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Sardoal: Miguel Borges apresenta aos partidos soluções para levar médicos ao interior

22/02/2017 às 00:00

O presidente da Câmara de Sardoal, Miguel Borges, está a apresentar aos partidos uma proposta que entende ser a solução para resolver a problema da falta de médicos no país, nomeadamente nas regiões do interior.

O autarca de Sardoal, município do distrito de Santarém e onde mais de 50% da população não tem médico de família, lembrou à agência Lusa que "estão 12 mil médicos no setor privado" e que estes profissionais "tanta falta fazem no sistema do Serviço Nacional de Saúde" (SNS).

Miguel Borges, eleito pelo PSD, já apresentou as suas ideias ao BE e PSD e hoje é recebido no Parlamento, no âmbito das audiências do grupo parlamentar do PS, onde, referiu, irá "apresentar as ideias" que defende para a regularização do setor, como "a obrigatoriedade de cada médico cumprir um determinado número de anos no serviço público, com uma colocação nas regiões onde aqueles profissionais fazem falta, ao exemplo do sistema de colocação de professores".

Segundo disse o autarca, "a carência de médicos" nos Cuidados de Saúde Primários "é uma situação que se arrasta há vários anos sem que se veja uma solução, apesar de tentativas de fazer crer o contrário".

O eleito de Sardoal lembrou que "sempre foi dito que este problema teria solução num curto espaço temporal, pois estariam muitos médicos a terminar a sua formação e ficaríamos com o problema resolvido (...) uma enganadora esperança que tarda em se concretizar".

Miguel Borges defendeu que as propostas que tem apresentado "poderão minimizar o problema", tendo feito notar que as mesmas "colidem com políticas existentes com possíveis interesses instalados".

"Precisamos de políticas corajosas que visem única e simplesmente os interesses dos cidadãos", defendeu.

"Não consigo entender como é que um País que investe na formação dos seus jovens médicos, sendo dos cursos mais onerosos para o erário público, permite, se for esse o caso, que o médico posso exercer a sua profissão num qualquer sistema privado ou num país estrangeiro, sem que tenha contribuído minimamente com o retorno que o País merece e precisa. Deixo como exemplo a Força Aérea, que só permite a saída dos seus pilotos passados 8 anos de cumprirem serviço público exclusivo e obrigatório. Não me parece uma solução de difícil implementação. Após a implementação desta medida, um sistema de colocação em tudo idêntico ao dos professores poderia colocar os médicos nos locais onde mais são precisos", defendeu.

Para além disso, continuou, "com a atual legislação, a iniciativa da criação de uma Unidade de Saúde Familiar tem de partir dos profissionais".

"No entanto, entendo que uma alteração legislativa no sentido desta iniciativa poder ser dos órgãos de administração de saúde traria vantagens para a população", reforçou.

O município de Sardoal, com uma população residente de 3821 habitantes, não circunscreve a sua influência aos seus 92 quilómetros quadrados, sendo os serviços existentes na sede de concelho "utilizados por uma população muito superior, proveniente dos concelhos vizinhos".

Daí, o número de utentes inscritos no Centro de Saúde de Sardoal ser de 4069, dos quais mais de 50% (2166) não têm atualmente médico de família.

"Se nada for feito, se não forem implementadas políticas claras, inequívocas da defesa e salvaguarda dos interesses das nossas populações, continuaremos ano após ano a assistir a situações nada condizentes com um País que se diz moderno, europeu, do século XXI", concluiu.

Lusa

 

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