O compositor Nuno Côrte-Real lança hoje no mercado um novo álbum de música clássica, com composições que tomam por base o cante alentejano e músicas tradicionais portuguesas.
O concerto de lançamento do álbum duplo realiza-se no domingo, no Cineteatro Municipal de Serpa, no distrito de Beja, onde Nuno Côrte-Real irá dirigir o Ensemble Darcos, acompanhado pelo Coro Ricercare e o maestro Pedro Teixeira, que participam no projeto.
“A música tradicional portuguesa é muito rica, tem uma grande variedade melódica e é importante que, dentro da música clássica, se possa trabalhar nela também”, afirmou à agência Lusa Nuno Côrte-Real, que fez arranjos para coro e instrumentos de melodias tradicionais.
Este “Novíssimo Cancioneiro” é uma nova interpretação do tradicional cante alentejano, património cultural imaterial da humanidade da UNESCO, desde 2014, dando o compositor o seu “contributo” para a sua divulgação.
Enquanto o primeiro álbum é baseado em músicas tradicionais de diversas regiões do país, o segundo centra-se no ‘cante alentejano’, em concreto em melodias retiradas do “Cancioneiro de Serpa”, recolhido, transcrito e organizado por Maria Rita Ortiga Pinto Cortez, que inclui melodias como “Menina estás à janela” ou “Rama ou que linda rama”.
“Cante”, como se intitula o álbum, marca o regresso do compositor Nuno Côrte-Real à editora Odradek, depois dos álbuns “Mirror of the Soul”, com obras de Eurico Carrapatoso, Sérgio Azevedo e Nuno Côrte-Real, e “Agora Muda Tudo”, que contou com a participação da cantora Maria João e do escritor José Luís Peixoto.
Há um ano, Nuno Côrte-Real editou igualmente “Lagarto Pintado – Teatro Musical para Crianças”, uma outra viagem pelo cancioneiro popular português, com música original e arranjos do compositor, conjugada com uma história de Sílvia Abreu. “Lagarto Pintado” contou com a plataforma cultural Estufa e o coro infantojuvenil da Escola de Música Luís António Maldonado Rodrigues.
O concerto do próximo domingo, de apresentação do novo álbum, tem no programa o Quarteto de cordas n.º 12, em Fá maior, “Americano”, de Dvorák, uma obra escrita nos Estados Unidos pelo compositor checo, na linha da conhecida “Sinfonia do Novo Mundo”, em que sublima a influência de espirituais negros e outros cantos locais de celebração, através de melodias e ritmos específicos da sua escrita.
A segunda parte do concerto, com início marcado para as 17:00, compreende o segundo livro de “Cante – Novíssimo Cancioneiro”, de Nuno Côrte-Real.
Nascido em 1971, Nuno Côrte-Real tem vindo a afirmar-se como um dos mais importantes compositores e regentes portugueses da atualidade.
Em 2018 e 2019, ganhou o Prémio de Melhor Trabalho de Música Erudita da Sociedade Portuguesa de Autores, com o ciclo de canções "Agora Muda Tudo" e com a ópera “Canção do Bandido”, respetivamente.
O Ensemble Darcos, um dos mais prestigiados e internacionalizados agrupamentos portugueses de música de câmara, foi criado em 2002 por Nuno Côrte-Real e tem como propósito a interpretação deste repertório europeu, com atenção à produção portuguesa e à música do próprio Côrte-Real.
O Coro Ricercare, criado em 1996, é dirigido desde 2001 pelo maestro Pedro Teixeira. Desde a sua fundação, dedica grande parte da sua atividade à nova música, tendo estreado mais de 60 obras de compositores portugueses.
Lusa