As espécies invasoras são um problema para as nossas. E algumas são tão normais, nas nossas vidas, que quem não é da área nem se dá conta. E nas espécies invasoras temos para todos os gostos: plantas e algas, moluscos ou crustáceos, peixes ou anfíbios, insetos ou répteis, aves ou mamíferos.
Uma planta invasora cortante e alergénica “está rapidamente a tornar-se numa ameaça descontrolada”, proliferando-se em território nacional, alertou em finais de setembro a professora da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), Hélia Marchante.
A erva-das-pampas , de nome científico Cortaderia selloana, é originária das Pampas, um bioma localizado na América do Sul, e “até há duas décadas [a planta] surgia principalmente confinada a jardins”, mas está a tornar-se numa ameaça, apresentando “um apetite voraz” pelo território, afirmou Hélia Marchante, citada em nota de imprensa da ESAC.
“Esta espécie ocupa facilmente as bermas e imediações das nossas estradas, caminhos-de-ferro e outras áreas perturbadas, encontrando aí uma oportunidade fácil para se expandir rapidamente”, além de invadir locais como sapais, dunas ou mesmo o subcoberto de áreas florestais, sublinha a docente.
Isto deve-se à sua excelente capacidade reprodutiva, que se traduz em milhões de sementes minúsculas por planta, assim como às suas baixas exigências por recursos; à sua grande flexibilidade em termos de condições ecológicas onde consegue crescer; e, por vezes, à ausência de competição por outras espécies que (não) ocupam o território, devido à degradação das comunidades vegetais, explica.
Mas entre invasoras e infestantes há uma lista, e grande, que pode ser consultada no anexo ao Decreto-Lei n.º 92/2019, de 10 de julho e que podem ser conhecidas em invasoras.pt.
Por cá temos algumas para além desta Cortaderia selloana ou erva-das-pampas , como as hakeas, acácias ou as canas comuns, as piteiras ou as hortênsias, às quais estamos tão habituados que nem ligamos.
Luís Damas, presidente da Associação de Agricultores de Abrantes, diz que há que ter preocupações com algumas espécies, que são mais nefastas do que outras. E indica que é também preciso perceber a diferença entre invasoras e infestantes. As infestantes, como as azedas, estão confinadas a espaços. Já as invasoras se não forem controladas ganham terrenos às espécies autóctones.
Mas não é só no mundo vegetal que há problemas, alguns sérios. Luís Damas aponta como exemplo os siluros, no rio Tejo, que eliminam as outras espécies ou, mais recentemente, a vespa asiática que destrói as abelhas ou as vespas existentes nos nossos territórios.
Luís Damas, presidente Associação Agricultores
A Associação de Agricultores de Abrantes pode ajudar os agricultores e proprietários de terrenos que possam estar sem saber como eliminar estas plantas. A maior parte não pode ser cortada apenas, precisa mesmo de ser arrancada para que não volte a crescer.
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