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Abrantes: BE propõe classificação do antigo Mercado Diário. Maioria PS rejeita

20/03/2018 às 00:00

A proposta do BE para a classificação do antigo Mercado Diário como Imóvel de Interesse Municipal foi hoje rejeitada pela maioria PS na reunião do executivo camarário.

Armindo Silveira, vereador do BE, procedeu à leitura da proposta (ver aqui) e explicou que a mesma surge para evitar a demolição daquele edifício.

“Perante o que está no Plano de Urbanização de Abrantes (PUA), que prevê a demolição daquele edifício, que nós, BE, somos contra, esta classificação tem como razão maior sensibilizar a Câmara de Abrantes que aquele edifício tem valor arquitetónico”, referiu o vereador bloquista.

Armindo Silveira fez alusão ao arquiteto, António Varela, que segundo o vereador esteve ligado à “remodelação” do equipamento e foi um dos impulsionadores do “modernismo em Portugal e que privou com Almada Negreiros”. Como também fez referência ao engenheiro civil, Jorge de Sena, “o grande poeta, que durante onze anos trabalhou como engenheiro civil na Câmara de Lisboa e na instituição que desenhou o edifício do antigo Mercado Municipal”.

“Aquele edifício que está ali é importante a nível arquitetónico por aquilo que representa pela linha modernista em Portugal em que António Varela foi um dos seus impulsionadores. E pelo valor social que tem, seria uma pena que ele fosse demolido”, salientou o vereador, tendo lembrado que “há casos de requalificação de edifícios deste tipo que se tornaram focos culturais interessantes. Torres Novas é um deles”.

Rui Santos, vereador do PSD, votou a favor da proposta bloquista, tendo referido que não se revê na demolição do antigo Mercado Municipal.

Em resposta, João Caseiro Gomes, vice-presidente do Município, procedeu à leitura de uma declaração de voto, que justificou o voto contra do PS, e que lembrava que “o Plano de Urbanização de Abrantes foi objeto de revisão, sujeito a um período de Discussão Pública, ocorrido entre 2 e 27 de julho de 2016”.

João Caseiro Gomes referiu que a proposta do PUA abrangia o edifício do antigo Mercado Diário e que para aquele local está previsto a  “criação de entrada qualificada e percetível no Centro Histórico; a Valorização da relação do Centro Histórico com o Vale da Fontinha; a Demolição e substituição do edifício do Mercado, por edifício-fronteira entre o Vale da Fontinha e a Avenida 25 de Abril e o alargamento do espaço público, garantindo fácil circulação automóvel com velocidade reduzida e forte qualificação do espaço pedonal”.

O vice-presidente avançou que durante “o período de Discussão Pública não existiu qualquer participação contra a demolição do antigo Mercado Diário” e que “o atual Plano de Urbanização de Abrantes entrou em vigor, nos termos da lei, no dia 6 de junho de 2017, depois de aprovado em Assembleia Municipal, em sessão de 29 de setembro de 2016, contendo orientações executórias e perequativas projetadas para um período de 10 anos”.

O responsável argumentou ainda dando conta que “a intervenção de António Varela não é estruturante, por não ter sido criada de raiz para o tecido urbano onde se insere, sobrepondo-se a esta intervenção pontual, aquelas que se referem ao contexto de reabilitação e regeneração urbana atual, as quais são, de facto, estruturantes e relevantes para a cidade”.

“Não se trata, pois, de uma obra de raiz da autoria do Arquiteto António Varela, não sendo por isso uma obra emblemática (representativa) e relevante deste arquiteto, uma vez que a sua intervenção no edifício foi pontual, não reunindo, por esses motivos, valor tipológico como obra sua, de raiz, de referência”, aludiu.

Por último, João Caseiro Gomes disse não ser “adequado” a Câmara estar a assumir uma posição, sendo que dia 6 de abril haverá uma reunião extraordinária da Assembleia Municipal sobre o tema.

 

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