A Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo vai relançar a proposta de reorganização das Urgências nos hospitais da região e apelar aos Ministérios da Saúde e das Finanças para serem desbloqueados os concursos para admissão de pessoal.
Em conferência de imprensa realizada hoje em Torres Novas, a CUSMT apresentou o balanço das reuniões que realizou recentemente com a coordenação do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo e a administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo (CHMT), apresentação que repetirá na quinta-feira em Abrantes e na sexta-feira em Tomar.
Na reunião com a administração do CHMT, a comissão deu conta das queixas sobre o “funcionamento irregular” das urgências desde o início do Verão, quer por razões pontuais, quer por questões estruturais, como a falta de recursos humanos, a concentração das urgências médico-cirúrgicas em “instalações sem condições” e a “exiguidade” dos cuidados prestados nas Urgências das unidades de Abrantes e de Tomar.
Nesse sentido, a CUSMT decidiu “relançar, com as populações, a proposta já apresentada ao Ministério da Saúde para a reorganização da urgência médico-cirúrgica no Médio Tejo”, afirma um dos textos distribuído na conferência de imprensa.
Por outro lado, tendo em conta o aumento das listas de espera - situação que a comissão atribui ao aumento do número de consultas conseguido com uma melhor organização dos serviços -, decidiu passar a dar conhecimento à administração do CHMT de “todos os casos concretos de adiamento para além dos tempos recomendados”.
Considerando que a falta de recursos humanos – médicos, enfermeiros e assistentes operacionais - continua a ser o “calcanhar de Aquiles” do CHMT, a comissão afirmou que vai escrever aos ministros da Saúde e das Finanças e aos grupos parlamentares, “alertando para a necessidade de serem desbloqueados os concursos propostos”.
Vai ainda pedir uma reunião à direção dos bombeiros de Constância, que tem um contrato com o CHMT para o transporte inter-hospitalar por três anos, para que sejam introduzidas melhorias que acabem com as “demoras e incómodos” que recaem sobre os utentes e familiares.
Em relação aos cuidados de saúde primários, a comissão lamenta que, apesar da abertura de concurso e admissão de 11 “recém especialistas”, continuem a faltar 12 médicos de família numa região que serve cerca de 200.000 utentes, uma vez que saíram seis clínicos no concurso de mobilidade interna entretanto aberto, sendo o concelho de Tomar aquele que mais carece de reforço.
Na reunião com a coordenação do ACES, que contou com a presença do Movimento de Saúde de Alcanena, foi ainda abordada a ocorrência de episódios de poluição atmosférica, em particular nos concelhos de Alcanena e de Torres Novas, e hídrica, no Tejo e afluentes, tendo sido entregue um dossier sobre a situação em Alcanena.
Sobre esta questão, a comissão decidiu solicitar uma reunião ao coordenador da Unidade de Saúde Pública do ACES do Médio Tejo, no sentido de saber se foi pedida a sua intervenção por alguma entidade pública ou privada e se “está previsto algum rastreio e monitorização (principalmente de patologias respiratórias) para os habitantes e para os trabalhadores das empresas das zonas mais afetadas, especialmente as que são apontadas como fontes poluidoras”.
A CUSMT deu ainda conta que se vai realizar no próximo dia 25, no Entroncamento, o 13.º Encontro Nacional de Comissão de Utentes de Serviços Públicos, que contará com a participação de mais de uma centena de elementos provenientes de 10 distritos do país, para debater a forma como estão a ser prestados os serviços públicos no país.
Lusa