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Mação: A porta de Queixoperra é o novo miradouro da aldeia

3/05/2025 às 10:32

Depois da Serra do Corvo e do Poço das Talhas agora a pequena aldeia de Queixoperra, no concelho de Mação, aproveitou um planalto sobranceiro ao povoado para criar um novo miradouro. Instalou uma porta, que se abre para o casario, que se abre para as gentes da terra num sinal claro que quer dizer: bem-receber.

É assim que funciona a Queixoperra. É uma aldeia do concelho de Mação. Tem atualmente cerca de 180 habitantes e fica na fronteira do território maçaense. Faz fronteira com Abrantes e com o Sardoal. Os habitantes continuam a queixar-se de que as comunicações nos nossos dias, rede móvel, não existem, mas quando é preciso metera mãos à obra unem-se em prol da comunidade, da terra.

Ficar numa “ponta” nunca foi problema para estas famílias que têm na Associação Cultural e Desportiva um marco, um ponto de encontro e, quase sempre, um berço de desafios.

Há uns anos, ainda antes de as Rotas de Mação serem criadas formalmente, já Queixoperra tinha uma rota desenhada à volta da aldeia para permitir umas passeatas a quem gosta de andar e de andar na natureza. E já tinha identificado alguns pontos de interesse, de observação ou de recordação da vida de outros tempos.

A rota tem um miradouro, a Serra do Corvo [39.55939, -8.06643] que diz quem já lá foi permite observar o horizonte longínquo e, em simultâneo, perceber que “estamos no meio da natureza”. Se lá quiser ir, a sugestão é ir ao fim do dia, ao por do sol. Porquê, basta olhar para esta foto.

 

E 2021, após meses de trabalho, este roteiro de Queixoperra ganhou um outro atrativo. A zona, da Ribeira do Rio Frio [39,543162, -8,066688], só por si é fantástica, parece saída de um filme. Cascatas de água no meio das rochas, uma ponte de pedra, uma azenha, e depois toda a recuperação feita para trazer ao presente a vida de meados do século passado.

Afinal de contas a azenha não era apenas para moer os grãos de cereal. Era a base de uma vida agrícola que, tendo água, permitia nos socalcos esboroar a terra e fazer o cultivo de muitas espécies.

Esta azenha tem um núcleo museológico que, é como quem diz, uma mostra dos utensílios da época e de como se vivia naquele tempo. É, se quisermos, uma aula de história ou de etnografia.

Mas não satisfeitos, os habitantes da aldeia, voltaram às imediações do povoado e descobriram um planalto sobranceiro a Queixoperra. Descobriram não. Ele já lá estava e mostrava o círculo das casas. Depois alguém deve a ideia de ali colocar uma porta a sinalizar o miradouro.

Diz Vasco Marques, um dos elementos da nova direção da Associação Cultural e Desportiva de Queixoperra, que esta é mais uma forma de surpreender todos os que fazem o percurso da rota. Que esse é o objetivo. Que as pessoas façam a caminhada, mas sejam surpreendidos com pontos de atração, porque fazer a rota não é uma corrida, é poder desfrutar do que a natureza oferece e, depois, do que surge como ponto de atração.

A instalação, batizada de “Porta da Aldeia” foi colocada junto ao Miradouro do Cuco, um dos pontos de paragem assinalados no trilho PR5 das Rotas de Mação [39,550258, -8,075593], e assume-se como um símbolo da hospitalidade e do espírito comunitário desta terra.

A porta ali colocada, explicou o dirigente, tem duas leituras. Primeiro é uma porta que se abre e permite observar, como miradouro, o casario. Depois, porque é um sinal dos habitantes de que o bem-receber na aldeia faz parte da vida destas gentes. Ao abrir a porta do miradouro está a entrar na vida da aldeia.

E quando questionado sobre a cor azul da porta, Vasco Marques diz que foi a opção natural, porque era a cor das tradicionais portas do casario. Hoje é diferente, há outras opções arquitetónicas, mas noutros tempos era a cor mais usual.

Vasco Marques acrescenta que houve necessidade de alguns apoios para esta “empreitada”. Desde logo a autorização dos proprietários do terreno onde foi criado este ponto de atração.

O dirigente confessou que há um outro sonho que esperam poder concretizar nos três anos que têm pela frente. A criação do Núcleo Museológico da Queixoperra. O ponto central, ou base de operações destas ofertas. Ainda não há muito a explicar, mas uma vontade grande de criar na aldeia o ponto de partida e de chegada desta ideia de poder per um percurso, de natureza, de história, de etnografia que guarde os ideários da vida lá da terra.

E, depois, por ali há sempre uma expressão que é mais ou menos assim: na Queixoperra não esperamos que “nos venham fazer” coisas, metemos mãos à obra.

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