos incêndios, não são só as Câmaras Municipais que têm culpa, somos todos nós que temos culpa.
Que outros investimentos foram feitos ao longo deste mandato?
Para além da destilaria e do lagar, há a ETAR, e a Escola Básica e Secundária de Vila de Rei que está neste momento terminada. Foi um grande privilégio para mim, como professor, ter conseguido aquelas obras, isto porque o Ministério da Educação não queria. Nós estamos naquele programa “Aproximar”, da descentralização da educação, com 15 municípios, e foi por aí que conseguimos, porque se não, não tinha havido investimento do Governo central aqui. Fomos buscar 85% a fundo perdido e conseguimos acrescentar mais salas e ter o espaço exterior mais bonito. E podemos considerar que o pavilhão, que neste momento só pode estar naquela situação, visto que o programa Portugal2020 não está a financiar pavilhões desportivos, é muito importante. É importante termos aquela estrutura para depois, futuramente, termos um pavilhão desportivo como deve ser.
Outra obra que eu acho que é muito importante, fora os apoios que já referi anteriormente, foram os serviços que nós conseguimos. O CLDS3G, o GIP – Gabinete de Inserção Profissional e também na justiça, com a videoconferência. Foram três serviços que neste mandato conseguimos que ficassem no concelho de Vila de Rei, para que as pessoas não tenham que se deslocar para outros concelhos. É muito importante esta política de proximidade que nós conseguimos. Outra obra que nós pensamos que vai valorizar é a do Centro Geodésico de Portugal. Tem uma cara nova e está com muitos melhoramentos. É uma obra muito importante para o concelho. O Centro Geodésico de Portugal é o ex-libris do concelho de Vila de Rei, é o centro geodésico da Milriça.
Outras das obras que eu acho que foi um apoio que estamos a dar é a ARU (Áreas de Reabilitação Urbana). Neste momento está na sede de concelho mais algumas aldeias à volta. A ARU vem modificar, para que acha mais obras dos particulares. O IVA passa de 23% para 6% na construção, há isenção de IMI durante 5 anos e isso é uma ótima oportunidade que os nossos particulares têm para fazer reabilitações de habitações ou para fazer uma ampliação, por exemplo. É uma ótima oportunidade para que estas pessoas paguem menos impostos no seu concelho. O novo regulamento que também saiu, foi o das casas degradadas. Ao mesmo tempo, como as ARU’s não podem ser para o concelho inteiro, fizemos um regulamento à parte, para que seja para o todo o concelho. Damos muitos materiais, consoante o rendimento das pessoas e o seu recenseamento. As pessoas cá recenseadas recebem mais do que as que não são.
O presidente lançou essa campanha do recenseamento… Já sabe se deu resultado?
Vou continuar com essa campanha, isso é certo. Dia 1 de agosto vamos saber se as pessoas tiveram esse carinho por Vila de Rei ou não. Vamos ver. Mesmo que não tenha resultado, fico com a minha consciência tranquila.
Patricia Seixas e Fátima Saraiva_Estagiária ESTA