Esta segunda-feira, os deputados do PSD eleitos por Santarém, efetuaram uma visita a Mação onde percorreram a área ardida no incêndio que começou a 23 de julho e reuniram com o Executivo.
Nuno Serra, deputado e presidente da Comissão Política Distrital, veio acompanhado de Maurício Marques, coordenador do PSD na Comissão de Agricultura e responsável no Grupo de Trabalho de Acompanhamento da Temática dos Incêndios Florestais na Assembleia da República e do deputado Duarte Marques.
Nuno Serra, em declarações à Antena Livre, explicou que “em primeiro lugar as nossas palavras são para os maçaenses, para o presidente da Câmara de Mação, e para todos os que sofreram aqui naqueles dias e que vão continuar a sofrer”.
O deputado, que após a visita feita ao terreno, onde viram um “cenário desolador”, esclareceu que “o fogo não acabou naqueles dias em que foi extinto. Vai durar por muitos mais anos”.
Nuno Serra referiu que não estiveram presentes em Mação somente hoje, “nós estivemos presentes durante os incêndios”, e voltaram ao concelho “porque agora chegou a altura de percebermos aquilo que são as consequências e o que se passou”.
“Quais os próximos passos relativamente ao incêndio de Mação, esse é o nosso objetivo para estar aqui hoje”, aludiu.
“Vimos o cenário devastador que existe, a dimensão deste, e a primeira questão que se põe é que Mação não pode ficar, de maneira nenhuma, de fora dos projetos-piloto para a rearborização”.
Nuno Serra referiu que, comparado com os outros cenários que foram ver ao longo dos últimos meses no nosso país, “este cenário é realmente um cenário de grande tragédia e que merece uma atenção”, por parte do Governo, que, como tal, seria “inconcebível Mação não estar dentro daqueles que são os projetos de rearborização”.
O deputado e presidente da Comissão Política Distrital, afirmou que é necessário e “é preciso tratar deste projeto-piloto” de forma a conseguirem “reconstruir aquilo que foi destruído e pensar naquilo que é ordenar no futuro e que ordenar passa realmente por mostrar aquilo que são os projetos de arborização”.
O presidente da Comissão Política referiu ainda que é necessário averiguar “as declarações que fomos tendo e que nos suscitam muitas preocupações, daquilo que foi o combate”. No entanto, esclarece que não faz sentido falar “antes da reunião que vai haver amanhã”. O deputado referiu que os dados que obteve necessitam de “esclarecimentos por parte das autoridades”.
“Mação é um concelho que tem um histórico enorme, naquilo que era a defesa contra incêndios, o ordenamento… era um Concelho que tinha um projeto”, disse, afirmando que Mação não pode ter servido só para mostrar como exemplo.
O responsável social-democrata, Maurício Marques, criticou a data da entrega pelo Governo das carrinhas e das equipas de sapadores florestais, realçando o facto de acontecer já em plena época de incêndios.
“Os sapadores entram em serviços agora em agosto. Não é agora, em agosto, que os sapadores vão fazer prevenção florestal”, explicou o deputado.
“Os sapadores, em vez de serem entregues agora e entregues à pressa, fazia mais sentido serem entregues no início do ano. O orçamento que estamos a ter agora já estava aprovado no ano passado. Entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 2017, portanto, as questões orçamentais não existem, o orçamento estava apresentado”, explicou.
O deputado esclareceu que o Município de Mação era, para “todos os partidos políticos, no seio da Comissão da Agricultura, um exemplo de ordenamento florestal e os projetos que tinham para o concelho”. Maurício Marques lembrou ainda que “Mação era muitas vezes chamado a dar a sua opinião”.
Maurício Marques exige que “Mação tenha um tratamento adequado”, tendo em conta todo o trabalho que veio a desenvolver, realçando que “Mação não faz só agora. Não está a fazer porque teve um incêndio. Mação já fazia antes, era um exemplo para o país no ordenamento florestal. Tinha projetos e tinha ideias, só não teve mais e não estava mais ordenado, porque não teve apoio para isso”.
“Mação foi prejudicado por incúria, incompetência, negligência e muito mais”
Duarte Marques, deputado, natural de Mação, que também esteve presente na reunião e acompanhou a visita ao terreno, afirmou “que a culpa não vai morrer solteira e felizmente, em Mação, em matéria de florestas e de incêndios não há divergência política. Aqui o partido é Mação, não é PSD, nem PS, e foi assim que, unidos, conseguimos tornar a defender este concelho”.
O deputado referiu que “é um projeto que une todos, que o concelho de Mação tem sido pioneiro e alertou todos os governos e todos os partidos para aquilo que era preciso fazer”.
Duarte Marques explicou que “já percebemos que Mação foi prejudicado por incúria, incompetência, negligência e muito mais”.
Em visita às populações que foram afetadas pelo incêndio, o deputado alertou que “só por milagre e muito empenho dos bombeiros e da proteção civil é que não morreu ninguém”.
“Hoje, na visita que fizemos, deu para perceber que houve gente que foi salva porque os bombeiros de Mação chegaram lá. Outros, porque o vereador António louro deitou a mão a pessoas idosas. E outras porque milhares de pessoas de Mação os ajudaram. Foi o povo de Mação que defendeu o Concelho e defendeu as pessoas”, aludiu.
Duarte Marques afirma que “não podemos permitir que o concelho, que ardeu o dobro do que ardeu em Pedrogão, que ardeu quase 20 vezes mais que na Sertã, fique fora do projeto-piloto”.
“Arderam 1000 hectares na Sertã e 18 mil em Mação. Como é que alguém pode aceitar que o concelho de Mação não seja incluído no projeto-piloto?”, interroga-se.
O deputado realça os “quase 15 anos” de luta que Mação travou, referindo que o próprio Governo escolheu Mação para comemorar “o Dia Internacional da Floresta, que foi um deputado de Mação que propôs que o Governo recorresse ao plano Junker, e que o Governo nem sequer sabia que o plano Junker podia ser usado”.
Já Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação, agradeceu a solidariedade dos deputados do PSD, que se apresentaram hoje no concelho, e referiu que já estavam de alguma forma “sensibilizados para esta matéria e que vieram mostrar a sua solidariedade para com a população deste Concelho”.
O autarca relembrou que os deputados “estiveram no terreno para verificar localmente aquilo que, infelizmente, aconteceu no Concelho. Há aldeias que foram consumidas pelo incêndio”.
Vasco Estrela, relativamente ao Estatuto de Calamidade Pública pedido na passada semana, referiu que os partidos “estão solidários com Mação”. Contudo, espera ver “reconhecida pelo Governo”. O autarca disse “aguardar que o Governo faça os seus julgamentos sobre aquilo que são os nossos dados, muito preliminares, prejuízos contados sob a pressão de mais de 40 milhões de euros. Vamos aguardar o veredito”.
Questionado sobre o que está a ser feito após o incêndio, o presidente adiantou que amanhã vão ter mais uma reunião com a Cáritas para perceber “onde é que nos pode ajudar”, e que já foi enviado para Coimbra, para a CCDR, “o levantamento das primeiras habitações”.
“Está a ser disponibilizada a alimentação para o gado que, neste momento, muitos agricultores estavam preocupados com esta matéria. Estamos a tratar de outras situações de segundas habitações, de pequenos empresários que ficaram com a sua atividade produtiva, os meios, destruídos. Portanto, estamos a tentar ajudar as pessoas sobre esse ponto de vista” disse o autarca.
Vasco Estrela assegurou que estão a ser feitas várias “ações solidárias” e que estão a ser disponibilizadas por várias empresas, por várias entidades. “Devemos agradecer. Temos uma rede grande de pessoas que nos está a ajudar nesta matéria”.
O autarca afirmou ainda que estão a articular com as juntas de freguesia no sentido de “disponibilizar e fazer chegar a todos os agricultores os bens necessários para o sustento dos seus animais”.
Fátima Saraiva_Estagiária ESTA