O Presidente da República mostrou-se hoje impressionado com o traço que o fogo deixou e que continua visível cerca de seis meses depois no concelho de Ourém, após uma visita a uma casa que ficou destruída.
Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de visitar hoje uma casa de primeira habitação, que ficou totalmente destruída pelos incêndios deste verão, na Aldeia de Santa Teresa, na freguesia de Freixianda, no concelho de Ourém, distrito de Santarém.
“O impressionante é que passados muitos meses é claro o traço do fogo e o que destruiu à volta. Ainda está a ser recolhida madeira daquilo que começou a arder e ardeu há quase seis meses”, adiantou o Presidente da República, após ter entrado numa casa cujo cenário era de paredes pretas queimadas pelas chamas e toda uma vida de bens destruída.
Naquela habitação, Joaquim Marques, com 80 anos, vivia com dois filhos, que foram obrigados a procurar uma nova casa, enquanto o pai foi encaminhado para a um lar.
Marcelo Rebelo de Sousa prometeu à família regressar quando a habitação estiver recuperada. “Mas tem de ser rápido. Daqui a um ano. O processo já avançou, já há aprovação. O presidente [câmara] fez o que pôde e o que não pôde”, salientou.
Dirigindo-se a Joaquim Marques, o chefe de Estado disse: “agora é virar a página e recomeçar a vida”.
“Sei que custa muito e com esta idade [80 anos] ainda custa mais. Com 47 anos [idade de um dos filhos] recomeçar a vida é uma coisa, recomeçar aos 80 é outra coisa. Não pode ir abaixo”, confortou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado afirmou ainda estar impressionado por estar numa freguesia “que foi a mais atingida nos primeiros fogos que houve este ano”.
“O município [Ourém] e outros municípios vizinhos foram atingidos. Ourém várias vezes, mas a freguesia de Freixianda foi a mais atingida e esta casa ficou destruída”, acrescentou.
O Presidente da República sublinhou ainda que cumpriu a promessa de passar nesta habitação antes do final do ano. “Recomecei pelo começo. Foi aqui que começou. Irei depois percorrer outras áreas [ardidas] que foram mais tardias, mas nos próximos dias lá irei”, revelou, referindo-se a Pombal, no distrito de Leiria, à Serra da Estrela e norte transmontano.
“Não posso ir a todos os lugares, mas irei simbolicamente a alguns dos que foram atingidos”, disse.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a sua presença nestes locais, “vai permitir, além do mais noutras áreas maiores, ouvir o Governo, o que está a ser feito e como se está a prevenir”.
Confrontado com o facto de ser o momento de prevenir os incêndios, apesar do país estar a enfrentar cheias, o Presidente da República afirmou que “são dramas que preocupam”.
“Agora preocupam mais as cheias, mas é nesta altura que se prepara a época de incêndios”, defendeu.
O presidente da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque, explicou que irá à próxima reunião de executivo um protocolo já aprovado pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, com um financiamento de cerca de 145 mil euros para avançar com a recuperação da habitação.
“Foi o que foi possível rapidamente, através de um programa chamado Porta de Entrada, onde conseguimos enquadrar esta situação e estamos satisfeitos. Se não fosse assim, seria o município a assumir, porque já tínhamos assumido que iríamos fazer a recuperação da casa”, adiantou o autarca eleito pela coligação Ourém Sempre PSD/CDS-PP.
Luís Albuquerque acrescentou que espera iniciar a recuperação da casa no início do primeiro trimestre de 2023.
Marcelo Rebelo de Sousa terminou a passagem por Ourém com a visita ao castelo, onde está patente uma exposição “40 anos do processo-crime do atentado de 12 de maio de 1982 contra o Papa João Paulo II”, alusiva ao mediático processo judicial e à tentativa de atentado contra o Papa João Paulo II, em Fátima, em Maio de 1982.
Lusa