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Blind Zero editam “Often Trees”, oitavo álbum da carreira e “o melhor até agora”

5/10/2017 às 00:00

Os Blind Zero editam na sexta-feira o álbum “Often Trees”, oitavo trabalho de originais da banda portuense, que considerou à Lusa ser este “o melhor disco" da carreira.

Editado pela Red Lemon Music, “Often Trees” sucede a “Kill Drama II”, lançado em 2015, e demorou, revelou a banda em entrevista à Lusa, “à volta de um ano” a ficar concluído.

Este é, para o grupo, o seu “melhor disco”, de acordo com Miguel Guedes perante a concordância do guitarrista Vasco Espinheira e de Nuxo Espinheira, que produziu o álbum, até pela capacidade de o trabalho criar um “imaginário específico”.

“Este é um disco definitivamente diferente do que temos vindo a fazer no passado mais recente. Parece-nos ser o disco com caráter mais forte”, apontou o vocalista.

Em “Often Trees”, há “uma ligação quase umbilical entre todas as canções pelo som, temática, densidade e posicionamento que projeta”, mantendo uma capacidade de manter um “olhar fílmico”, característico da banda.

Antes da criação de “Often Trees”, os músicos tinham produzido “um disco que não era este, e esse processo criativo foi posto de lado, surgiram dois discos mas um deles foi morto”.

“Foi um ato de maturidade e coragem”, reforçou Vasco Espinheira, que considerou que o disco “revela alguma experiência” e que a decisão de ‘matar’ o outro disco “foi instintiva”, dando lugar a um novo trabalho que “tem uma identidade muito própria, com carga e dimensão”.

O novo disco é “muito diferente dos anteriores”, em que a banda seguiu um rumo assumido mais próximo do ‘pop’, mas a mudança veio para que a banda não “perdurasse nessa fase”, ainda que discos como “Luna Park” ou os dois “Kill Drama” tenham “canções que ficam para sempre”.

“É impossível beber sempre sumo de maçã. Chega a uma altura em que passa verdadeiramente de validade e nós sempre quisemos mudar e ter alguma mudança estética em todos os discos”, apontou Miguel Guedes.

Entre temas recorrentes do trabalho dos Blind Zero, está o “caráter fílmico” do novo álbum, no qual há “dois planos, o grande plano, dos grandes espaços e a natureza, e o plano apertado, mais minucioso”, e ainda a “dicotomia entre a luz e a escuridão”, presente em trabalhos como “Shine On” ou a nova “It’s a Bright, Bright Night”.

“A minha principal visão deste disco é uma floresta iluminada à noite. É aí que coloco as minhas personagens”, comentou o vocalista, que descreve o trabalho como “perturbado” e “por vezes um bocadinho persecutório, como um policial”, mas que “não deixa o ouvinte indiferente”.

“Often Trees” apresenta “uma facilidade incrível de tocar ao vivo, por ser instintivo”, referiu Vasco Espinheira, o que esconde, disse Nuxo, um “trabalho de procurar o instrumento certo, o som certo, para chegar aos momentos que se queriam” transmitir ao ouvinte.

Nuxo Espinheira produziu o disco, masterizado pelo norte-americano Andy VanDette, que já trabalhou com artistas como David Bowie, Beastie Boys ou Danny Elfman.

Ao lado de temas como “Our Place by the Lake” ou “Tormentor”, há ainda “War is Over”, com a participação da compositora e multi-instrumentista de Birmingham Jo Hamilton, autora de “Gown”.

Com 23 anos de uma carreira iniciada em 1994, os Blind Zero não se sentem "porta vozes ou símbolos de nada", afiança Miguel Guedes, até porque a banda “só conta os anos que faltam” e não o que está para trás, mantendo “a urgência em criar” que atravessou o percurso do grupo.

A banda de Miguel Guedes, Nuxo Espinheira, Vasco Espinheira, Pedro Guedes e Bruno Macedo já lançou um primeiro ‘single’ de avanço, “You Have Won”.

O disco estará disponível a partir de sexta-feira em CD, vinil e cassete, além das várias plataformas digitais, e será apresentado a 20 de outubro num concerto na Casa da Música, no Porto, onde o grupo tem “ambição de o tocar inteiro”, mesmo que existam faixas de outras canções no meio de uma “atuação profundamente focada neste”.

Lusa

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