A coordenadora do BE, Catarina Martins, defendeu esta sexta-feira em Abrantes que o Governo deve "iniciar o processo de rescisão do contrato de concessão" com os CTT e "reaver os serviços" para a esfera pública.
"Cada dia que nós adiamos a decisão de rescindir o contrato e de reverter os CTT para a esfera pública é um dia em que deixamos que a ganância dos privados delapide os CTT e fiquemos todos mais pobres", disse Catarina Martins, em declarações aos jornalistas, junto aos correios de Alferrarede, concelho de Abrantes, onde participou numa manifestação contra o encerramento daquela estação "e de todas as outras" que estão na lista para encerrar.
Lembrando que Alferrarede foi uma das freguesias afetadas pelos incêndios, a coordenadora do BE considerou que encerrar a estação dos correios é fazer aquilo que se prometeu não fazer, “que era ter mais abandono do território, ter menos serviços públicos e atacar a economia onde ela precisa de apoio, de emprego e de gente”.
"Os CTT são uma empresa lucrativa, dão mais de 60 milhões de euros de lucro a cada ano que passa, e estão a pensar despedir 800 trabalhadores e encerrar 22 estações de correio numa altura em que o serviço se continua a degradar", frisou.
Ao lado de algumas dezenas de populares e autarcas, Catarina Martins classificou a privatização dos CTT como “uma muito má escolha do governo PSD-CDS”.
“Foi um verdadeiro assalto, um negócio ruinoso para o nosso país e é sempre muito difícil emendar o que foi mal feito mas, na verdade, o contrato de concessão dos CTT reconhece expressamente que quando o serviço não está a ser cumprido nas condições em que deve, quando há degradação, o Estado pode rescindir a concessão e reaver para si novamente todos os meios e todos os direitos de um serviço nacional postal e todos os meios e os seus trabalhadores", defendeu.
Os CTT confirmaram em 02 de janeiro o fecho de 22 lojas no âmbito do plano de reestruturação, que, segundo a Comissão de Trabalhadores dos Correios de Portugal, vai afetar 53 postos de trabalho.
A empresa referiu que o encerramento de 22 lojas situadas de norte a sul do país e nas ilhas "não coloca em causa o serviço de proximidade às populações e aos clientes, uma vez que existem outros pontos de acesso nas zonas respetivas que dão total garantia na resposta às necessidades face à procura existente".
A decisão de encerramento tem motivado críticas de partidos, autarquias e utentes.
Lusa