Vários deputados usaram hoje no plenário o cravo na lapela ou na mão, muitos escolheram roupa vermelha e apenas uma deputada recorreu à mascara de proteção individual, numa sessão solene muito mais vazia que o habitual devido à covid-19.
De cravo estavam vários deputados do PS, alguns do PSD - não o líder, Rui Rio -, todos os do Bloco de Esquerda e do PCP e também os três membros do Governo que acompanham nesta cerimónia o primeiro-ministro, António Costa, ele próprio com esta flor na lapela, tal como o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.
O vermelho foi também uma cor escolhida por muitos deputados para a sessão solene, com várias gravatas desta cor, alguns vestidos, blusas ou calças.
As máscaras, que não foram uma recomendação da Direção-Geral de Saúde devido à dimensão do edifício, foram hoje ainda mais raras que nos plenários anteriores: apenas a deputada do PSD Filipa Roseta recorreu a este equipamento de proteção individual.
Os partidos cumpriram o combinado e apenas estão no plenário 46 do total dos 230 deputados, sentados com pelo menos duas cadeiras de intervalo entre si e que, antes da cerimónia, foram conversando, mas sem grande proximidade, de forma a cumprir o distanciamento social exigido pela pandemia.
Nas galerias, os poucos convidados presentes, menos de vinte, foram-se distribuindo em espaços e até filas diferentes: o antigo Presidente da República Ramalho Eanes - o único antigo chefe de Estado a estar presente - conversou longamente à distância, em pé, com o cardeal patriarca, Manuel Clemente, os dois sozinhos na tribuna presidencial.
Na galeria oposta, dois conselheiros de Estado, Francisco Louçã e Domingos Abrantes, iam conversando antes de começar a cerimónia, mas também sempre respeitando o distanciamento exigido.
A secretária-geral da UGT, Isabel Camarinha, ou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, foram outros dos convidados presentes, a parte dos representantes máximos militares e dos Tribunais.
A marcar o arranque da sessão solene, a reprodução da gravação oficial do hino nacional - que hoje não foi interpretado por qualquer convidado - com todos os deputados a cantarem de pé. Telmo Correia, o líder parlamentar do CDS-PP, entrou quando já se ouvia "A Portuguesa".
Alguns cravos enfeitam a Sala das sessões, mas, ao contrário do habitual, não há grandes jarras com estas flores espalhadas pelo edifício quem quiser os poder retirar.
A bancada de imprensa também ?encolheu' e hoje apenas oito jornalistas assistem dentro da Sala das Sessões à cerimónia, de forma a respeitar o distanciamento social.
Entre os primeiros convidados a chegar à Assembleia da República, ainda antes das 09:30, encontravam-se a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, e o conselheiro de estado Domingos Abrantes.
Às 09:30 certas chegou ao parlamento ao antigo Presidente da República, Ramalho Eanes, de fato escuro, gravata azul e sem cravo na lapela, flor que, entretanto, colocou.
O antigo chefe de Estado, que compareceu na sessão solene por "responsabilidade institucional", apesar de discordar do modelo escolhido para a cerimónia, não teve a companhia da antiga primeira dama Manuela Eanes.
Poucos minutos depois, chegou ao parlamento o diretor nacional da PSP, Magina da Silva, com uma viseira sobre a cara, seguido do cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, que trazia uma gravata vermelha e do conselheiro de estado Francisco Louçã.
Também de gravata vermelha, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça chegou à Assembleia da República pelas 9:38, seguido do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas.
Os convidados foram recebidos pelo secretário-geral da Assembleia da República, mas na escadaria da entrada principal estavam apenas jornalistas.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chegou à Assembleia da República à hora prevista, 09:55, de gravata escura e também sem cravo na lapela, tendo depois entrado no hemiciclo com a flor na mão, como já é habitual.
Nas últimas semanas, cresceu a polémica à volta do modelo de comemorações do 25 de Abril, quer dentro do parlamento - CDS e Chega foram contra, PAN e Iniciativa Liberal defenderam outros formatos - e fora dele, com duas petições 'online', uma pelo cancelamento e outra a favor da sessão solene, a juntarem centenas de milhares de assinaturas.
Lusa