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José Cid revela-se no novo álbum “Clube dos Corações Solitários do Capitão Cid”

15/01/2018 às 00:00

José Cid afirmou à agência Lusa que o seu novo álbum, “Clube dos Corações Solitários do Capitão Cid”, em vinil e CD, a editar na próxima sexta-feira, é aquele em que mais se revela.

“Este disco é de facto aquele em que mais me mostro, é uma espécie de arco-íris, não se define musicalmente, é um álbum de canções, todas muito diferentes umas das outras”, afirmou o músico em entrevista à Lusa.

O músico fez questão de sublinhar a diferença entre cada uma das canções, gravando em diferentes estúdios, e “de diferentes formas, com músicos sempre diferentes”.

O CD, uma edição da Acid Records, é constituído por 16 canções, e o vinil, por 13, “todas elas diferentes e sem ligação entre si”, havendo “uma espécie de divisão radical, para não haver repetições”.

Para combater qualquer tipo de coerência musical, José Cid afirmou que optou por músicos diferentes em cada uma das canções. “Coerente era a minha avó!”, declarou Cid, que celebra no próximo dia 04 de fevereiro, 76 anos.

“Este é um álbum despojado de grandes conceitos de produção, muito acústico, muito simples, em que me exponho de facto, e é um álbum muito poético”, disse.

Além de temas de autoria de José Cid, como “Clube dos Corações Solitários do Capitão Cid” ou “Na Quermesse das Rifas”, o álbum inclui um poema de Gabriela Mistral, “As Andorinhas da Paz”, que Cid traduziu e musicou, e também temas assinados por Zé Gonçalez, António Tavares Teles, Helena Walsh, Manuel Paulo ou João Monge, entre outros.

Um dos temas do álbum intitula-se “The Fab 4”, uma nova versão do tema “Ode to the Beatles”, do Quarteto 1111, um tributo à banda de Liverpool, cujo álbum “Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band” (1967) inspirou a capa do novo disco do músico português, distinguido em 2016 com o Prémio de Música Pedro Osório, pela Sociedade Portuguesa de Autores.

Referindo-se à capa, na qual, além de José Cid, vestido com o trajo de confrade dos Enófilos do Dão, figuram várias personalidades, de como Luís de Camões, Hermínia Silva e John F. Kennedy, a Natália Correia, Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa ou Sofia Loren, o músico afirmou que “é a primeira vez no mundo em que quem compra o disco tem direito a ter a sua própria fotografia na capa”.

Cid refere-se ao facto de, entre as mais de duas dezenas personalidades, como Lauren Bacall, Duarte de Bragança ou Júlio Isidro, haver um espaço em branco que pode ser ocupado pela foto de quem adquirir o CD/Vinil.

“Este é o grande truque desta capa”, realçou Cid, que a qualificou como “espantosa”, e que inclui as suas “grandes referências e algumas amizades”.

Na primeira linha figuram nomes como o produtor Mário Martins, com quem Cid iniciou a carreira discográfica, ou Tozé Brito, com quem se cruzou no Quarteto 1111 e compôs várias canções, e com quem neste álbum partilha a autoria e interpretação da canção “João Gilberto e Astor Piazzolla”.

Entre outras canções, o músico referiu a sua versão de “Pintame Angelitos Negros”, de André Eloi Blanco, que apontou como “muito atual, ao falar das crianças negras desprotegidas, em que o poeta questiona o pintor", por, "à volta da Virgem, não pintar antes anjos negros, em vez de loiros", assumindo "mais a sua vertente de objeção de consciência”.

Destacou igualmente “Sigo cantando”, de Helena Walsh, que a cantora Uxía lhe sugeriu gravar, pois considerou-o “o músico ideal para o fazer”, e ainda “Saudades do Botequim (à memória de Natália Correia)”, que gravou no atual Botequim, no bairro lisboeta da Graça.

Outro tema citado por Cid foi “A Banda do Capitão Fausto”, que dedica à banda liderada por Tomás Wallenstein, que gravou uma canção sobre José Cid.

À Lusa, José Cid chamou à atenção para o facto de que “este álbum é feito por rapaz de 75 anos". Em seguida, afirmou: “Fui sempre um homem de vanguarda naquilo que fiz e, nesse aspeto, fui sempre muito pouco compreendido em Portugal. Mas nunca me lamentei publicamente, porque tenho um público incrível que vai a todos os meus concertos e não sai de lá ao fim de duas horas”.

Para o músico, “a maior homenagem” é a do seu público, que o tem acompanhado numa carreira com mais de 50 anos.

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