Maria do Céu Albuquerque, presidente da Câmara Municipal de Abrantes, em entrevista:
Qual tem sido a marca que a Câmara Municipal tem deixado junto dos seus munícipes neste mandato?
Penso que a principal marca é a da aposta na proximidade. Na procura constante de soluções que contribuam para melhorar a qualidade de vida dos nossos cidadãos. Seja nas mais pequenas obras ou no desenvolvimento de projetos imateriais nas mais variadas áreas – cultura, desporto, educação, saúde – que promovam o desenvolvimento sustentável da nossa comunidade. Toda a nossa ação se tem orientado por estas premissas. O cidadão está no centro das nossas decisões e o aumento da sua qualidade de vida orienta a construção da nossa estratégia de ação.
Numa iniciativa de projetar a cidade e o concelho a nível nacional, não deixando que Abrantes fique para trás, qual tem sido a estratégia levada a cabo pelo Executivo que lidera?
Podemos talvez falar em duas grandes áreas. Por um lado, o reforço da atratibilidade do concelho para os investidores privados, procurando criar mecanismos diferenciadores como são por exemplo aqueles que se incluem no Abrantes Invest ou a aposta no Parque Tecnológico que é, sem dúvida, uma das “marcas” diferenciadoras do concelho de Abrantes, quer no território do Médio Tejo, quer no distrito de Santarém.
Por outro lado, a clara aposta na Cultura, na oferta de pólos culturais atrativos e diferenciadores capazes de trazer ao concelho novos visitantes, de o incluir em novos roteiros turísticos, ou de os associar a mercados que já existem e que, pela sua proximidade, podem e devem ser por nós aproveitados como elementos dinamizadores de fluxos de visitantes. Refiro-me, por exemplo, ao Turismo Religioso de Fátima ou ao emergente mercado do turismo de Natureza em que Abrantes se está claramente a posicionar, como o demonstra aliás o estudo recentemente divulgado pela Trivago, em que Abrantes ocupa o segundo lugar na lista de Destinos de Natureza e Cultura Emergentes em Portugal
As festas da cidade, em junho, têm assumido o mesmo modelo idêntico de ano para ano. Isto significa que o formato aplicado durante este mandato está a funcionar?
O que nos tem chegado é que este modelo resulta. Penso até que, neste momento, a sua alteração não seria bem recebida. É um modelo que permite circular pelos diferentes espaços e experienciar a cidade. É um modelo que também ele cria proximidade. Porque as pessoas circulam, absorvem as diferentes experiências e as atividades oferecidas, entram nos espaços comerciais. É um modelo que não limita, não confina as pessoas a um espaço único, mas antes confere a liberdade delas próprias escolherem “as festas” a que querem ir.
É claro que todos os anos procuramos melhorar, introduzir inovação. Este ano, por exemplo vamos conferir ao artesanato e design urbano uma nova imagem e configuração que penso melhorarão em muito a sua atratibilidade.
O ano passado, alteramos o modelo do concerto do Dia da Cidade quer no formato – juntando duas grandes vozes do panorama nacional - quer no local. Este ano vamos voltar a fazê-lo.
Que significado é que as festas ainda podem ter para a comunidade abrantina? O que as diferencia?
Como diria o Professor Fernando Catroga, as Festas são um momento de celebração. De celebração da nossa identidade coletiva. Do que fomos, do que somos, do que queremos ser.
Penso que uma das principais marcas diferenciadoras seja talvez a aposta no talento local. Dar voz e palco ao que é nosso. Aos nossos Ranchos, às nossas Bandas Filarmónicas, aos nossos Grupos de Cantares, às nossas bandas, mas também aos novos talentos. É uma aposta que temos vindo a fazer e que queremos continuar a fazer.
Qual é o investimento alocado na edição de 2017?
O orçamento previsional ronda os 170.000€, próximo daquele que foi o orçamento das edições mais recentes, exceção feita ao ano anterior em que, por ser ano de Comemoração do Centenário, o orçamento foi superior.
O ano de 2016 foi marcado pelo centenário de Abrantes. Como é que a cidade refletiu e homenageou os feitos passados e construiu os alicerces para o futuro?
Procurámos comemorar o Centenário com um programa vasto, mas sobretudo com um programa construído com a comunidade. Um programa construído com e para as pessoas. Foi um trabalho que exigiu um grande esforço e empenho de todos – dos Comissários aos diferentes agentes locais envolvidos. Mas foi um trabalho muito compensador. Que deixou marcas muito positivas. E não falo apenas das marcas que são visíveis, de algumas obras que ficarão associadas a este centenário como por exemplo a requalificação do Monumento a D. Nuno Álvares. Falo sobretudo dum trabalho em parceria, duma cultura para a construção de projetos conjuntos como por exemplo a Academia de Músicos de Abrantes que envolveu todas as bandas filarmónicas do nosso concelho. Uma cultura que fica como alicerce para a construção do próximo centenário.
Considera que a comunidade abrantina sentiu, vivenciou e participou nas celebrações? E os munícipes das freguesias?
Acredito que sim. Na cidade e nas freguesias procurámos levar o centenário a todos e envolver as pessoas na sua construção. Mas mais importante, como já disse, acho que é esta marca que nos fica, de sermos uma cidade centenária, e que todos transportamos com um orgulho imenso, uma comunidade que se constrói com a participação de todos.
A Campanha Abrantes Invest já está a dar frutos?
A campanha Abrantes Invest não deve ser olhada como algo com um timing definido. É verdade que do ponto de vista dos meios de comunicação foi feita uma grande aposta no sentido de divulgar a estratégia do concelho e sobretudo os apoios financeiros que temos disponíveis nas várias áreas. Mas ela é sobretudo um processo, que implica o envolvimento real de parceiros de grande importância, como por exemplo a AICEP ou o IAPMEI, que dispõem agora também duma ferramenta estruturada que lhes permite também a eles fazer a promoção e a divulgação do concelho junto de potencias investidores, nacionais e estrangeiros. É, portanto, um processo que não se mede num espaço de tempo curto. Mas sim, temos recebido contactos diversificados e é com orgulho que digo também que muitos investidores nos têm feito chegar comentários muito positivos relativamente à forma como nos estamos a organizar e a apostar nesta área.
Abrantes tem sido referência a nível nacional na aposta tecnológica. Os munícipes já estão a aderir à Plataforma 360º? É este o tipo de interação que se pretende com o cidadão no futuro?
Os munícipes e as Entidades, sim. Paulatinamente e à medida que vamos disponibilizando novos serviços on-line. Temos prevista para breve, associada a novos desenvolvimentos que estamos a fazer na plataforma, a realização de uma campanha informativa que possa contribuir para tornar mais conhecida esta plataforma. A plataforma 360 é de fato emblemática do tipo de interação que queremos estabelecer com os cidadãos. Uma proximidade cada vez maior – à distância de um click – mas, sobretudo, uma interação que permita ao cidadão o exercício pleno da sua cidadania e a participação ativa na construção da cidade. A plataforma 360 é fundamental para que tal aconteça. É uma ferramenta fundamental, por exemplo, para a operacionalização do orçamento participativo. No fundo, cumprindo a visão de “uma única porta, uma única chave” o munícipe terá oportunidade de interagir com o município em todos os serviços por nós prestados. Do licenciamento à biblioteca, das águas à piscina, passando pelos eventos pontuais
O centro histórico, apesar de alguns novos espaços comerciais, ainda apresenta alguns problemas. Considera que as intervenções previstas com a construção do MIAA, a requalificação do Edifício Carneiro e a requalificação do Castelo, serão um estímulo para uma maior vivência do próprio centro?
Essa é a nossa convicção. Esse é o grande objetivo da nossa estratégia. Porque a maior vivência do centro histórico, quer pelos locais, quer pela capacidade de atração de visitantes, tem necessariamente associada uma importante componente de desenvolvimento económico e de aumento da qualidade de vida. Aquilo que estamos a desenhar – O MIAA, o Museu Charters de Almeida, a requalificação da atual Galeria de Arte para acolher a Coleção de Arte Figueiredo Ribeiro que nos permitirão recriar o Centro Histórico enquanto Centro Cultural - a requalificação do Castelo/Fortaleza de Abrantes, os incentivos financeiros associados á regeneração urbana do centro histórico, o Programa + Comércio, a forma ativa como nos envolvemos conjuntamente a Turismo Fundos na procura de uma solução para o Hotel de Turismo – são vetores dessa estratégia de revitalização do Centro Histórico.
Que outros investimentos estão previstos concretizar até ao final do mandato por todo o concelho? Quais vão ser as prioridades?
A nossa prioridade é fazer intervenções em todo o território. Recordo que no início de 2016 disponibilizamos um pacote de investimento no valor de 731.000€ ao abrigo de contratos interadministrativos para delegação de competências nas 13 Juntas de Freguesia do Concelho para execução de diversas intervenções nos territórios respetivos, ao longo de 2017. Essa parceria com as Juntas de Freguesia permite operacionalizar obras prioritárias como pavimentações, repavimentações; construção de passeios, ou construção de equipamentos. Essas intervenções e todas as outras que paulatinamente fomos fazendo ao longo do mandato – para além das obras fruto destes contratos, as Juntas de Freguesia executam obra e investimento a partir dos seus próprios orçamentos e de acordo com as suas competências e a Câmara Municipal por si só executa também obra de acordo com as suas competências – são sinónimo de politica de proximidade.
Para além destas intervenções nas freguesias, gostava de destacar outras intervenções, como o inicio da construção da estrada de ligação entre S. Facundo e Vale das Mós – uma velha aspiração destas populações - ; Unidade de Saúde Familiar do Rossio ao Sul do Tejo; beneficiação exterior da Igreja de S. Vicente; Loja do Cidadão; ampliação do Cemitério de Santa Catarina; asfaltamentos em Água das Casas, Carvalhal e Souto; Pontão de Rio de Moinhos; a 2ª fase da requalificação do Pavilhão do Pego; o apoio financeiro à Junta de Freguesia e à iniciativa da sociedade civil para a obra da Praça Central de S. Miguel do Rio Torto e Polidesportivo, etc.
Destaco ainda as obras de requalificação urbana, como a requalificação do Convento de S. Domingos para instalação do MIAA, que está a decorrer, e aquelas que brevemente se vão iniciar como a requalificação do mítico Edifício Carneiro, para instalação do Museu de Arte Contemporânea Charters de Almeida; a ampliação da Galeria Municipal de Arte, agora Quartel Da Arte Contemporânea de Abrantes – Coleção Figueiredo Ribeiro; o Parque de estacionamento e espaço para feiras e mercados do Vale da Fontinha e a requalificação do edifício do antigo Colégio de Fátima para instalação do Centro Escolar de Abrantes. Não deverá iniciar-se antes do final do atual mandato, mas relembro que temos pronto o projeto para a requalificação do Largo 1º de Maio, com a inclusão de uma praça de táxis coberta.
Ao nível dos Serviços Municipalizados, destaco essa grande obra, realizada por fases, de abastecimento de água ao sul do concelho a partir da Albufeira de Castelo do Bode, para este ano com o traçado adutor entre Vale das Donas, S. Miguel e Tramagal. Pretende-se ainda iniciar a execução do traçado adutor entre o nó de Vale das Donas e Pego. A renovação das redes de distribuição de água e ramais de ligação em várias localidades do concelho: Alferrarede; Mouriscas; Rio de Moinhos e Pego mas também a substituição da conduta adutora entre a Estrada Nacional 2 e o reservatório de Amoreira, a substituição da conduta adutora ao reservatório de Casais de Revelhos e a conduta adutora entre o reservatório de Casais Revelhos e Sentieiras, bem como reparar os reservatórios de distribuição de Matagosa, Vale de Açor e Água das Casas.
Costuma afirmar com alguma frequência: “se queremos ir longe, vamos juntos”. Considera que tem estado próxima dos seus munícipes para ir mais longe e levar mais longe o concelho de Abrantes?
Quando digo “ir longe” falo da obra – material e imaterial – e do investimento que estamos a fazer no presente mas também das sementes que estamos deixar para o futuro.
Sinónimo disso é a criação de uma nova rede polinuclear de equipamentos culturais, associada à promoção do conhecimento de uma cartografia cultural e de uma agenda fortemente reconhecida na região. Este tipo de investimento poderá não ser facilmente compreendido e não dará frutos no imediato. Mas as atuais e futuras gerações dar-lhe-ão valor e beneficiarão deste investimento porque certamente acrescentarão valor à nossa economia local e ao nosso tecido social.
Sublinho “vamos juntos” porque a Câmara de Abrantes não trabalha sozinha. Trabalha com os parceiros do seu território. Não pode ser de outra maneira. Ao nível da ação social, da educação, do desporto, da juventude, da cultura, de outras áreas intervenção, envolvemos, interagimos, dialogamos com os nossos parceiros: os clubes, as associações; as escolas; a instituições; as empresas; a sociedade civil. Esse trabalho em rede que há muitos anos praticamos em Abrantes é reconhecido pelos nossos parceiros e é tido como um bom exemplo fora do nosso território.
Patrícia Seixas e Joana Margarida Carvalho