Quando era miúdo já brincava às rádios e ao jornalismo, antes mesmo de haver uma rádio em Abrantes. Depois, tinha eu 9 anos, apareceu uma rádio que entraria mais tarde na minha vivência juvenil. Entre aqueles que vinham fazer o relato da bola ou até o baile de finalistas. Sim, no meu 9.º ano, o baile de finalistas da escola das Mouriscas, foi feito com os “DJ's” da RAL.
Depois, quis um qualquer destino (se é que isso existe) que, ainda estudante do secundário, a minha voz pudesse ter passado pelos ouvidos de quem, naquela altura, dirigia a estação que emitia em 96.7fm a partir das Arreciadas.
Mais uma vez, quis o destino, que tenha experimentado o jornalismo de rádio ainda a caminho das Arreciadas numa motorizada Casal 4.
Depois as coisas evoluíram. Pude participar em dois dos maiores processos da rádio. Um deles a mudança para os estúdios em Abrantes. O outro, a introdução dos primeiros sistemas de automação (computador) de publicidade.
Nunca fui o locutor, apesar de o ouvinte nos identificar pela voz. Sempre andei na onda das notícias, das reportagens e das entrevistas.
E a rádio, como todas as coisas, muda. Vai mudando. Vai tendo a normal adaptação aos tempos novos. Vai-se ajustando às vontades dos que “consomem”. Mas continua sempre a ter uma qualquer magia, ou bichinho como alguns lhe chamam.
A rádio é hoje, e foi-o ainda mais no passado, uma casa de emoções. É por aqui (na casa da rádio ou fruto da pandemia nas nossas casas) que passam ainda as vozes dos que querem ter voz. Afinal de contas, nós próprios fazemos as adaptações necessárias à nova vida digital, a rádio faz a sua adaptação, mas a génese ou a base continua a ser a mesma. Chegar a todos os cantos. Neste caso a todos os cantos do concelho. E basta ter um recetor de FM. Essa coisa que ninguém precisa hoje, dizem, mas que está presente em qualquer automóvel ou em qualquer telemóvel.
Porque continua a fazer parte, mesmo que para muitos, ausente das nossas vidas enquanto ouvinte. Enquanto cidadão.
E como nota final frisar apenas o enorme orgulho em integrar uma equipa curta mas gigante na amplitude profissional que aplica no dia-a-dia. Desde a administração, aos jornalistas, aos locutores, à área (fundamental) de desenvolvimento tecnológico.
Uma garantia deixamos (nós, que fazemos a rádio), continuar a trabalhar com o mesmo afinco e profissionalismo para fazer da rádio a Rádio!
JERÓNIMO BELO JORGE – Jornalista