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Novo concerto do Bangladesh 50 anos após primeiro grande concerto de solidariedade

3/08/2021 às 06:26
(DR)

Meio século após o primeiro grande concerto de solidariedade, com figuras mundiais como George Harrison e Bob Dylan, que decorreu em Nova Iorque e se destinou a ajudar o Bangladesh, várias figuras juntam-se domingo com atuações reais e digitais.

A 01 de agosto de 1971, várias das principais figuras mundiais da música reuniram-se no Madison Square Garden de Nova Iorque para participar no primeiro grande evento de solidariedade de massas, o Concerto para o Bangladesh, um ponto de viragem que deu origem a todo um movimento caritativo.

Organizado pelo guitarrista dos Beatles George Harrison e pelo lendário músico indiano Ravi Shankar, o concerto visava lançar um apelo internacional para ajudar o país asiático, que tinha acabado de declarar a independência do Paquistão e que tinha sido duramente atingido, não só por uma guerra civil, mas também por vários desastres meteorológicos.

No total, seis milhões de pessoas tinham sido deslocadas na altura, vivendo em condições duras que levaram à desnutrição, cólera e a uma longa lista de doenças.

Para Shankar, um tocador de cítara virtuoso, a situação era especialmente pessoal porque a sua família vinha do Bangladesh, pelo que decidiu falar com o seu amigo íntimo George Harrison para encorajar o evento.

O estatuto do Beatle atraiu pessoas como Bob Dylan, Eric Clapton, Billy Preston, Leon Russell e o seu companheiro de banda até há pouco tempo, Ringo Starr, que se apresentaram em dois concertos a 01 de agosto: às 14:30 e às 20:00.

Cerca de 40.000 pessoas assistiram ao espetáculo ao vivo e angariaram pouco mais de 240.000 dólares na altura (cerca de 202.200 euros, o que representaria hoje 1,3 milhões de euros), uma iniciativa que é considerada o primeiro verdadeiro ato de grande solidariedade pela comunidade roqueira e que foi um modelo para os enormes concertos de caridade que se tornaram populares nos anos 80, como o Live Aid, em 1985.

Este evento colossal, organizado por Bob Geldof para angariar fundos para as vítimas da fome na Etiópia, foi visto por cerca de 1,9 mil milhões de pessoas, que na altura representavam cerca de 40% da população mundial, e angariou cerca de 150 milhões de libras, o equivalente a 467 milhões de euros hoje em dia.

O montante angariado no Concerto para o Bangladesh foi entregue à Unicef, ao qual se juntou mais alguns milhões que resultaram da venda do álbum e do filme de sucesso, lançado em 1972.

Passados 50 anos, o novo Concerto do Bangladesh terá lugar domingo e também reunirá diferentes artistas, mas de uma forma muito diferente, pois irá realizar-se com recurso a tecnologia que em 1971 teria sido considerada ficção científica.

Organizado pela UBIK Productions e pela Samdani Art Foundation (Dhaka), com sede em Londres, o concerto tem como objetivo revisitar a história de solidariedade por detrás da versão original, com os fundos angariados a irem para os músicos participantes e para a instituição de caridade “Amizade” do Bangladeche.

Misturando elementos reais e digitais, o concerto consistirá em atuações ao vivo e em vídeo de 13 músicos do Bangladesh e do sul da Ásia, numa eclética fusão de estilos que vão desde o hip hop à música eletrónica experimental.

Utilizando a técnica do cromatismo audiovisual, cada músico será projetado para um palco de realidade virtual que acolhe as principais atrações naturais e arquitetónicas do Bangladesh e celebra um país que nos seus 50 anos de existência se tornou um dos centros criativos mais dinâmicos da Ásia.

O evento pode ser seguido na plataforma digital Pioneer Works, enquanto um concerto ao vivo pode ser visto no Yorkshire Sculpture Park em Wakefield, Reino Unido.

 

Lusa

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