Foi na sessão de abertura do 2.º Fórum Democrático com o tema “Reforçar a cidadania livre e participativa” que Vasco Damas, líder do movimento independente, anunciou que o ALTERNATIVAcom vai apresentar-se às eleições autárquicas de 2025. Sem adiantar mais pormenores, remetendo para mais tarde outros pormenores, Vasco Damas afirmou a intenção do movimento que se apresentou pela primeira vez há quatro anos. E foi este o mote para o líder do grupo de cidadãos repetir o anúncio a cerca de dois anos das eleições.
“Sinto, hoje, o mesmo que então sentia: que este é o momento certo para anunciar que iremos participar nas eleições autárquicas de 2025, em moldes que serão oportunamente definidos.
Valorizaremos, como sempre o fizemos, a convergência e a unidade de todas as forças políticas democráticas que querem mais e melhor para Abrantes, e que não se reveem no poder absoluto da maioria PS que, há mais de quatro décadas, decide sozinha o presente e o futuro da nossa terra. Uma maioria “minoritária", fechada, esgotada e viciada, que faz o que quer e lhe apetece, sem nunca debater nada com ninguém.”
Vasco Damas falava na abertura do 2.º Fórum Democrático que reuniu no sábado passado, dia 11 de novembro, cerca de duas dezenas de pessoas para debater as questões relacionadas com a cidadania e a participação dos cidadãos na vida do seu concelho.
Vasco Damas
Já em declarações à Antena Livre o líder do movimento, eleito como vereador em 2021, disse que ainda não pode avançar mais pormenores, mas garantiu que será o movimento a definir os moldes em que será apresentada a candidatura. Acrescentou que, desde 11 de novembro de 2019, o núcleo duro do ALTERNATIVAcom reúne “religiosamente” todas as quintas-feiras e que será desses encontros que vão sair as diretrizes. “Se internamente se chegar à conclusão que o Vasco Damas é a melhor opção para ser o candidato do ALTERNATIVAcom, será essa a opção”, garantiu o líder do movimento e acrescentou “se percebermos que para termos um melhor resultado teremos que mudar o rosto, teremos que mudar o nome, o Vasco Damas não está agarrado a qualquer tipo de poder ou de lugar. Está é disponível para ser parte da solução, independentemente do lugar.”
O Fórum da Cidadania
“Reforçar a cidadania livre e participativa” foi o tema base e de lançamento para o 2.º Fórum Democrático ALTERNATIVAcom que convidou José Carlos Mota, professor na Universidade de Aveiro que apresentou, em Abrantes, as suas ideias.
José Carlos Mota começou por dizer que “estamos a viver um momento único” e acrescentou que pretendia ter uma mensagem otimista até porque “o país das notícias não é a realidade do país na cidadania ativa.”
O investigador referiu ainda uma frase que o acompanha: “a alegada falta de cultura participativa dos portugueses é um ‘mito urbano’, o que falta é mais estímulo à participação. Quando os cidadãos pouco podem acrescentar, até acho muito bem que não participem".
E depois identificou outro “problema” com a solução e que aponta à existência de várias bolhas que se isolam, pelo que porventura há a necessidade de “juntar às várias bolhas para conversar.” O professor que também lidera projetos de cidadania em Aveiro vincou que quem está no associativismo está com vários “chapéus” em várias instituições. Mas, se calhar “tem de se chamar mais gente e gente com mais qualidade para a cidadania.” E concluiu a ideia a dizer que “às vezes não é a quantidade, mas a qualidade e o comprometimento das pessoas. A participação tem de ser um processo.”
Depois deu um exemplo de uma preocupação. A fixação da população é um dos problemas de várias geografias. Este tipo de problemas deveria ser a agenda prioritárias. “A participação é momento de estarmos permanentemente envolvidos.”
Apontou um dos exemplos em Abrantes, quando andou a passear em Abrantes e viu o “antigo mercado municipal abandonado. O mercado municipal está abandonado e não poderia ser uma incubadora ou centro cultural para os jovens?”
Depois acrescentou que inteligência está na comunidade e não apenas em grupos académicos, técnicos ou políticos. “A participação é o processo, as ideias e a criação de uma vontade comum e é contribuir uma narrativa de futuro. O que queremos para os jovens? O que queremos para os nossos idosos?”
De acordo com José Carlos Mota, o que desmotiva muitas vezes as pessoas é o tipo de debate. Nem todos temos de estar sempre de acordo com as mesmas coisas. Precisamos de criar espaços públicos para permitir a participação das pessoas.
E o investigador diz que há um mito que é “Eu informei os cidadãos e como tal está feito.” A participação não é um ato individual. “Participação é isto (sessões públicas). É todos participarmos e ouvirmos a participação de todos.”
Depois lançou uma terceira ideia ao dizer que A participação e a cidadania não tem um prazo de validade. “Não podemos colocar a cidadania com prazos de financiamentos das obras ou dos projetos. Os cidadãos não têm capacidade de abstração da realidade? Não é verdade. Todas as pessoas têm uma ideia sobre aquilo que é, por exemplo o nosso futuro.”
José Carlos Mota confirmou que há fenómenos globais que não se gerem localmente, mas “se nos prepararmos para estes fenómenos imprevisíveis, quando eles surgirem temos problemas sérios.”
Em modo de conclusão o professor da Universidade de Aveiro disse que “Precisamos de mais cidadania, mas em melhor cidadania. A cidadania não começa no presidente da câmara ou da junta, começa em cada um de nós e há esperança para o futuro.”
Vasco Damas disse que não houve qualquer alinhamento de ideias com o convidado, a propósito da referência ao antigo mercado municipal de Abrantes. E deixou uma pergunta “Como é que mudamos a qualidade de vida se temos cidadania de qualidade, mas temos uma maioria absoluta?”
José Carlos Mota começou por dizer que a resposta não era fácil porque “o regime ainda é frágil e é um caminho longo e que não se muda” num estalar de dedos.
Vincou que é preciso “criar condições para trazer para a cidadania as pessoas que não têm tempo para a cidadania. E depois temos de ir aos migrantes que depois vão votar.”
Notou ainda que os jovens não concordam com estes sistemas pelo que também é preciso ir ao encontro daquilo que eles pensam como sistema de representatividade. “E depois os idosos. E preciso chegar aos idosos e não é nas redes sociais que se chega aos idosos.”
Ao longo da tarde os participantes puderam fazer intervenções com perguntas direcionadas à mesa ou com reflexões sobre o tema em debate. Houve ainda o momento de soprar as velas aos 4 anos do movimento ALTERNATIVAcom, apresentado a 11 de novembro de 2019.
Nas eleições autárquicas de 2021 o ALTERNATIVAcom foi a votos e elegeu um vereador, dois elementos para a Assembleia Municipal e ainda representantes para as Assembleias de Freguesia de Abrantes e Alferrarede, S. Facundo e Vale das Mós e Martinchel.
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