Os deputados do PS, eleitos pelo círculo de Santarém, visitaram esta terça-feira o concelho de Mação e reuniram com o Executivo Municipal para se inteirar das incidências em torno dos incêndios da passada semana.
António Gameiro, deputado e presidente da Federação Distrital do PS, disse que ainda não é possível retirar conclusões definitivas quanto ao trabalho da Proteção Civil no terreno.
“É preciso dar tempo para as avaliações poderem ser feitas”, disse o deputado, adiantando, no entanto, que “há indicadores claros de que este incêndio vem de fora para dentro do concelho de Mação e que, ainda por cima, depois tem um conjunto de focos que arrancam de zonas também limítrofes do concelho para dentro e que levou a que houvesse a tragédia florestal que foi, 18 mil hectares, ou mais”.
“Temos consciência de que as entidades de Proteção Civil fizeram o seu melhor, sendo certo que não é hoje ainda possível retirar conclusões de forma definitiva sobre se tudo correu pelo melhor ou não, porque não temos dados técnicos que o permitam”, proferiu António Gameiro.
“O senhor presidente [Vasco Estrela] pediu o relatório do incêndio à Autoridade Nacional [ANPC] e nós próprios vamos querer analisá-lo para podermos ver até que ponto as decisões foram bem tomadas e em que tempo é que foram tomadas”.
António Gameiro afirmou ter estado em contacto com a Ministra da Administração Interna, nos dias do incêndio e que Constança Urbano de Sousa “se empenhou para que houvesse meios”. “O que sei é que não foi por falta de meios”, adiantou o deputado, acrescentando não saber se foi “a sua distribuição que tenha levado à não contenção do fogo mais cedo. Isso, teremos que apurar”.
“Há indicadores de quem estava no terreno de que, a dado momento, houve uma deslocalização de meios que, pelo menos, deixa uma dúvida razoável se teria sido a melhor opção, mas também não sabemos nós, os deputados, qual foi a razão porque essa decisão foi tomada”, adiantou.
O deputado socialista mostrou estar “perfeitamente à vontade” para analisar a informação que levou de Mação porque, como disse, “nós vimos, em Mação, esta política florestal a ser definida lá muito atrás, há muitos anos. E todos no distrito de Santarém temos elogiado e verificado que há um esforço de planificação da floresta em Mação, sobretudo no pós 2003”.
Questionado acerca das declarações de Capoulas Santos, Ministro da Agricultura, de não ter recebido qualquer tipo de pedido de apoio por parte da autarquia maçaense, António Gameiro explicou que “o que o senhor ministro disse foi que não tinha nenhum pedido de Mação para apoio à floresta em concreto. Mas o que nós sabemos é que há candidaturas entregues e que há também uma avaliação, por parte dos fundos comunitários, daquilo que tem a ver com o impacto na floresta, de uma forma pouco consentânea, a meu ver, com as exigências que o país tem. Eu acho que o senhor ministro se estaria a referir a um pedido para florestação e projeto ao Governo mas, como sabíamos, havia uma candidatura de Mação a fundos comunitários”.
No final, o presidente da Câmara Municipal, Vasco Estrela, falou da visita dos deputados e informou que os deputados socialistas quiseram saber “do impacto do incêndio, em concreto, no concelho de Mação, como é que vimos o combate e o que é que entendemos que correu menos bem. Também algumas observações relativamente ao que tem sido dito por parte dos responsáveis da Câmara Municipal de Mação e de mim próprio”.
“Demos a nossa visão sobre o que aconteceu e a forma como nós entendíamos que tinha sido gerida toda esta situação”, adiantou Vasco Estrela.
O presidente da Câmara Municipal agradeceu a presença dos deputados do Grupo Parlamentar do Partido Socialista eleitos por Santarém a Mação, “a demonstrada manifestação de solidariedade para com o povo do concelho de Mação, que também já tinha sido manifestada ao longo dos dias do incêndio. Parece-me que ficaram mais elucidados sobre aquilo que nós entendemos que deve ser feito, sobre o que foi feito e sobre as posições que a Câmara Municipal de Mação tomou”.
Quanto a pedidos feitos pelo Executivo, o presidente acrescentou que pediram para que os deputados “ficassem mais sensibilizados para a questão do concelho de Mação poder ser incluído no projeto-piloto, conforme foi já requerido, e também que e acompanhassem o pedido de Estatuto de Calamidade Pública que Mação vai solicitar ao Governo, que tem, do nosso ponto de vista, toda a pertinência”.
O autarca informou que estão a ultimar o documento porque “há uma série de dados que temos que compilar”, para que ainda esta semana o pedido chegue a Lisboa.
Com as equipas a trabalhar no terreno e a fazer o levantamento dos prejuízos do incêndio, a informação vai sendo atualizada diariamente. Segundo Vasco Estrela, “neste momento temos 14 habitações, de primeira habitação, que estão ardidas, total ou parcialmente, e há todo um outro conjunto de situações que estão a ser avaliadas, como os danos relacionados com a agricultura, como utensílios e equipamentos, barracões e armazéns agrícolas… hora a hora as coisas vão evoluindo”.