Na reunião do Executivo da Câmara Municipal de Abrantes, realizada na terça-feira, 8 de janeiro, o vereador do PSD, Rui Santos, questionou a presidente acerca do ponto de situação da empresa Tectania.
“No cronograma apresentado nesta Câmara, em 2018, a empresa comprometia-se a ter oito trabalhadores. Em 2019, ano em que estamos agora no início, comprometia-se a ter 39.
Eu compreendo perfeitamente aquilo que a senhora presidente já por duas vezes referiu. Mas tem de compreender que tendo esta Câmara feito publicamente o anúncio de uma grande empresa, também neste momento deve esclarecimentos aos munícipes do porquê dessa empresa ainda não estar implementada no nosso concelho”, começou por dizer o vereador.
Rui Santos considerou que as explicações dadas por Maria do Céu Albuquerque são “pouco” e que “isso leva a que, muitas vezes, se criem algumas especulações. Eu gostava que as coisas fossem claras, transparentes, e que os munícipes tivessem toda a informação do porquê desta empresa ainda não estar implementada e se vem ou se tem realmente capacidade para se vir a implementar”.
“Se a memória não me falha, estávamos a falar de, num prazo de 10 anos, da criação de cerca de 300 postos de trabalho diretos, fora os indiretos”, lembrou o social-democrata.
Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, afirmou que “neste momento, nós não temos intenção de dizer mais a respeito desta matéria”. E explicou que “não o fazemos por duas ordens de razão... Há um tempo, que é o tempo do promotor, e o promotor tem a legitimidade de criar as melhores condições para fazer ou não fazer o seu investimento.
E chamo a atenção que nós apenas trouxemos a esta Câmara a partir do momento em que entendemos que estavam reunidas as mínimas condições para o poder tornar público.
Nomeadamente, com a aprovação, no âmbito do Portugal 2020, do Compete, em concreto, de um projeto de investimento nesta matéria. Essa aprovação carecia também de uma resposta cabal e concreta sobre a localização desse investimento. Lembro que, a par da intenção de alienação de um terreno, que ainda não foi consumada, há também, e aí já com a criação de um posto de trabalho, da instalação da empresa no Parque Tecnológico do Vale do Tejo”, esclareceu a presidente.
Maria do Céu Albuquerque afirmou ainda que a Câmara tem “acompanhado” o processo e que se fala “semanalmente com os promotores”. A presidente diz não entender que, “nesta altura, a Câmara de Abrantes deva fazer mais do que o que está a fazer e também não nos parece que, a esta altura, a Câmara de Abrantes tenha mais informação para divulgar aos nossos cidadãos.
A posição da Câmara está claramente salvaguardada em relação a esta matéria (…) e tem que ser de disponibilidade total para atrair investimentos”.
Rui Santos voltou a usar da palavra para afirmar que “o que eu desejava é que não viesse a acontecer o que aconteceu” no passado, referindo-se à alienação de terrenos.
Maria do Céu Albuquerque anunciou depois que “havia uma expetativa anterior, que não chegou a vir à Câmara, de um empresário chinês que tencionava instalar-se em Abrantes e foi nessa altura que adquirimos aquele terreno, em Alferrarede. Esse negócio não se concretizou, apareceu uma nova possibilidade e, se esta não se concretizar, continuaremos a trabalhar. Aquele terreno é um ativo”.
A instabilidade no Brasil voltou a ser referida pela presidente e “as condições para o investimento nacional e internacional são seguramente diferentes daquelas que estiveram na génese do que levou os investidores a virem para Portugal. E agora, vamos pressionar?”, concluiu a autarca.
Reunião de Câmara de dia 15 de maio de 2018
A Tectania, Tecnologia Automóvel, Lda, que prevê um investimento de 44 ME até 2023 e a criação direta de cerca de 251 postos de trabalho, foi anunciada em reunião de Câmara a 15 de maio de 2018. Na altura, foi aprovada por unanimidade a alineação do terreno, localizado no Parque Industrial de Abrantes – zona sul, e os incentivos fiscais e tributários que rondam cerca de meio milhão de euros.
A autarca abrantina explicou que a nova empresa “focará o seu negócio na investigação, na conceção, desenvolvimento e fabricação de veículos automóveis e motociclos para utilização maioritariamente em ambiente fora estrada, equipados com sistema de propulsão convencional ou elétrico”.
A empresa, foi anunciado em maio passado, “tem uma previsão anual de vendas, em 2021, de 3000 carros e 3100 motociclos” e a “conclusão da construção está prevista em março de 2020”.
A alineação do terreno e os incentivos fiscais e tributários, no valor de aproximamente meio milhão de euros - 523.912,93 €, foram submetidos e aprovados em Assembleia Municipal.