A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) defendeu hoje apoios para quem está mais vulnerável devido aos incêndios e uma mudança no ordenamento da floresta com implementação de bancos de terras e unidades de gestão florestal.
"É preciso responder a quem tem menos, a quem está mais vulnerável, e precisamos de lançar de uma forma determinada o banco de terras e unidades de gestão florestal com apoios no terreno", disse Catarina Martins aos jornalistas no final de uma visita a algumas das áreas ardidas nas freguesias de Amêndoa e Cardigos, no concelho de Mação (Santarém), na sequência dos fogos florestais de julho.
A dirigente do BE, que retratou as paisagens que observou como de "absolutamente desoladoras", destacou o trabalho que permitiu "proteger as pessoas e a generalidade das casas de habitação", notando que o país precisa de resolver um "problema de fundo" que pode demorar gerações a solucionar.
"Precisamos agora que aquelas pessoas que vivem com muito pouco, muitas vezes com a pensão mínima rural, tenham apoio porque perderam tudo e sendo uma agricultura de subsistência não está dentro dos programas que foram lançados", defendeu, considerando que "o problema de fundo da floresta pode demorar gerações a resolver”, pelo que "quanto mais tarde” se começar pior o país fica.
Nesse sentido, Catarina Martins disse que "não basta a prevenção e o combate", e lembrou existir uma lei, "por iniciativa do BE, que prevê hoje unidades de gestão florestal", que permitirão alterar a floresta para que os incêndios não sejam uma tragédia que se repete todos os anos no verão.
No entanto, "para que passem da lei e sejam realidade é preciso que haja apoios concretos e esses concursos não têm aparecido", sustentou.
Já o vice-presidente do município de Mação, António Louro (PSD), disse à Lusa que "continua a faltar no terreno" aquilo que reclama desde 2003.
"Estes grandes incêndios de paisagem só começarão a ser travados quando se começar a construir uma paisagem mais sustentável, com ordenamento, utilizando a agricultura como compartimentação, com rebanhos comunitários, e diminuindo esta continuidade florestal através de uma gestão agrupada e empresas de aldeia", referiu.
Segundo António Louro, "Mação é hoje o concelho com maior área percentual ardida” e “o concelho com maior área ardida totalmente no país", tendo feito notar a premência da "ajuda do país" para o município se “poder reerguer e conseguir ter futuro".
Com uma área de cerca de 40 mil hectares, dos quais 80% de mancha florestal, o município de Mação teve 85% do território e 95% da sua floresta destruídos pelos incêndios de 2017 e de 2019