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Gripe Aves: Epidemia de gripe aviária é a maior de sempre na Europa, alerta ECDC

3/10/2022 às 08:43

A época epidémica de 2021-2022 de gripe aviária é a maior de sempre na Europa, com uma extensão geográfica inédita a 37 países, incluindo Portugal, alertou hoje o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC).

Dados hoje divulgados pelo centro europeu indicam que a época de gripe aviária de alta patogenicidade é a “maior observada na Europa”, com um total de 2.467 surtos em aves de capoeira, 48 milhões de aves abatidas nos estabelecimentos afetados e 187 deteções em aves de cativeiro.

Além disso, foram registados 3.573 casos de gripe aviária de alta patogenicidade em aves selvagens, avança ainda o relatório da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA, na sigla em inglês) e do ECDC.

A agência europeia alerta que, para além do número de casos registados, a “extensão geográfica do surto é inédita”, tendo em conta que vai desde as ilhas Svalbard, um arquipélago no Ártico que pertence à Noruega, até ao sul de Portugal e ao leste à Ucrânia, afetando 37 países da Europa.

“Apesar do número excecionalmente grande de casos recentemente detetados em aves, bem como de numerosos eventos de transmissão de gripe aviária a diferentes espécies de mamíferos, não foi observada qualquer transmissão humana na União Europeia e no Espaço Económico Europeu (UE/EEE) nos últimos anos”, adiantou o ECDC.

O centro europeu avança que, a nível mundial, apenas foi reportado um pequeno número de infeções humanas assintomáticas ou com sintomas leves, o que faz com que o “risco global para a população permaneça em níveis baixos, mas ligeiramente superior para as pessoas com profissões que estão diretamente expostas a aves infetadas”.

De acordo com o ECDC, os vírus da gripe que circulam em espécies animais, como porcos ou aves, podem infetar esporadicamente os seres humanos e apresentam um potencial de afetar severamente a saúde pública.

O ECDC exemplifica com as epidemias da gripe aviária H5N1 no Egito ou H7N9 na China, ou a pandemia de gripe h1N1 de 2009 causada por um vírus que se transmitiu inicialmente de porcos para seres humanos.

"É vital que os médicos, peritos de laboratório e especialistas em saúde, tanto nos setores animal como humano, colaborem e mantenham uma abordagem coordenada. É necessária vigilância para identificar as infeções com vírus da gripe o mais cedo possível”, salienta Andrea Ammon, diretora do ECDC.

As novas orientações divulgadas hoje pelo ECDC sublinham a importância da adoção de medidas de segurança e saúde nos locais de trabalho onde não é possível evitar o contacto com animais, que devem ser reforçadas nas situações em que a gripe zoonótica nos animais foi identificada.

Além disso, as explorações de aves devem rever periodicamente a sua avaliação de risco e assegurar que são tomadas todas as medidas técnicas, organizativas, de manutenção e de higiene necessárias para prevenir a infeção dos trabalhadores.

De acordo com as orientações, os profissionais de saúde pública devem também estar alerta para a necessidade de testar casos de possível infeção em pessoas com doenças respiratórias e exposição recente a animais potencialmente infetados.

“Os testes para a gripe zoonótica também devem ser considerados em doentes com doença respiratória aguda grave de origem desconhecida, bem como em doentes graves com exposição animal prévia”, adianta o ECDC.

No final de agosto, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) adiantou que Portugal contava, nessa altura, com 25 focos de infeção pela gripe aviária.

O primeiro foco de gripe aviária foi detetado em 30 de novembro de 2021, numa capoeira doméstica no distrito de Setúbal, e desde então e até 29 de agosto, foram confirmados 25 focos de infeção pela gripe das aves de alta patogenicidade, 17 dos quais em aves domésticas, incluindo explorações comerciais de perus, galinhas e patos, uma coleção privada de aves, capoeiras domésticas e aves em parque urbano.

Somaram-se ainda oito ocorrências em aves selvagens.

Lusa

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