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Abrantes: ALTERNATIVAcom não vê no Executivo “capacidade de inovação e realização”

16/06/2020 às 00:00

O Movimento Autárquico Independente ALTERNATIVAcom afirma, em comunicado enviado à redação, que “o nosso Concelho não tem hoje uma identidade suficientemente forte e atrativa”.

O Movimento refere-se ao discurso proferido pelo presidente da Câmara Municipal de Abrantes no âmbito das comemorações do Dia da Cidade, que “registámos, com interesse, as palavras dirigidas aos munícipes” e afirma que “não podemos estar mais de acordo com estas bonitas palavras”.

No entanto, “quando se reflete sobre elas e se avalia a sua aderência à realidade, dificilmente se encontra uma correspondência aceitável: o nosso Concelho não tem hoje uma identidade suficientemente forte e atrativa, a população tem decrescido dramaticamente (sobretudo a mais jovem) e enfrenta o flagelo do desemprego e da falta de oportunidades, e os valores referidos pelo edil são preferencialmente aplicados a quem apoia ou se conforma com o poder instalado.

Por estas razões, não vemos no atual executivo camarário – passados que são 16 meses desde a sua tomada de posse – a capacidade de inovação e realização de que Abrantes tanto necessita”.

O ALTERNATIVAcom avança que “pelo contrário, continuamos a assistir à degradação dos principais indicadores de desenvolvimento do concelho: mais desemprego, mais insucesso escolar, menos cultura, menos investimento ambiental, património abandonado, mercado diário disfuncional, projetos do Orçamento Participativo por concretizar, entre um sem número de outras situações que qualquer um de nós pode facilmente identificar”.

Lembra as taxas de desemprego no concelho que “tem o maior número de desempregados do Médio Tejo (26,6% do total da sub-região, mais 77% do que Tomar, o município que se lhe segue) e o número de desempregados inscritos no Centro de Emprego de Abrantes sobe desde meados do ano passado, atingindo em Abril deste ano mais 31,6% do que no mês homólogo de 2019”.

A nível escolar, “o nosso município tem, também, a pior taxa de insucesso escolar no ensino básico e a terceira pior no ensino secundário, no conjunto dos treze municípios do Médio Tejo”, pode ler-se no comunicado.

 

As medidas

O movimento ALTERNATIVAcom publicou no passado dia 20 de Maio um comunicado intitulado "Encarar a realidade e enfrentar os desafios", através do qual “se procurou alertar os abrantinos para a trajetória de declínio do concelho e recomendar 7 medidas para a inverter, mobilizando a comunidade para um novo projeto de recuperação e desenvolvimento, no qual todos se envolvam e contribuam, de acordo com as suas vontades e capacidades".

Adianta o Movimento Independente que “ao contrário do que parece exaltar o executivo camarário, não tivemos qualquer 'feedback' nem verificámos qualquer interesse em debater, analisar ou adotar qualquer uma das referidas medidas. O silêncio foi absoluto, como quem «não sabe, não quer saber e até sente incómodo por quem diz». Assim não se desenvolve Abrantes, assim não se constrói o futuro a que por direito e empenho todos aspiramos. É preciso defender os interesses de Abrantes e dos abrantinos. O poder político local existe para isso e não pode estar sujeito e ser submisso a cúpulas partidárias nacionais”.

No comunicado de dia 20 de maio, o ALTERNATIVAcom comprometia-se a:

“1. Promover uma auditoria independente ao Programa ABRANTES INVEST e apresentar publicamente os resultados dessa avaliação, esclarecendo em que medida este Programa contribuiu para a captação e promoção do investimento, a constituição e expansão de empresas e a criação de emprego estável e qualificado, tendo em conta os objetivos previstos e os custos suportados;

2. Confirmando-se a ineficiência e ineficácia do Programa ABRANTES INVEST, reformula-lo ou substitui-lo por outro modelo mais proativo e dinâmico, baseado no apoio efetivo ao tecido empresarial do município, na procura ativa de investimento e empresariado externo, e na promoção da incubação e empreendedorismo interno, sobretudo no domínio das indústrias turísticas, criativas e tecnológicas;

3. Repensar a estratégia e o modelo de gestão do Tagusvalley, abrindo esta instituição ao tecido empresarial e empreendedor do concelho, tanto o atual como potencial, e integrando-a de forma clara e efetiva, quer no Programa que, eventualmente, sucederá ao problemático ABRANTES INVEST, quer nas instituições de ensino superior e técnico-profissional que devem ser melhor entrosadas e ter um papel reforçado no desenvolvimento do nosso concelho;

4. Valorizar as competências, energias, património, símbolos e marcas de Abrantes, incentivando o espírito empreendedor, criativo e inovador dos abrantinos, traduzido em atividades económicas, sociais, culturais e ambientais que promovam e enriqueçam o concelho, projetando-o a nível nacional e internacional, a começar pelos municípios geminados;

5. Aprovar um programa municipal de apoio e estímulo às atividades turísticas locais, em rede com os municípios e a oferta especializada da região, apostando especialmente no turismo de natureza, cultural, desportivo, gastronómico, industrial, de negócios e da Rota da EN2;

6. Dinamizar a organização, em bases sólidas e aspiracionais, dos artesãos e pequenos produtores familiares, com projeção externa e presença em todas as freguesias, apoiando a produção, administração, comercialização e distribuição dos seus bens e serviços. O contributo desta organização, em parceria com as universidades seniores do concelho, será muito importante para a dinamização da economia local e do emprego, assim como para a valorização das artes e ofícios tradicionais;

7. Promover o debate público sobre a execução do PEM – Projeto Educativo Municipal com vista à sua atualização, divulgando previamente as avaliações e recomendações feitas nos relatórios do respetivo Observatório. Não nos conformamos com os indicadores atuais e entendemos que Abrantes tem a obrigação de estar entre os municípios do Médio Tejo com melhor desempenho e sucesso escolar, em todos os níveis de ensino”.

 

Assembleia Municipal para debater estratégias e políticas autárquicas

O movimento ALTERNATIVAcom desafia assim a “maioria autárquica do Partido Socialista, bem como aos demais partidos e movimentos representados nos órgãos autárquicos que, até ao final do ano, seja realizada uma sessão da Assembleia Municipal de Abrantes (ou um fórum por esta promovido) aberta à intervenção dos munícipes, exclusivamente dedicada ao debate das estratégias e políticas autárquicas do concelho, por sectores de atividade”.

Manifesta “a sua disponibilidade para contribuir construtivamente para este debate, com a convicção de que a esperança num futuro melhor só se concretiza com o saber, a arte e o engenho de todos os abrantinos, independentemente da sua ideologia ou cor partidária”.

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