Jorge Palma comemorou a 4 de Junho 70 anos e é um dos poucos artistas portugueses que escreve, toca, compõe, canta, arranja e produz.
Tem uma longa carreira recheada de discos marcantes e canções que sabemos de cor, e que constituem capítulos relevantes da história da pop portuguesa. É um artista transversal e intemporal, um clássico, uma referência, uma instituição. Já podia ter nome de rua ou estátua na praça, mas garantidamente é um dos nomes de que todos, unanimemente, nos orgulhamos por ser dos nossos.
Jorge Palma aprendeu piano no conservatório e tocou nas ruas e no metro. Foi ao Festival da Canção e fez o tema título da mítica série de televisão “Zé Gato”. Teve bandas como os Sindicato (com Rão Kyao, entre outros) ou o Palma’s Gang (supergrupo com Flak e Alex Cortez dos Rádio Macau e Zé Pedro e Kalú dos Xutos).
Cruzou-se com artistas tão diferentes como Amália Rodrigues, Tonicha, Censurados, Sérgio Godinho, Amélia Muge, José Barata Moura ou João Pedro Pais.
Estreou-se na Valentim de Carvalho a solo em 1975 com “Com uma viagem na palma da mão”.
O disco composto em Copenhaga, enquanto exilado político. Um disco de libertação (ou não tivesse acontecido o 25 de Abril há poucos meses...), dores de crescimento e de procura de uma voz, já com os primeiros esboços daquilo que viria a ser a canção à Palma, povoada de histórias longas de poesia narrativa e sem espartilhos métricos. Uma busca extensível à música e aos arranjos, sob influências várias, do rock progressivo ao jazz, passando pelo musical e pela música psicadélica, com espaço para momentos mais intimistas ao piano.
Em 1977 editou "Té Já", finalmente disponível nas plataformas digitais.
Este, é um álbum mais consistente e de maior maturidade, a todos os níveis. As letras são mais ricas e complexas, mantendo a espontaneidade coloquial e o clima de contestação e reflexão, e as relações amorosas como mote mais recorrente. Na parte instrumental, permanece uma dose de risco e experimentação (com direito a deriva jazzística instrumental) mas os arranjos e opções sonoras são mais fluídas e coesas, com a voz de Palma a emergir forte e segura na condução das canções. E a primeira grande pérola do cancioneiro de Jorge Palma, ainda que com roupagens a que estamos menos habituados, surge aqui, “Bairro do Amor”.
Ficam os parabéns, pelo aniversário, e o muito obrigado pela obra. E também o convite para revisitar o Jorge Palma inicial. Vão ouvir que vale a pena!