Esta terça-feira, na reunião de Câmara, foi aprovado, por unanimidade, um pedido de parecer solicitado pelo “Infarmed - IP” para a transferência da Farmácia Duarte Ferreira, atualmente situada na localidade de Rossio ao Sul do Tejo, para a Avenida 25 de Abril, em Abrantes.
Na proposta de deliberação, submetida à aprovação do executivo camarário abrantino, é possível ler-se que a farmácia será transferida para o edifício que esteve afeto a comércio e a serviços ( em concreto a um posto de combustíveis e reparação automóvel) e que hoje é um espaço de comércio.
No documento, pode ler-se que a “quanto à viabilidade proporcionada pelos instrumentos de gestão territorial no que se refere à localização pretendida da farmácia, verifica-se assegurada a compatibilidade da instalação pretendida com o instrumento de gestão territorial para o local – Plano de Urbanização de Abrantes”.
Na proposta de deliberação, a Câmara refere que “não se pronuncia”, quanto à viabilidade económica da farmácia que será transferida pois, “a lei não o exige”.
Por último, e no que se refere ao critério “de salvaguardar a acessibilidade das populações aos medicamentos”, a proposta de deliberação refere que “em face da competência do órgão especializado de apreciação o “Infarmed – IP” e sem a invadir quanto à apreciação dos critérios exigidos por lei, considera a Câmara que se manterá assegurado o acesso da população envolvente ao medicamento, situando-se a Farmácia Santos”, na localidade de Rossio ao Sul do Tejo.
Motivos económicos estão na origem da transferência
Em reação a esta transferência, Luís Alves, presidente da União de Freguesias de Rossio ao Sul do Tejo e São Miguel do Rio Torto, afirmou que “os proprietários da farmácia contactaram a Junta de Freguesia e deram conhecimento [da transferência] alegando motivos económicos”.
“Na verdade, nós não podíamos ter grande intervenção e pôr grandes obstáculos a esta transferência que é perfeitamente legal ”, fez notar Luís Alves, dando conta que no entanto, a Junta de Freguesia ainda tentou “demover as pessoas lembrando-lhes que a farmácia está instalada no Rossio há já muitos anos e que já tinha alguns clientes fidelizados. Eles disseram-nos que em termos económicos não estava a ser viável, que tinham um estabelecimento em Abrantes e que queriam concentrar esforços e investimentos”.
O presidente lembrou que a freguesia está servida por outra farmácia no Rossio, que foi “modernizada, que tem todas as qualidades e condições para fornecer as pessoas e fazer o melhor atendimento aos clientes”. No entanto, realçou que “custa sempre ver fechar estabelecimentos históricos no Rossio, mas é isto que está acontecer e é muito difícil para nós travar esta tendência”.
Na reunião de câmara de Abrantes, a transferência da Farmácia Duarte Ferreira recolheu a unanimidade da maioria PS e dos vereadores eleitos pelo PSD e BE. No entanto, em reação a esta transferência anunciada, a Comissão Política do PSD de Abrantes escreveu ontem na sua página de Facebook que “a localidade de Rossio ao Sul do Tejo continua a definhar a olhos vistos”.
Reunião de Câmara desta terça-feira
A Comissão Política do PSD de Abrantes lembrou o “encerramento das finanças há largos anos” (…) “o encerramento da CGD, BPI, CTT (de forma encapotada) e agora o pedido de transferência da farmácia Duarte Ferreira (que respeitamos) para Abrantes”.
Consideram os sociais democratas que o Rossio ao Sul do Tejo carece “de apoios claros para a reabilitação urbana” e que “continuam a ser tomados investimentos e opções que comprometem continuadamente o futuro daquela terra”.
Por sua vez, Luís Alves disse que esperava que esta reação viesse do “BE ou do PCP” e não por parte do PSD, “um partido que defende o liberalismo puro e duro e basta recordarmos o Governo de Pedro Passos Coelho em que o mercado ditou todas as leis”, vincou.
“O empobrecimento das pessoas e do interior do país foi acentuado durante o Governo do PSD”, considerou o presidente. Por último, o autarca recordou que “o concelho de Abrantes é muito mais que a cidade, é todas as aldeias e populações. E, na verdade, nós sentimos um esforço de investimento que não é exagerado, mas que é muito superior àquele que é feito nas periferias, e isso tem consequências”.