A preocupação dos portugueses com as alterações climáticas é crescente, no entanto, a carteira não tem permitido a adoção de hábitos sustentáveis. Um estudo da Deco PROteste, revela que, apesar da consciência generalizada sobre a crise climática, a adoção de hábitos mais sustentáveis é dificultada por questões económicas.
O inquérito, realizado em parceria com organizações congéneres a nível europeu, demonstra que a perceção dos portugueses sobre a crise climática é aguda uma vez que nove em cada dez afirmam já terem sentido o efeito das mesmas. Mais de metade (56%) já notou alterações em locais que considera importantes, e quase metade (44%) sentiu os seus efeitos, ainda que indiretamente.
No entanto, a vontade de agir esbarra num problema comum: o custo. Quase 70% dos inquiridos confessam que a adoção de um estilo de vida mais sustentável é demasiado dispendiosa ou simplesmente inatingível com os seus recursos atuais. A falta de apoios e subsídios, apontada por 54%, agrava esta situação. Aliás, apenas 25% considera que o governo está a fazer o suficiente para apoiar os cidadãos nas alterações climáticas.
Apesar destas dificuldades, a resiliência dos portugueses é notória. A maioria já incorporou hábitos mais amigos do ambiente no seu quotidiano, como a escolha de alimentos da época (89%), a reciclagem (84%) e a redução do consumo (84%). Na mobilidade, o recurso a transportes públicos (49%) ou à bicicleta (29%) ganham terreno, sendo que 90% defende um aumento do investimento na rede de transportes públicos
A par desta consciência, surgem preocupações regionais específicas. No Algarve, a escassez de água, agravada pelo aumento do consumo de energia e pela diminuição da intensidade da chuva, é uma realidade cada vez mais premente. Já no Norte, a disponibilidade de alimentos parece estar a diminuir.
Principais observações e hábitos adotados para reduzir o impacto das alterações climáticas:
"Os consumidores estão despertos para a urgência climática e com isso sentem a vontade de adotar estilos de vida mais sustentáveis, mas para tal, é preciso que tenham condições para isso. Mesmo que a mudança possa começar em casa de cada um, incentivos e apoios devem estar mais acessíveis assim como informação clara sobre as vantagens destas mudanças " afirma Mariana Ludovino, porta-voz da DECO PROteste.
O inquérito foi conduzido no final de 2024 e foram recolhidasrespostas em quatro países (Bélgica, Espanha, Itália e Portugal). Os dados publicados referem-se à opinião e à experiência dos mais de mil e quinhentos inquiridos em Portugal. A amostra foi tratada de modo a refletir a distribuição de portugueses entre os 18 e os 74 anos em termos de género, região e nível educacional, podendo ser consideradas tendências representativas da população nacional.