O cantor belga Art Sullivan morreu na noite de quinta para sexta-feira, na sequência de um cancro do pâncreas, noticiou o jornal Le Soir.
Líder de vendas no início da década de 1970, com canções românticas, numa altura em que a língua inglesa, bandas e cantores como Rolling Stones, Deep Purple, Eagles, Elton John, Alice Cooper, Roberta Flack, Gilbert O'Sullivan e Don McLean mobilizavam atenções, Art Sullivan afirmou-se na cena musical internacional desde a edição do seu primeiro disco, "Ensemble", em 1972.
Nos anos seguintes, manteve o seu lugar na primeira linha, com canções como "Petite Demoiselle", "Petite fille aux yeux bleus", "Adieu sois heureuse", "Une larme d'amour" e "Donne Donne moi", somando mais de dez milhões de discos vendidos, como recorda hoje a televisão pública belga, RTBF.
O músico abandonaria os palcos em 1978, para privilegiar a produção audiovisual, embora regressasse pontualmente às canções. Assinou séries documentais sobre cidades belgas e famílias reais europeias.
No início dos anos 2000 surgiram algumas reedições dos seus êxitos, em compilações de CD como "Cette Fille La" e, em 2014, publicou a sua biografia, "Art Sullivan: Drole de Vie en Chansons", escrita por Dominique de York.
Nascido com o nome Marc van Lidth de Jeude, em 1950, numa família da aristocracia belga, a carreira de Art Sullivan contou com o trabalho do produtor Jacques Verdonck, que estabeleceu os parâmetros e o "sucesso atípico" do seu percurso, como escreve a RTBF.
De acordo com o jornal Le Soir, Art Sullivan contava festejar em 2020 os 45 anos de carreira, com dez “mega espetáculos”, em países como Argentina, Alemanha, Holanda e Polónia.
O cantor atuou em Portugal em 1977, no auge da sua fama. Em 2007 chegou a ser anunciada a sua atuação nos coliseus de Lisboa e Porto, mas os concertos foram cancelados.
Em 2009, atuou na Póvoa de Varzim.
Em 2010, numa entrevista à Lusa, quando lançou um álbum comemorativo de 35 anos de carreira, o criador de "C'est la vie, c'est joli" disse que deixou de cantar em 1978, por considerar "que não havia lugar" para a música que fazia.
Sobre as suas canções, disse esperar que os mais novos as descobrissem e os mais velhos as recordassem.
Na altura, março de 2010, Art Sullivan agendou uma série de 30 concertos em Portugal, acompanhado por uma orquestra.
"Não tenho grandes pretensões culturais, faço música ligeira, canto uma canção simples que em três minutos faz sorrir e sonhar, e isso basta-me", disse então o cantor à Lusa.
O músico sublinhou que "a música se faz de emoções e sonho" e destacou a internet como "uma grande revolução da música".
Na ocasião gravou com o cantor Hugo, da Póvoa de Varzim, que tinha vídeos na internet interpretando algumas das suas canções. "Gostei e convidei-o a vir gravar comigo", disse então o cantor.
Sobre a música em francês, da época, Art Sullivan considerou-a "uma catástrofe". "Agora é o domínio do inglês", reconheceu.
O músico referiu ainda que "o império da língua inglesa obriga que outros cantores, franceses, portugueses ou dinamarqueses, por exemplo, tenham de cantar em inglês para se internacionalizar".
"É uma grande pobreza cultural, é mesmo uma catástrofe, é como termos todos de ir comer ao McDonald's seja em Bruxelas, Madrid ou Lisboa", acrescentou Art Sullivan.