Em setembro de 1995, na freguesia de Amêndoa, concelho de Mação, “arrancámos com este trabalho. Foi debaixo de casa, em instalações provisórias, com o intuito de construir aqui, na zona industrial do Souto”, no concelho de Vila de Rei.
Hugo Henriques e Sandra Henriques são os gerentes da Incarcentro, Indústria de carnes do Centro, Lda, situada na Zona Industrial do Souto, em Vila de Rei.
Naturais do concelho de ação, mais concretamente da freguesia de Amêndoa, explica que a mudança de concelho prendeu-se com o facto de “serem oito quilómetros para Vila de Rei e vinte para a zona industrial de Mação”.
Foram os pais que começaram com a empresa. Elias Henriques e Idalina Tavares regressaram de Angola, em 1975, e começaram a trabalhar no ramo, passando por várias empresas na região.
Neste momento, os dois irmãos gerem a Incarcentro mas a mãe Idalina, a “mestre salsicheira”, continua na empresa e é das suas mãos e dos seus conselhos que os produtos vão saindo. Trabalha no ramo “há 38 anos”. Foi um veterinário de uma outra empresa onde trabalhava que a desafiou a começar a trabalhar por conta própria. “E eu arrisquei mas na altura também era tudo mais fácil”, desabafa Idalina Tavares.
O pai Elias Henriques, “já está reformado mas vem cá todos os dias e vai ajudando”.
Sandra e a mãe, Idalina Tavares, a “mestre salsicheira”
A produção é, essencialmente, “de enchidos daqui, da Beira Baixa. O chouriço, a farinheira, o salpicão, os paios e as morcelas. Estes são os produtos principais”, explica Hugo.
No entanto, na lista de produtos que fabricam, apresentam ainda o painho e a paiola que são enchidos conhecidos na Beira Baixa. “Não inventámos nada”, ri Hugo Henriques.
Assim de mais diferente, “talvez o butelo, que fazemos mais lá para o norte do país porque aqui não é muito usado”. Também mais para o norte, a Incarcentro fabrica ainda a moura de cebola que “também sai muito bem para França”.
O «mercado da saudade» faz parte da lista de clientes da Incarcentro. “Paris e arredores”, confirmam. “Há muitos portugueses lá a consumir os nossos produtos. Franceses também mas são poucos. Só mesmo aqueles com grande proximidade à comunidade portuguesa”. Angola, Inglaterra e Alemanha também já foram explorados pelos gerentes da empresa, através de portugueses radicados nesses países, e agora “surgiu o interesse de uma senhora na Suiça mas os acordos com a Suiça já são diferentes, é extracomunitário, e vamos ver como corre”, explica Sandra Henriques.
Para já, a grande aposta “é o mercado nacional”, garante Hugo, que acrescenta que é “no mercado a retalho, no grossista, na zona da Grande Lisboa” que estão mais implementados. “Temos funcionado assim desde o início, não estamos nas grandes superfícies mas temos aumentado a produção em torno desses clientes”.
“Alguns deles”, acrescenta Sandra, “são clientes que já eram dos nossos pais e alguns também já são os filhos que continuaram com os negócios e permanecem connosco”.
Relativamente a desafios, “às vezes são os próprios clientes que nos perguntam se temos isto ou aquilo. Como é o caso da entremeada enrolada”. Ora, para quem nunca ouviu falar, “é aquilo a que os italianos chama de panchetta”.
A matéria prima é adquirida “a produtores nacionais na sua grande maioria, cerca de 90%. Também vem alguma coisa de Espanha mas poucochinho”.
Quanto à produção, “já tem alguns processos industriais mas tentamos sempre aplicar a parte tradicional, como na secagem, nos temperos, no enchido atado à mão, na cura e na estufagem ainda usamos a lenha de azinho”.
A Incarcentro conta atualmente com “8 empregados mais três sócios no ativo”.
Os produtos da Incarcentro encontram-se à venda nos supermercados do concelho de Vila de Rei e também diretamente na fábrica.
Patrícia Seixas