A ex-presidente da Câmara Municipal de Constância, Júlia Amorim (CDU), assegurou esta terça-feira que repetiria a decisão de manter o Centro Escolar de Santa Margarida a funcionar, não se revendo na decisão do atual presidente, o socialista Sérgio Oliveira.
"Hoje, com os dados que constam dos relatórios [datados de abril de 2016], não fecharia a escola. Como não fechei em 2016", disse hoje a ex-presidente Júlia Amorim, atual vereadora da CDU, face ao problema de maus cheiros que afetam aquele equipamento e que levaram o atual presidente a fechá-lo na segunda-feira até que se descubra a origem do problema e resolva o problema.
O presidente da Câmara de Constância disse no domingo que o equipamento escolar apresenta "um cheiro a ovos podres que decorre desde 2016, mas que na sexta-feira se intensificou”.
“Não sabendo nós a origem do problema, nem os seus efeitos nas crianças e nos profissionais que aqui trabalham, decidimos suspender preventivamente as aulas neste centro escolar até que se apurem as causas (…), seguindo, aliás, as recomendações de um relatório que assim o sugere", anunciou no domingo o autarca.
Além de um relatório do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ) sobre o problema, datado de abril de 2016, conhecido do autarca e, no qual, "não se levantavam problemas de maior", Sérgio Oliveira disse ter sido "surpreendido pela existência de um segundo relatório", do Instituto Politécnico de Tomar, também de abril de 2016, "no qual a primeira recomendação que se fazia era o encerramento do Centro Escolar", até ao apuramento da fonte do problema, tendo anunciado no domingo a abertura de inquérito para apurar responsabilidades.
A ex-presidente da Câmara, Júlia Amorim, em conferência de imprensa, disse que "o relatório (…) estava arquivado no gabinete de Ação Social e Educação, embora não no sistema digitalizado", tendo feito notar que, "se o quisesse ocultar, o mesmo teria sido destruído".
O relatório do IPT "foi entregue em mão ao vereador Arsénio [Cristovão] e não foi digitalizado e processado informaticamente", disse a autarca. "Se calhar devia ter sido. Mas o relatório está lá arquivado, num dossiê em papel", frisou.
Questionada sobre a sua decisão de não encerramento do Centro Escolar, Júlia Amorim disse que no "relatório oficial, o do ISQ, num total de 18 parâmetros, só um não tinha valores condizentes, não levantando grandes problemas", ao passo que o do IPT, "apesar de ter algumas sugestões que foram seguidas, revelava algumas incongruências".
Segundo a atual vereadora, o estudo do IPT "foi feito em duas salas e deve ter havido um lapso de escrita. O que deveriam querer dizer era encerrar as duas salas e não todo o edifício", afirmou, notando que, à data da receção dos relatórios, "já não havia maus cheiros".
"O cheiro era incomodativo, menos intenso que atualmente, descontinuado no tempo, e que se concentrava na biblioteca, nas duas salas de ATL e nos corredores", afirmou.
Em comunicado, a concelhia da CDU afirma ser "lamentável e desonesta a insinuação de sonegação e ocultação do relatório do IPT", questionando a razão pela qual o atual executivo socialista "apenas agora tomou medidas quando o problema voltou a surgir, em novembro" de 2017, e pelo facto de "apenas agora chamar entidades para reanalisar o processo e não em tempo de férias".
Com cerca de 70 alunos do pré-escolar e ensino básico e 15 profissionais, o centro escolar de Santa Margarida, no concelho de Constância, foi inaugurado em setembro de 2011, edificado no local onde funcionou até 2009 a escola primária da Aldeia de Santa Margarida, tendo representado um investimento na ordem dos 2,2 ME.
Lusa