Esta terça-feira, na reunião do executivo camarário de Abrantes, Armindo Silveira (BE) apresentou uma declaração política, onde criticou o modo como a presidente do Município respondeu aos fregueses da União de Freguesias de São Facundo e Vale das Mós acerca dos cuidados de saúde primários.
O vereador criticou o incentivo deixado por Maria do Céu Albuquerque, no sábado, aos fregueses daquela localidade para que utilizem o serviço de Transporte a Pedido e as Unidade de Saúde Familiar.
“Em resposta ao Sr. Presidente da União de Freguesias de São Facundo e Vale das Mós, a Sra. Presidente afirmou que não iria criar ilusões à população e incentivou a utilização do serviço de Transporte a Pedido, para poderem ter acesso a cuidados médicos nos postos de saúde onde estão inscritos, pois os médicos não iriam regressar às aldeias. O Bloco de Esquerda considera que é incompreensível que a Sra. Presidente canalize os seus esforços para fechar portas em vez de as manter abertas”, afirmou Armindo Silveira na reunião de Câmara.
“Não acha a Sra. Presidente que o mínimo que um eleito deve fazer é defender as populações mais desfavorecidas, carenciadas e desprotegidas? Vamos deixar as aldeias e as populações entregues à sua sorte? Qual é a possibilidade de sobrevivência de uma aldeia, freguesia, cidade ou concelho que seja “expropriada” dos seus serviços públicos?”, questionou o vereador bloquista.
Armindo Silveira lembrou que “durante muito tempo houve a promessa de compra de carrinhas equipadas com as quais os profissionais de saúde pudessem deslocar-se às aldeias. O Bloco de Esquerda entende que, como solução de recurso, é aceitável, mas parece que até essa ideia foi abandonada”.
Por fim, o vereador recordou que na última Assembleia Municipal foi aprovada por unanimidade, a moção “Pela Defesa dos Cuidados Primários no Concelho de Abrantes” onde foi referido, a falta de médicos na União de Freguesias de São Facundo e Vale das Mós.
“As afirmações proferidas no passado sábado, pela Sra. Presidente, são uma grave desconsideração pela Assembleia Municipal de Abrantes e ferem os propósitos daquela moção. Definitivamente, o Bloco de Esquerda está do outro lado da barricada”, finalizou.
Em resposta, Maria do Céu Albuquerque esclareceu que o PS não deixa as populações “à sua sorte” e que reiterava tudo o que disse à comunidade da União de Freguesias no passado sábado, aquando da inauguração da estrada alcatroada, que liga São Facundo e Vale das Mós.
“Nós não queremos deixar as populações entregues à sua sorte. Quem parece que quer fazer isso é o BE. Porque insistir num modelo que todos sabemos que é muito populista, que traz a população toda para esta discussão é, no mínimo, irresponsável”, começou por dizer a presidente.
A autarca abrantina referiu ser necessário “dizer às pessoas, que não têm médicos a deslocarem-se às suas aldeias, que existem alternativas e que nós ajudamos a criar condições para que sejam utilizadas, para que tenham acesso aos cuidados de saúde e que não se sintam desprotegidas e sozinhas”.
Maria do Céu Albuquerque disse reiterar “tudo aquilo que disse no sábado” e lembrou que a proposta de compra de unidades móveis de saúde foi iniciativa sua na Câmara e na Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo. Contudo, houve uma mudança. Pois, segundo a autarca “os profissionais de saúde entendem que esse não é o modelo”.
A presidente salientou que é necessário incentivar as pessoas a utilizarem o Transporte a Pedido e as Unidades de Saúde Familiar. Segundo a autarca, “é atualmente a forma de trabalhar dos profissionais de saúde e é desta maneira que nós não desprotegemos as pessoas. É desta maneira que nós promovemos o acesso dos cuidados de saúde a toda a população”.
“Isto não é populismo. Isto não é cair em graça das pessoas e isto não é fazer reivindicação só por reivindicar, porque sabemos que não dá em nada”, realçou Maria do Céu Albuquerque.
“Ou queremos enfrentar as coisas e somos capazes de apresentar propostas que sejam exequíveis ou queremos continuar na espuma dos dias a fazer barulho? Para isso, não contam comigo”, reforçou a presidente, tendo considerado que este “não é o melhor modelo. Mas é o modelo possível e o que temos condições para fazer”.