O Tejo tem, por estes dias, um caudal muito acima do normal, durante a estação mais chuvosa, mas não se verifica uma cheia, pelo menos em Abrantes. Em Constância ou Vila Nova da Barquinha já existem mais constrangimentos, mas mesmo assim nada de muito complicado. Depois na Lezíria, aí sim, a água vai inundar os campos agrícolas.
A última cheia, que causou problemas, em Rossio ao Sul do Tejo foi em dezembro 1989. Como a água alagou os campos do Taínho, local onde Abrantes tinha furos de captação de água para abastecimento público, deixou problemas durante cerca de um mês.
Mas a grande cheia do século passado foi mesmo em fevereiro de 1979.
Numa dissertação de Mestrado em Geografia Física, defendida em 2001, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Maria Cristina, Saraiva Madeira, Geógrafa, resume as cheias do Tejo do século, onde publica um quadro com as aluras hidrométricas na Barquinha e em Santarém.
As dez maiores cheias desde 1909 Fonte Governo Civil de Santarém
Escreve, à altura, a mestranda que “no que respeita à inundação de 1979, é de salientar que as primeiras manifestações de alteração dos níveis de água fazem-se sentir no dia 2 de fevereiro nas Barragens de Cedilho e Fratel. No entanto, é a partir do dia 8 de fevereiro que os níveis começam a subir mais rapidamente indo atingir o valor máximo a 11 de fevereiro.”
E depois acrescenta que “os caudais libertados por estas barragens atingiram, com efeito, níveis bastante elevados sendo os caudais registados nas barragens de Fratel e de Belver, respetivamente, 11 720 m3/s e 11 430 m3/s.” Ora as descargas de 2025 não chegaram aos 3 000 m3/s, donde se pode verificar as diferenças.
Em 1979 estas descargas provocaram a inundação das povoações ribeirinhas do Tejo, nomeadamente Rossio ao Sul do Tejo e outras povoações do concelho de Abrantes, como Rio de Moinhos e Alvega.
É de salientar que grande parte dos caudais do Tejo, nestes casos, se devem às descargas das barragens espanholas e “às manobras das barragens ali localizadas, uma vez que as de Fratel e Belver, pelo facto de possuírem uma fraca capacidade de armazenamento, limitam-se a deixar passar o caudal que chega de montante.”
Imagem da cheia de 1941
Inundação de habitações e infraestruturas de lazer em Rossio ao Sul do Tejo (dezembro de 1989)