A Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) solicitou a intervenção da Polícia Judiciária (PJ) e de outras entidades para averiguar eventuais situações de desvio de medicamentos com testosterona utilizados no circuito legal para circuitos paralelos.
Esta iniciativa divulgada hoje em comunicado pelo Infarmed surge numa altura em que o ator e modelo Ângelo Rodrigues, de 31 anos, se encontra em coma induzido no Hospital Garcia de Orta, em Almada, com uma infeção generalizada, alegadamente por se ter injetado com produtos contendo testosterona para melhorar o aspeto físico.
O pedido do Infarmed surge também no dia em que o jornal Correio da manhã noticiou que há “milhares [de jovens] agarrados às drogas de ginásio”, incluindo a testosterona.
Embora sem nunca aludir a este caso concreto, amplamente noticiado na comunicação social e que deixou o modelo e ator em risco de vida, o Infarmed salienta que o medicamento com testosterona, pela sua natureza e finalidade, apenas deverá ser utilizado nas condições em que está aprovado e nas condições estabelecidas na sua autorização.
Tais condições - precisa o Infarmed - constam do Resumo das Características do Medicamento destinado aos profissionais de saúde, e no Folheto Informativo, destinado aos cidadãos utilizadores.
A Autoridade Nacional do Medicamento lembra ainda que se trata de medicamentos apenas passíveis de utilização obrigatoriamente mediante receita médica.
O Infarmed esclarece igualmente que estão autorizados em Portugal, três medicamentos contendo testosterona, com indicações terapêuticas bem estabelecidas e cuja utilização carece de prescrição para a sua dispensa e sendo a sua administração efetuada por profissionais de saúde.
Quanto ao eventual desvio de medicamentos utilizados no circuito legal para circuitos paralelos, o Infarmed desencadeou ações de averiguação dessas situações e solicitou a intervenção da PJ, da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) para o efeito.
O Infarmed sublinha, porém, que não recebeu este ano qualquer comunicação sobre o uso ilícito destes medicamentos no circuito legal, aproveitando, no entanto, para alertar que "a utilização racional de medicamentos é, também, uma responsabilidade de todos, devendo ser usados somente para as situações para que estão indicados de forma a garantir o maior benefício possível".
Lusa