Na tarde desta terça-feira, dia 1 de outubro, a Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT) reuniu-se frente ao hospital de Abrantes para uma conferência de imprensa relativa ao não-desbloqueio do processo das obras nas urgências deste hospital.
Perante os jornalistas, o porta-voz da CUSMT, Manuel Soares, deu conta de que “em quatro anos, apesar de todas as resoluções na Assembleia da República, apesar de todas as tentativas, mesmo em termos orçamentais, de resolver a situação, não se avançou, colocando em causa as prioridades do Ministério da Saúde e do Ministério das Finanças”.
"Isto está parado nos meandros burocráticos", disse o responsável.
Apesar de nada ter sido feito nesta legislatura, Manuel Soares relembra que não são há quatro mas sim “pelo menos há 15 anos que as urgências precisam de obras”.
“É um processo moroso, a concentração aqui das urgências médico-cirúrgicas veio complicar uma situação que já era complicado, mas nós sempre pensámos que, persistentemente, o processo podia ir evoluindo”, diz o porta-voz, acrescentando que “chegámos a uma situação em que o projeto está pronto, está aprovado, e pura e simplesmente nem o lançamento do concurso é feito”.
Manuel Soares explica que para a CUSMT aquilo que impede que o investimento seja feito “é só uma questão de prioridades. Já não se coloca a questão de falta de dinheiro, porque não é uma verba que não chega aos 3 milhões de euros – e que tem um valor social, económico e até de cativação de profissionais para trabalhar nesta casa – que vem pôr em perigo as contas nacionais. É uma questão de prioridades”.
E alerta: “Um dia que haja um grande azar vão-se lembrar que têm efetivamente de fazer [as obras]. Nós não queremos que haja o azar, queremos que este serviço de saúde continue a prestar o melhor serviço possível”.
Nesta conferência de imprensa, a CUSMT deu conta de quem tem reunido com a administração do CHMT e com o “conselho consultivo onde estão representados os ministérios e todas as Câmaras e já nem sequer nos apresentam data para a abertura do concurso, como a dizer ‘já não sabemos o que é que havemos de fazer para dar seguimento a este projeto’ ”.
A conferência de imprensa da CUSMT aconteceu junto à entrada principal do hospital de Abrantes
Note-se que o CHMT, EPE é uma empresa que tem como acionistas o Ministério das Finanças e o Ministério da Saúde. Defende a CUSMT que, apesar de nos últimos anos se ter avançado “no acesso e prestação de cuidados de saúde de proximidade”, em quatro anos “os ministérios da Saúde e das Finanças não desbloquearam o processo das obras na urgência do Hospital de Abrantes”, facto que “prejudica populações e profissionais”.
Manuel Soares realça a “necessidade que este serviço tem de ser requalificado para bem das populações de todo o Médio Tejo e não só – porque há concelhos que não pertencem ao distrito de Santarém e que têm como referência esta urgência”.
Nesse sentido, a CUSMT vai lançar um abaixo-assinado no sentido de “pressionar o poder político no sentido de dar prioridade às obras no hospital de Abrantes, nomeadamente nas urgências”.
Manuel Soares divulga que espera “até dentro de 15 dias ter a documentação pronta para distribuir por toda a região” para que as pessoas tenham “conhecimento e possibilidade de manifestar a sua opinião”.
Com esta iniciativa a CUSMT pretende “legitimar uma pretensão que tem a ver com isto: não é justo, não é credível que se tenha concentrado a urgência médico-cirúrgica nestas instalações, sabendo que estas instalações não tinham condições para isso, muito embora os pequenos melhoramentos que tiveram”.
E dá um exemplo: “Pela porta que entram estropiados, pela porta que podem entrar doenças contagiosas é exatamente a mesma porta por onde entra toda a gente, sejam eles acompanhantes sejam eles simples visitantes da urgência”.
A CUSMT assume que está aberta a iniciativas que valorizem os profissionais e o próprio Serviço Nacional de Saúde mas que “isso não implica que nós não denunciemos e chamemos a atenção para questões que têm de ser resolvidas com alguma pressa”.
Nesse sentido, para além da luta pelas obras de requalificação das instalações da urgência de Abrantes, a CUSMT defende várias medidas a serem aplicadas, entre as quais a contratação de mais profissionais, a melhoria da comunicação aos utentes e familiares e a atribuição da urgência médico-cirúrgica ao CHMT.
A CUSMT tem lutado também pela "necessidade de se adquirir um equipamento de Ressonância Magnética para que no Médio Tejo haja Ressonância Magnética pública".
PRESIDENTE DE CÂMARA MUNICIPAL DE ABRANTES DIZ QUE ESTE ASSUNTO "PREOCUPA IMENSO" A AUTARQUIA:
Na passada sessão da Assembleia Municipal de Abrantes, que ocorreu a 27 de setembro, o presidente do município de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, abordou este tema relativo às obras da urgência médico-cirúrgica, afirmando que "sabemos que há uma intervenção muito robusta para ali acontecer, estamos a falar de alguns milhões de euros, e estamos a acompanhar a todo o tempo esta intervenção".
"Para a administração do CHMT é algo extremamente importante para o futuro, e sobretudo nesta linguagem da urgência e emergência. (...) Sabemos que há muito para melhorar, mas muito se avançou nos últimos anos", disse o autarca.
Já na reunião de Câmara de Abrantes, dia 1 de outubro, o autarca voltou a abordar o assunto, afirmando que "é um assunto que nos preocupa imenso. Há imenso tempo que temos tido várias conversas com o doutor Carlos Andrade" e salienta que "não é só a questão da urgência e da emergência" mas também da "ressonância magnética" que ainda não avançou.
Manuel Jorge Valamatos diz ainda que a Câmara tem feito o seu trabalho e que tem "diligenciado junto dos diferentes ministérios" no sentido de "manifestar as nossas preocupações"
Texto e Imagem: Ana Rita Cristóvão
(Notícia atualizada a 2 de outubro)