O segundo aniversário do movimento independente de Abrantes ATERNATIVAcom foi assinalado com um jantar convívio na sexta-feira da semana passada, 12 de novembro, já com a presença dos eleitos para os órgãos autárquicos de Abrantes, entre vários apoiantes que marcaram presença.
O movimento, anunciado publicamente a 11 de novembro de 2019, entrou na corrida autárquica de 26 de setembro e conseguiu a eleição de um vereador, dois deputados municipais, e membros para as Assembleias de Freguesia de Abrantes e Alferrarede (2), S. Facundo e Vale das Mós (2) e Martinchel (1).
E foi neste cenário que Vasco Damas, líder do movimento e agora vereador da Câmara Municipal de Abrantes, começou por referir que os desígnios com que o movimento foi criado continuam os mesmos, os de “colocar os interesses de Abrantes sempre à frente dos nossos”.
Com o presidente da Câmara das Caldas da Rainha ao lado, Vasco Damas vanaçou com um balanço da atividade do ALTERNATIVAcom e da corrida eleitoral. E começou por vincar as candidaturas apresentadas e os apoios, nas freguesias, a candidaturas de outras forças políticas que consideraram as mais capazes para essas localidades.
Depois começou a desfilar algumas notas segundo as quais o concelho de Abrantes se apresenta pior do que a ideia que ele próprio tinha quando começou o movimento independente. “O desemprego de Abrantes é 25% do desemprego dos 13 concelhos do Médio Tejo. Abrantes tem a maior quebra demográfica da região. Não sabíamos que pagamos a fatura da água mais cara do Médio Tejo. Não tínhamos uma sala de espetáculos e continuamos a não ter”.
Vasco Damas, líder movimento ALTERNATIVAcom
Vasco Damas fez questão de passar depois para outro discurso, ao dizer que dão conta dos problemas, apontam solução e pretendem ter ideias que sejam lançadas para um debate tendo em vista o futuro. Sublinhou que o programa eleitoral do ALTERNATIVAcom apresentou 119 medidas concretas que apontam ao desenvolvimento do concelho de Abrantes.
Mas ao mesmo tempo deixou a nota dos obstáculos que foram encontrando e que, segundo ele, são “o medo. Encontrámos muito medo. Existe e é quase palpável. Medo e coação. Insinuação. Perseguição. Abrantes está amordaçada.” E continuou com o rol de críticas ao apontar muita promiscuidade. Sem nunca referir o partido Socialista ou nomes de candidatos vincou que houve listas com muitos funcionários da Câmara ou com funcionários do hospital.
Vasco Damas, líder movimento ALTERNATIVAcom
Vasco Damas deixou depois a sua opinião sobre os resultados, tendo referido que nunca criou ilusões que iria ganhar a presidência da Câmara de Abrantes e que trabalhou para mudar Abrantes. Mas indicou não ter conseguido mudar porque a votação do partido Socialista até foi reforçada.
Apesar de tudo vincou que chegou a acreditar num resultado mais forte por via das muitas mensagens que foi recebendo. Mas disse ter apanhado um balde de água fria quando conheceu os resultados da União de Freguesias de S. Facundo e Vale das Mós porque “perdemos e perdemos de goleada. E sei o trabalho que o José Rafael Nascimento fez. Bateu a todas as portas.”
Vasco Damas, líder movimento ALTERNATIVAcom
Depois fez uma referência ao parco orçamento de campanha (5 mil euros) e que mesmo assim só gastaram cerca de dois mil.
Agora, salientou, que o grupo tem de trabalhar muito e, acima de tudo, trabalhar bem numa aposta clara às eleições de 2025.
E apontado ao futuro deixou a nota das duas propostas já apresentadas em reunião do executivo municipal. Uma, em que pretende um estudo real da situação dos cuidados primários de saúde e com resolução até ao final do primeiro trimestre de 2022. E neste campo disse ainda que o presidente da Câmara das Caldas da Rainha, sentado ao seu lado, está muito preocupado com o tema saúde. “É uma das suas prioridades. Mas ao contrário do que se passa por cá, o Vítor Marques, está preocupado em resolver os problemas dos médicos, dos enfermeiros e dos utentes. Não está preocupado em andar a tirar fotografias ao lado do presidente do conselho de administração (do hospital).”
A segunda tem a ver com o património e, nesse campo, o ALTERNATIVAcom quer uma lista das fontes e fontanários do concelho no sentido de poder criar a sua salvaguarda.
Vasco Damas, líder movimento ALTERNATIVAcom
Vasco Damas concluiu a sua intervenção a dizer que Abrantes já tem alternativa, mas precisa de uma alternativa mais forte e com mais apoio.
O exemplo do “Vamos Mudar” das Caldas da Rainha
Vítor Marques, o presidente da Câmara das Caldas da Rainha, eleito por um movimento independente e que colocou um ponto final a uma gestão municipal do PSD ao longo de 36 anos.
O empresário explicou como é que nasceu a ideia e como é que colocou no terreno um movimento que começou com duas pessoas (candidato à Câmara e à Assembleia Municipal) em Março.
Lançaram-se nesta ideia depois de ter sido presidente de uma das juntas de freguesia urbanas das Caldas, como independente nas listas do PSD.
Aliás, a sua candidatura, afirmou incomodou muitas pessoas que o chamaram de traidor.
Mas dentro dos objetivos afirmou que começou a escolher os nomes para fazer crescer os apoios. E foram fazendo convites de forma a preencher todas as áreas. O ambiente, a economia, a área social, juventude e por aí fora.
Vítor Marques, presidente CM Caldas Rainha
Indicou que o próprio nome do movimento “Vamos Mudar” não foi criado por nenhuma agência de comunicação e que grande parte da campanha foi desenvolvida pelo núcleo duro da candidatura.
Frisou que não concorreram a cinco, das 12, freguesias do concelho das Caldas da Rainha, mas que ganharam na zona urbana que representa 66% dos eleitores caldenses.
E depois das eleições, depois de ter ganho, passou ao trabalho de entendimentos com os partidos da oposição, com acordo com o vereador eleito pelo PS para viabilizar o trabalho no executivo, já que o movimento que lidera teve três eleitos, o PSD outros três e o PS um.
Já para a Assembleia Municipal as contas serão mais complicadas por causa das juntas de freguesia, mas isso é um trabalho que tem de ir sendo feito.
E no que diz respeito à saúde o autarca das Caldas da Rainha afirmou ter tido já uma audiência com a ministra da Saúde porque há problemas neste setor no seu concelho, tal como haverá em Abrantes.
Vítor Marques, presidente CM Caldas Rainha
Vítor Marques vincou que tem uma ideia própria do desempenho de cargos políticos ou associativos, que não devem ir além de oito anos. Que é isso que defende.
E depois deixou aos presentes a mensagem de que é preciso trabalho e resiliência nos movimentos independentes para conseguir os objetivos a que se propõem.
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