Os Expensive Soul editaram a 14 de Junho “A Arte das Musas”, álbum que é “um apanhado” de 20 anos de carreira, que a banda comemora este ano, já que tem um pouco de cada um dos quatro trabalhos anteriores.
“Acho que é um apanhado de 20 anos de carreira, ele tem um bocadinho do primeiro disco, do segundo, do terceiro e do quarto, é um bocadinho o culminar destes 20 anos. Fizemos o que sabíamos fazer melhor até à data, basicamente”, afirmou New Max, que com Demo forma os Expensive Soul, em declarações à Lusa.
Ao quinto álbum, New Max e Demo optaram por diminuir o número de temas. “A Arte das Musas” é composto por nove faixas, enquanto o primeiro álbum tinha 17 músicas e o segundo 14, por exemplo.
“Cada vez é mais difícil tocarmos as músicas ao vivo, porque temos um alinhamento de uma hora e meia, o que dá para tocarmos 16 músicas e nós neste momento temos 60 ou 70 músicas, com estes discos todos”, contou New Max.
Além de, ao vivo, acabarem por não conseguir tocar as músicas todas, às vezes nos discos acabam por entrar temas dos quais só os seus autores gostam.
“Neste caso, neste último disco, quisemos mesmo concentrar o que achámos que as pessoas iam gostar. Uma coisa mais reduzida, mas mais eficaz, por assim dizer”, defendeu.
Os Expensive Soul juntaram-se em 1999, em Leça da Palmeira, no concelho de Matosinhos, mas o primeiro álbum da banda, “B.I.”, só seria editado em 2004. Seguiram-se “Alma Cara” (2006), “Utopia” (2010) e “Sonhador” (2014).
A festa dos 20 anos de carreira faz-se com um novo álbum e um concerto na Altice Arena, em Lisboa, em 23 de novembro.
Passando em revista a carreira da banda, New Max destaca vários momentos positivos, tendo o “ponto mais forte” acontecido com “Eu não sei”, tema integrado no primeiro disco, que, ao fazer parte da banda sonora da série televisiva “Morangos com Açúcar”, da TVI, faria a música da banda “chegar ao grande público”.
Alguns anos depois, em 2010, com o “O amor é mágico”, tema que faz parte de “Utopia”, veio outro ponto alto da carreira. “Foi uma música que foi reconhecida a nível nacional e [com a qual] ganhámos alguns prémios”, recordou New Max.
O músico e produtor destaca ainda o espetáculo Symphonic Experience, com uma orquestra dirigida pelo maestro Rui Massena, que surgiu no âmbito de Guimarães Capital Europeia da Cultura, em 2012.
“Também foi um ponto altíssimo da nossa carreira, porque era uma coisa que não estávamos à espera de fazer tão cedo, tão novos. Foi com cerca de 200 músicos em palco, e achávamos que só íamos fazer quando tivéssemos 50 anos de carreira uma coisa assim desse tamanho, mas surgiu naquela altura e foi uma coisa única para nós e que nos marcou”, referiu New Max.
Embora a maior parte das coisas tenham sido “muito positivas houve, e continua a haver, alguns percalços”, porque cada álbum que a banda edita “é uma batalha”.
“Porque estes discos são todos independentes, somos nós que tratamos desde a capa à distribuição, todo o processo passa por nós e isso torna às vezes as coisas um bocadinho mais difíceis e acabamos por ser um bocadinho mais exigentes também, porque estamos a lidar com o nosso ‘filho’, então vai tudo ao pormenor e às vezes não corre tão bem”, disse.
A título de exemplo, o músico partilhou que embora o álbum seja editado hoje, dia em que fica disponível digitalmente, só chega às lojas na segunda-feira, “porque os discos não chegaram a tempo”. “Isto é uma coisa que já não está a correr muito bem, mas é normal, são coisas que acontecem no meio de tudo isto”, afirmou.
Apesar de alguns percalços, “foi sempre muito positivo”. “Foram 20 anos que passaram muito rapidamente, e ao fim de 20 anos podermos continuar a viver da música e a fazer o que mais gostamos, não podia ser melhor”, disse New Max.
Editarem os álbuns de forma independente acabou por tornar-se uma opção. Em 2001, depois de baterem à porta de algumas editoras e terem levado outras tantas ‘negas’, decidiram fazer “uma edição de autor de mil discos”.
“Um ano depois, a EMI quis relançar o ‘BI’ e nós fizemos uma nova edição e o segundo disco já saiu licenciado à EMI. Fomos sempre artistas independentes, mas licenciámos esse disco à EMI. No terceiro voltámos a ficar sozinhos, independentes, e continuamos hoje em dia assim”, recordou.
Desta forma, acredita New Max, os Expensive Soul conseguem “ser mais autênticos”.
“Não temos que fazer coisas que não gostamos de fazer, podemos decidir tudo. Dá mais trabalho, mas no final das contas acaba por ficar como nós queremos mesmo, e acho que vai ser sempre assim. Não acredito que os Expensive Soul vão para uma editora. Acho que vai ser assim até morrer”, disse.
Neste momento, a banda sustenta New Max e Demo “e uma equipa muito grande”. “Banda e ao vivo somos 24 pessoas e já há muitos anos que é assim. Hoje em dia é uma empresa, que põe comida na mesa a muita gente”, referiu.
New Max faz alguns trabalhos de produção e Demo é também DJ, mas os Expensive Soul são “a base” de ambos.
Lusa