Os utentes da região do Médio Tejo deram conta de "grandes problemas nas telecomunicações e de apoio telefónico" a partir dos centros de saúde, um problema "grave" perante a pandemia de covid-19.
"Constatámos e transmitimos à diretora executiva do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Médio Tejo a nossa preocupação com os grandes problemas que existem ao nível das telecomunicações e de apoio telefónico aos utentes, onde as pessoas, ou não atendem as chamadas ou o telefone dá sinal de chamar quando está ocupado", disse à agência Lusa Manuel Soares, porta-voz da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT).
Em declarações no final de um encontro de trabalho com os responsáveis do ACES, na sede do Agrupamento, em Riachos, no concelho de Torres Novas (Santarém), aquele responsável considerou a reunião "proveitosa e satisfatória", mas notou que o problema nas telecomunicações terá sido o "único ponto menos abonatório".
"Em situações de emergência e em tempo de pandemia entendemos que este tipo de problemas não deveria suceder, e, muitas vezes, o problema não está nos profissionais que não querem ou não podem atender, mas sim nas centrais telefónicas desatualizadas", afirmou.
Manuel Soares disse ainda que, "num período em que era necessária uma solução para atender ao aumento de consultas não presenciais e de consultas telefónicas, esta não foi implementada".
O problema, sustentou, "é de organização e é transversal ao Serviço Nacional de Saúde e a outras regiões do país" e a CUSMT apresentou uma proposta de solução.
Nesse sentido, defendeu, a situação "resolvia-se com a contratualização telefónica com as operadoras de algumas dezenas de milhar de telefones, por um período de alguns meses, e resolvia-se um problema que é do SNS, neste período em que é necessária uma solução, e que não é, na maior parte das vezes, dos profissionais", e que "prejudica os utentes e gera falta confiança no sistema".
Segundo Manuel Soares, os temas abordados numa "reunião institucional" que disse ter sido "positiva pela troca de informações e partilha de sugestões da CUSMT visando melhorar os serviços e informar as populações do que se está a passar", incidiram em "questões ligadas à Saúde Pública e à pandemia covid-19, à prestação de cuidados de saúde, recursos humanos, plano de vacinação contra a gripe, instalações e equipamentos logísticos", entre outros.
O porta voz da CUSMT destacou o "aumento da produção total de consultas em setembro relativamente ao mês de janeiro", mês em que "ainda não havia pandemia", a "recente contratação de 10 médicos de família que preencheram a totalidade das vagas colocadas a concurso", a par da contratação de 08 assistentes operacionais e 06 assistentes técnicos", numa região que, com os seus cerca de 225 mil utentes, "fica agora com cerca de 14 mil utentes sem médico de família, servidos por médicos tarefeiros" contratados para o efeito.
"Atendendo ao impacto que a pandemia tem, estes números, a par do trabalho desenvolvido ao nível da vacinação e apoio domiciliário, reconhecemos o importante esforço que se está a fazer e a trabalhar assim, e sem a pandemia covid-19, a região teria os atendimentos em centros de saúde em dia", concluiu.
O ACES Médio Tejo abrange 11 municípios com cerca de 225 mil utentes/frequentadores, sendo composto pelos municípios de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Ourém, Sardoal, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.
Lusa