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PSD/ Abrantes debateu futuro do território. “Temos que acreditar que temos futuro” – Vasco Estrela

23/04/2018 às 00:00

O polo de Aldeia do Mato da União de Freguesias de Aldeia do Mato e Souto recebeu este sábado, 21 de abril, a primeira das conferências que a Comissão Politica do PSD de Abrantes pretende levar a efeito nos próximos tempos.

Esta primeira iniciativa contou com casa cheia e pretendeu abordar o futuro que se pretende para o território. Discutir com a população do concelho quais as opções para dar um futuro melhor a um território que tem vindo a ser fustigado pelos incêndios e pelo abandono de população era o objetivo e, para tal, a Comissão Política convidou Luis Damas, presidente da Associação de Agricultores dos Concelhos de Abrantes, Constância, Mação e Sardoal, Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal e Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação. Nuno Serra, deputado e membro da Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar foi o moderador neste debate de ideias.

Luís Damas não fugiu ao drama dos incêndios, especialmente numa zona tão afetada como é a zona norte do concelho de Abrantes. “Aqui nesta região, o ciclo do fogo tem impedido que os proprietários tenham tirado rendimento nos últimos 30 anos”, afirmou.

No que concerne ao ordenamento, Luís Damas afirmou que “também há desordenamento urbano”, afirmando que muitas vezes, em caso de incêndio, “a maior parte dos meios vão defender uma bomba de gasolina. Mas quem licenciou essa bomba, devia ter garantido que aquela bomba não iria tirar meios de combate à floresta. Só para terem uma noção”, explicou, “aquela bomba retira hectares de área verde. Isto é desordenamento mas não é florestal, é desordenamento urbano”.

Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal, questionado sobre que tipo de território queremos no futuro, afirmou que “queremos um território sustentável, coeso, com gente, com empresas e com serviços públicos de proximidade”. Para isso, diz o autarca, “há a responsabilidade do Estado de promover a igualdade entre todos os portugueses”.

“Nós não temos um território deprimido, como andam a vender”, diz Miguel Borges. “Temos um território que tem qualidade e vida, tem beleza natural, hoje tem equipamentos públicos, atividades desportivas, culturais, infraestruturas escolares como os grandes centros têm. Mas temos uma coisa que nos grandes centros não há: temos tempo para usufruir de tudo isto”.

Já Vasco Estrela, presidente da Câmara Municipal de Mação, referiu-se ao futuro do território como uma crença. “Temos que acreditar que temos futuro”, disse.

Depois da tragédia dos incêndios no verão passado, o interior tem voltado à ordem do dia. No entanto, o autarca de Mação afirma ainda não ter visto “mudança nenhuma. E está a chegar a altura de começarmos a perguntar algumas coisas, nomeadamente quais os resultados da Unidade de Missão para a Valorização do Interior que foi criada, que medidas já foram implementadas, o que está no terreno, o que não está, e se não está, porque não está e quando há perspetivas de que possam vir a estar… Ora, sabemos que os incêndios de verão ocuparam a todos muito tempo e dispersaram as atenções mas, em todo o caso, é altura de perguntar o que é que está a ser feito efetivamente”.

“Infelizmente, os sinais que vamos tendo são muito contrários àquilo que nós podíamos perspetivar, como fundos comunitários que provavelmente vão desviar dinheiros do interior para o litoral, museus de emigração que vão ser feitos em Matosinhos, investimentos da Volkswagen em Lisboa… pergunto eu se não poderia começar a haver aqui uns sinais diferentes do que a mera retórica de que este Governo tem sido um bom exemplo na forma de comunicar bem mas depois, na prática, as coisas não têm acontecido”, acusa Vasco Estrela.

O moderador da conferência foi Nuno Serra, deputado eleito por Santarém e membro da Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar. Defende que é “preciso que o poder central, aquele que está em Lisboa, olhe para estas populações de maneira diferente da que tem olhado. O país não pode ser visto como um todo. Somos vários bocados e cada um tem as suas necessidades. Para aqui, a visão tem que ser muito diferente do que tem que ser feito noutros sítios”.

Questionado se a Assembleia da República está a trabalhar nesse sentido, Nuno Serra é perentório a afirmar que “não. Temos muitas dificuldades. Passámos a fase da reforma da floresta, que foi feita quase a pontapé (…) e o único mecanismo foi o de se dizer que temos que limpar as matas, o que até é um falso problema. Temos é que fazer uma eficiente gestão do combustível”.

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